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26.3.10

Niobe 

Na estreia de Niobe Mário Vieira de Carvalho consegue torturar hoje pós-hermeneuticamente, e antes de qualquer compreensão possível, mais 250 pessoas com dinheiros públicos. Provavelmente hoje também o S. Carlos bateu todos os recordes de financiamento de um lugar na ópera com dinheiros públicos!

Niobe no S. Carlos: Deprimente, soturno, penoso. Menos de 250 pessoas na sala, número oficial. Próximo Domingo (récita sem assinatura) estão previstas menos de 60 (cada lugar ocupado deve ficar ao Estado mais de 1800 euros)! Confesso que se percebe este desfasamento do público. Eu cumpri a minha penitência da quaresma, talvez de dez quaresmas...

O "Intermezzo" foi simplesmente lamentável, Stockhausen com 23 anos já compunha obras menos datadas do que aquela porcaria...

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19.4.09

Parabéns a Mário Vieira de Carvalho Uma carta recebida por leitor identificado! 

Recebi este email que não posso deixar de colocar no blog:

Sr. Crítico dos Crítico, condeno o seu blogue por dizer mal do sr. professor doutor académico Mário de Veira de Carvalho e venho escrever-lhe pedindo que coloque no seu blogue este email.
"assinado e tal e tal"

A propósito desta Agrippina no S. Carlos endereço daqui os meus cumprimentos a Mário Vieira de Carvalho, pelo contributo do ex-secretário de Estado da cultura na actual situação do Teatro Nacional de S. Carlos pondo na rua um director pouco presente e pouco competente, pouco esforçado e mau profissional: Paolo Pinamoni, substituindo-o por esta luminária da cultura europeia que é Christoph Dammann.

Mário Vieira de Carvalho depois da obra que fez, amplamente reconhecida, ainda se dá ao luxo, incomoda-se e dá-se à canseira de botar bitaites e recados e de andar a escrever nos jornais e mandar emails. É preciso ter coragem, força de carácter, perseverança e energia pela causa pública. É obra!

Entretanto Mário Vieira de Carvalho desdobra-se e faz queixas ao provedar da rádio pública queixando-se do actual director adjunto da Antena 2 na perspectiva de que uma rádio deve ser um repositório musicológico-hermenêutico. Gostava imenso de ter o privilégio de poder escutar uma rádio dirigida pelo senhor hermenêutica em pessoa. Porque não convidá-lo a dirigir a Antena 2 durante um mês? Pela experiência do S. Carlos creio que seria outra obra para ficar no orgulho nacional.

Finalmente deploro a actual direcção da rádio pública: multiplicar as transmissões em directo? Apoiar os artistas e músicos portugueses em concertos e mais concertos? Subir as audiências no primeiro trimestre de 2009 para o maior valor de sempre da rádio clássica? Horror dos horrores isso é popularizar a rádio, banalizá-la, destruir a sua herança... O ideal era ter uma rádio académica-musicológico-hermenêutica em que todo o dia se enaltecessem as virtudes musicológicas de Mário Vieira de Carvalho e os méritos da demissão de Paolo Pinamonti e as excelsas virtudes de Christophe Dammann à frente do Teatro de S. Carlos. Proponho mesmo que João Almeida seja demitido e a Antena 2 se passe a chamar "Rádio Hermenêutica, a verdadeira rádio académico-musicológica".

A Mário Vieira de Carvalho, a esse especialista em rádio, a esse inato director de teatros de ópera, a esse polemista excelso, ficam os meus sinceros parabéns!

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29.1.08

O Milhão de euros de Das Märchen 

Nunca afirmei que o Estado não deve subsidiar a ópera e a cultura, antes pelo contrário. Aliás dá-me um gozo enorme que o dinheiro de uns quantos liberais incultos e primitivos seja usado para pagar a "ópera" do Emmanuel Nunes.

Eu teria outras prioridades, teria feito uma encomenda menor, teria limitado os recursos disponíveis à priori. O S. Carlos dirigido por Pinamonti, a Gulbenkian e a Casa da música não o fizeram à partida. Creio que Pinamonti, por conversas tidas, não alinhava na megalomania de Nunes e que restrigiria fortemente o orçamento da produção, num equilíbrio muito sensato daquilo que deve ser a gestão artística na medição do criador com o público receptor e pagante. Esta arte não é apenas uma pura concepção radical: é paga com dinheiro do contribuinte. A ópera de Nunes não é uma lata cheia de "Merda d'Artista" paga às custas do autor ou um urinol de Duchamps que custou meia dúzia de dólares na loja de ferragens da esquina. Não é constituída por uns minutos de silêncio que custaram zero ao criador. Além disso estas obras não chateiam nada e Das Märchen...

É evidente que um compositor sem provas dadas no domínio operático teria de ser objecto de um escrutínio. Brahms um compositor de génio nunca compôs ópera. Existem géneros inacessíveis aos criadores de áreas afins, na poesia há quem consiga escrever sonetos de improviso e quem nem sequer se aproxime do género.

Não estamos a falar de uma encomenda a um jovem, uma oportunidade merecida. Estamos a falar de um compositor de 67 anos consagrado que nunca escreveu ópera. Se tivesse dez óperas no currículo, se tivesse ensaiado o género por si, sem a almofada do Estado Português, será que alguma vez teria arriscado?

Creio que existe um grande erro de base no contrato inicial, deixar Nunes em rédea livre com o seu ego redundou num desastre. Pinamonti cometeu o erro crasso de se levar nas cantigas de encomendar uma ópera a Nunes. Depois foi devorado pela serpente.

Mas voltando ao assunto base: o milhão de euros (não acredito que seja tão pouco mas...), é mal gasto porque gasto sem mecanismos de gestão artística coerentes e não assegurando o interesse de quem encomenda. No fundo o Estado, acautelando apenas o ego do artista, e sem probidade malbaratou este dinheiro. Se Pinamonti tivesse ficado no lugar a coisa teria sido muito diferente, estou em crer. Entretanto a gestão autista deste secretário hermenêutico transformou o que poderia ser algo interessante num projecto mastodôntico e rotundamente falhado.

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25.6.07

Referendo ao tratado europeu 

Totalmente contra, o povo português já demonstrou que não tem sentido das responsabilidades quando foi chamado a votar coisas tão importantes como a liberalização do aborto onde nem sequer se atingiram os 50% de votantes.
É um bom povo este, um bom e atrasado povo. Gosto deste bom povo português, atrofiado, egoísta e estúpido. Referendo ao tratado europeu? O que é isso? Não mexe na minha carteira? Não mexe no meu e dos meus filhos? Estou-me nas tintas. Os políticos, esses bandalhos espertalhões, era tão bom ter um tacho como o deles, mas como não tenho digo mal deles, que decidam por mim, sou um bom português, incapaz para quase tudo a não ser para a inveja, o egoísmo e a velhacaria. Não sou igual aos outros? Não, claro que não? sou o maior, o mais esperto, sou do Benfica, ou do Porto que é a mesma coisa, os maiores clubes do mundo, mas por sinal sou também o mais estúpido e ignorante do mundo, sou um bom português: os outros que votem por mim... E este parágrafo está demasiadamente bem escrito, devia ter dado uns erros hortográficos como qualquer português que se preze. Viva Portugal.

P.S. A propósito ou a despropósito leia-se.

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7.6.07

O talento da manipulação 

Vieira de Carvalho continua com um grave problema de lógica, como posso constatar na entrevista no Jornal de Letras de hoje. Vieira de Carvalho, o hermenêuta da Ajuda, atira uns números para o ar, percebe-se que com o OPART poupa-se um milhão e trezentos mil euros. Segue a sequência da entrevista.

O jornalista pergunta: Como?
Hermeneuta: Sobretudo com a redução de quadros dirigentes.
J. Foram despedidos?
H. Não: há menos directores de serviços, menos directores gerais.
J. E foram para onde?
H. Continuam a trabalhar, grande parte deles com funções diferentes.
J. A ganhar menos... Se ganham o mesmo, não houve poupança.
H. Os termos dos vencimentos estão regulados. Não dou mais detalhes.

Genial, fica ao leitor a hermenêutica, sem necessidade de recorrer à arte das cifras exóticas.

Mais à frente o senhor Hermeneuta, que sendo catedrático de musicologia e licenciado em direito, parece que nunca aprendeu a fazer contas:

"O S. Carlos custa 38.000 euros por dia. Cada assinante por oito óperas recebe 2.500 de subsídio do Estado, o que significa seis salários mínimos nacionais. É o teatro de ópera mais caro da Europa."

Vejamos as falácias das divisões na nossa arte de prestidigitação numérica: o S. Carlos fica a menos de 4 milésimos de euro por dia a cada português e a 3 cêntimos de euro por récita por lusitano residente em Portugal e que pode ouvir essas mesmas récitas pela antena 2! O S. Carlos é mesmo barato, o total dos dinheiros públicos gastos na ópera na Alemanha por cidadão é mais de cinquenta vezes mais... E quanto custa o gabinete do Sr. Hermenêutica a cada português? Não será também ele demasiado caro para a produtividade que tem? Fica o repto para se fazerem essas contas.

Admitindo que as divisões do secretário estão certas, recordamos que em orçamento o S. Carlos é um dos teatros de ópera mais baratos do mundo, curiosamente por isso é que sai caro por récita. Para fazer mais produções é necessário dotar as instituições de um orçamento para produções além dos custos fixos. Vieira de Carvalho diz que Lisboa é a cidade com ópera mais cara da Europa. Se a culpa não fosse do governo ainda percebia o lamento, mas como esta situação é integralmente da culpa do executivo não percebo o queixume, ou é pouco inteligente ou é manipulador. Explico a fundamentação do que digo:

O S. Carlos tem 13 milhões de euros por ano, qualquer teatro de capital europeia supera largamente os trinta milhões.
O S. Carlos gasta pelo menos dez milhões em custos fixos. Sobram uns tostões para as tais oito óperas. Imagine-se que com três milhões se fazem oito óperas. Quando dá? 50 euros por ópera por espectador, bem distante do que o secretário anda a apregoar! O público paga mais do que isso por bilhete médio! Imagine-se agora que em vez de oito óperas tinha 32 produções, o quádruplo. Já houve mas no tempo do Salazar, era fascista mas, do mal o menos, gostava de música, fica aqui o lembrete a Teixeira dos Santos e a Sócrates de que o seu modelo gastava umas massas no S. Carlos e ouvia depois o resultado pela Emissora Nacional, Programa 2. O Salazar não era só fazer processos disciplinares e meter malta na cadeia quando diziam mal do Presidente do Conselho numa conversa de amigos presenciada por um qualquer bufo.
Seriam agora necessários 12 milhões para estas 32 produções. Colocamos 13 milhões para se fazerem umas coisas com uns cantores melhores que a Theodossiou. Estes 13 milhões são a parte variável do orçamento, e representam os mesmos cinquenta euros, apenas em custos de produção, por espectador/récita. Gastávamos menos do dobro do orçamento actual e passávamos a ter, em vez de oito miseráveis óperas, 32 óperas por ano, qualquer coisa como 4 estreias nos meses activos da temporada.
Façamos agora as contas à moda do hermeneuta 13 + 10 = 23 milhões. O hermeneuta divide os 13 milhões por 1000 lugares a 90 por cento de ocupação e a uma média de seis récitas, obtém assim cerca de 2500 euros para o ciclo de oito óperas por espectador. Quanto o número sobe para 23.000.000, supomos agora que há 32 produções cada com uma média de sete récitas, existem 1000 lugares e mantém-se os 90% de ocupação. Fica agora a cerca de 110 euros por récita/espectador, longe dos 312.5 do hermeneuta. O que é que isto quer dizer? Subiu-se o orçamento para 23 milhões, ainda assim abaixo do Real de Madrid, de Paris, numa ínfima fracção de Berlim com as suas três óperas, a léguas de Viena, abaixo do teatro de Colónia ou mesmo do pequeno teatro de Mannheim, e o preço desceu para 110 euros. Conclusão: Lisboa, por culpa do governo, tem a ópera mais cara do mundo. É claro que também tem um dos governos mais caros do mundo em termos do que lhes pagamos e do benefício que trazem ao país, zero.

E quanto paga o espectador? 60 euros por bilhete, o subsídio por espectador passaria assim para os 50 euros por récita/espectador! Repare o leitor que este subsídio não é para o espectador ver uma ópera: o bilhete cobre o preço da produção (custo variável), o subsídio é para manter o teatro, a orquestra, o coro, o património, o know how, o prestígio internacional de Portugal. Repare-se que a orquestra não faz apenas ópera. Dividir o orçamento actual do S. Carlos apenas pela ópera é mais uma manipulação.

Como reduzir ainda mais a factura do Estado aumentando o consumo artístico? A solução é incrivelmente simples, reduzir a o número de récitas aumentando o número de produções. Parece impossível? Não, não é impossível, basta construir um teatro moderníssimo com 3000 lugares. Cada produção passaria a ter apenas entre duas a três récitas, os custos variáveis de um teatro de ópera dependem fortemente dos números de récitas. Os cantores solistas e os maestros recebem por récita: um maestro razoável recebe 15.000 euros pela estreia e 10.000 pelas récitas seguintes, um cantor (cachet muito variável) recebe também à récita. Além disso um teatro moderno e funcional passaria ser muito mais eficiente em termos de custos de produção.
Por outro lado dava-se à OSP uma possibilidade de ter uma sede fixa digna. O actual teatro de S. Carlos passaria a fazer festivais e música antiga, uma vez que é uma sala de ópera quase em estado original e de uma beleza única.

A contas actuais, e continuando a fazer os mesmos espectáculos por ano, 50 récitas, em 25 produções, cada uma vista por 5600 pagantes, teríamos muitíssimos mais espectadores. Seria o triplo dos espectadores actuais. Seria possível com custos estatais globais (fixos mais variáveis) que estimo em cerca de 16 milhões, apenas mais três milhões do que o orçamento estatal actual, ter cerca de 25 produções. O custo nesta nova situação seria de 110 euros por espectador, também um terço do actual! E apenas com um investimento anual de mais três milhões de euros e, claro está, um grande investimento num teatro novo de ópera mas que ficaria como obra de arte para o futuro num país que não faz nada a não ser consumir-se e a não deixar registo. Acho bem mais importante um bom teatro de ópera do que o aeroporto da Ota. Antes de criar aeroportos deve-se criar qualidade de vida para os que estão cá e para os que nos visitam, senão esta coisa fica mesmo um deserto...

Em Portugal parece loucura uma obra destas, os liberais e outros imbecis vão logo gritar "aqui d'el rei que se anda a gastar dinheiro dos contribuintes", na Itália e em França não foi loucura e rendeu. Recordo a Bastilha, Aix-en-Provence com o seu novo teatro, Valência (decorre a temporada inaugural) e a renovação do Alla Scala.
Mais uma vez Lisboa fica na cauda do mundo, pelo secretário de estado da cultura que tem, um mero sintoma da indigência nacional, e por tudo o resto, com a cultura sempre no fim de, absolutamente, tudo.

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11.4.07

O que aconteceu a Pinamonti? 

Depois de uns dias fora pergunto: o que se passou com a carta da tutela que pedia a Paolo Pinamonti para permanecer no S. Carlos até ao final da temporada?
Segundo sei Pinamonti ofereceu-se para continuar, também por escrito.
O que aconteceu depois disso? Pinamonti saiu realmente a 31 de Março, dia do requiem de Verdi em Lisboa, estava eu na estreia do Ouro do Reno em Salzburg.

Os jornais nada disseram sobre o assunto, tentei pesquisar on-line e nada. Blogues muito pouco, o Portugal dos Pequeninos, geralmente com fontes bem informadas, pouco adiantou sobre o assunto.
O pouco que descobri, nas minhas indagações, é que a tutela depois de pedir a Pinamonti que permanecesse em S. Carlos não lhe ofereceu contrato!.
Ou seja, depois de correr Pinamonti como o fizeram, Sr. Hermenêutica e coadjutora Lima, estavam à espera que o italiano ficasse sem garantia de um vencimento e de um contrato. Evidentemente Pinamonti mandou-os passear.

Assunto encerrado, não há mais comentários. Estes ficam para a história deste período, as conclusões são evidentes, este é mais um episódio que serve para avaliação de quem tutelou o ínfimo orçamento da cultura sob o "engenheiro" Sócrates.

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27.3.07

O Salazarito que há em nós 

Não, não é impune um país que durante cinquenta anos viu os seus filhos devorados pelo tempo.
Não, não é impune o medo de viver, o medo de existir. Não é impune a cólera surda da ignorância e da humilhação nos anões do Portugal de hoje.
Os Portugueses são senhores de um poder que não existe, num país de faz de conta, fugaz alucinação de esperança logo submersa pela inveja lamacenta e viscosa. Portugal é o paraíso da inveja: senhores de uma inveja notável os portugueses afundam-se uns aos outros e a quem cai na alçada dos detentores do poder imaginário, um poder que, se usado para servir os outros, ainda poderia ter alguma utilidade mas que apenas é usado para destruir e destruir e destruir.
A grande obra de arte deste Portugal de hoje é a mesquinha incapacidade de fazer e a inveja de quem pouco faz. Portugal que, mesmo assim, vai conseguindo subsistir milagrosamente como país de pedintes choramingas em negociações internacionais. Medíocres incapazes ou corruptos cúpidos, os portugueses são o espelho da miséria mesquinha de quem os governou durante séculos, são o barro moldado pelo rotativismo, pela primeira república, pelo salazarismo e pela incompetência e corrupção democráticas. Dá cá o meu, o primeiro lema, não sei e tenho raiva a quem sabe, o segundo lema de todo o "bom português". Todo lusito age e reage, sobretudo reage, por estes bons e consagrados lemas. Quem ousa pensar, sair do esquema, está perdido, condenado.
A hierarquia vinda dos tempos do Salazar, onde vigora o princípio da não discussão das ordens dos sargentos de segunda que nos têm governado, e que vão pisando, de acordo com as suas frustações, quem pensa pela sua cabeça, é a instituição mais sagrada. Não importa se uma discussão é válida, se as ideias dos outros são boas, se os governantes têm decidido a favor do Estado e dos cidadãos ou contra. Cidadãos esses que, bem seja dito, também se estão nas tintas para a maior parte das decisões.
O que se passa em Portugal é simples, os salazaritos de terceira decidem: "fomos eleitos para isso" e "ninguém deve discutir".
Quem sabe mais dos assuntos e quer analisar, discutir, informar o público das "ordens superiores" deve antes de tudo calar o bico, senão está a pôr em causa a "hierarquia" e a "desautorizar os chefes". Não se pode mexer na ordem podre desta gente medíocre que não tem coragem de dizer o que quer, e como quer, a quem lhes paga os ordenados do dinheiro dos impostos, porque não tem coragem para explicar o nada, nem tem autoridade moral e intelectual para discutir, com argumentos válidos, o que quer que seja.
Na cultura a única autoridade, com 0.1% do PIB nas mãos, é para destruir, não existe capacidade objectiva (e subjectiva, como se tem visto) de fazer.
Paolo Pinamonti foi corrido de forma grosseira do teatro Nacional de S. Carlos, estando o italiano disponível para continuar após seis anos a provar ter altas capacidades para o cargo, apenas porque discutiu as "ordens" dos tais senhores da hierarquia. Quem o descartou lesou gravemente o Estado e os cidadãos em termos da qualidade e referência internacional mas também em termos financeiros objectivos: Pinamonti estava na sua produtividade máxima e em tempo integral em Lisboa, Dammann vem em part-time a ganhar o mesmo.
Finalmente, quem decide assim lesa-se a si próprio e não é capaz de o enxergar. Será que os especialistas na utilização da palavra "hermenêutica" serão os piores a interpretar a expressão "balde do lixo da história"?

Compreendo perfeitamente porque Salazar ganhou o concurso do Maior Português. Salazar é o grande modelo dos portugueses: uns admitem, outros imitam. Creio que são preferíveis os assumidos aos recalcados. Apesar de merecida a sua vitória (ele é o modelo de todo um país), também não deixo de incluir António de Oliveira Salazar no "Grande Balde do Lixo da História Portuguesa", tem o prémio de ter conseguido deixar o país destruído e atrasado mais de cem anos e foi, obviamente uma grande figura a fazê-lo. As figuras ainda menos meritórias de Mário Vieira de Carvalho, julgando que tudo sabe, ou Isabel Pires de Lima, que anda a leste de tudo o que não acontece num raio de três quilómetros do Bolhão, não passam de figurinhas transitórias e ficam no "pequeníssimo balde do lixo da história portuguesa". Serão notas de notas de rodapé, ficarão apenas conhecidos pelas asneiras. Serão figuras incontroversas (ao contrário de Salazar) da calinada. Quem era aquele secretário de Estado que demitiu Pinamonti, o melhor director do S. Carlos no início do século XXI?

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15.3.07

Cultura - como gerir um teatro de ópera 

Modelo de trabalho e virtudes de um secretário de Estado:

Anunciar a fusão entre companhia de Bailado e Ópera sem dizer nada sobre o assunto.

Fazê-lo sem estudos prévios e sem consultar os interessados.

Anunciar que já está feito sem nada se ter feito.

Dar entrevistas em que não se diz nada a não ser treta política de segunda misturada com paleio pseudo intelectual.

Repetir termos como "hermenêutica pré-compreensão" sempre que necessário, como se o público tivesse como modelo alunos imberbes da Universidade Nova que ficariam aparvalhados com tanta sapiência e calados perante o Divino Mestre sem conseguir objectar.

Tornar-se chacota nos intervalos dos concertos e da ópera precisamente por causa da hermenêutica.

Não falar nunca com o director do Teatro de Ópera, nem a propósito de tudo, nem a propósito de nada.

Arranjar um orçamento que só dá para meia dúzia de récitas à espera que o director se demita, fazer cortes orçamentais a meio da temporada e, pelo contrário, ver Pinamonti a multiplicar os pães e conseguir fazer 43 récitas entre mais de 120 eventos performativos como concertos e recitais, sem contar com conferências e outras sessões.

Anunciar que há despesismo e que a ópera fica muito cara por espectador.

Dar a maior fatia do orçamento para custos fixos, restando uma fatia ínfima para produções, e depois vir acusar o director actual de fazer produções caras, porque divide a massa global por récita de ópera.

Exigir um salto qualitativo, querendo fazê-lo com cantores portugueses que nunca pisaram um palco de ópera!

Comparar entretanto o S. Carlos com os magníficos modelos de Paris, Viena ou Nova Iorque! Que aliás são popularíssimos porque os cantores que lá cantam são portugueses que nunca pisaram um palco de ópera e porque os bilhetes devem custar muito menos do que em Lisboa!

Queixar-se que o Teatro de S. Carlos tem sempre os bilhetes esgotados!

Agradecer no seu livrinho à secção internacional do PCP, e agora virar capitalista liberal primário, considerando que a ópera portuguesa sai cara ao Estado. Realmente é melhor o S. Carlos não esgotar e passar os bilhetes para os 250 euros, pelo menos...

Querer servir ópera ao turista ocasional que vem a Lisboa, como se isso fizesse sentido. O turista da ópera que se desloca de propósito a Lisboa para ver um cantor português que nunca pisou o palco ou o turista americano a mascar pastilha elástica e de bermudas e camisa havaiana, de máquina fotográfica em punho no meio de uma representação do Wozzeck em português! Genial raciocínio do camarada liberal capitalista estalinista hermeneuta.

Contratar à socapa do público e do director actual um Intendente da Ópera de Colónia, quase à beira de ser crucificado no seu país, que não se contrata em dois dias, para vir fazer um part time em Lisboa.

Não preparar a transição e não apresentar os directores com antecedência.

Fazer uma conferência de imprensa de apresentação do novo director quando o anterior ainda está em funções, tipo jogador de futebol. Será que lhe vai vestir uma camisola da selecção hoje à tarde?

Não pedir ao actual director que continue à frente da casa enquanto a temporada ainda não acabou, mesmo que a título transitório, quando o novo director nem sequer sabe onde fica o S. Carlos.

Pagar ao novo director dez mil euros por mês por um part-time. Bem pago hem? E a ópera está cara, demasiado cara para o Estado.

Dizer nas conferências de imprensa que convidou o Pinamonti para ficar e que este não aceitou!

Preparar-se para ser o próprio a mandar naquilo enquanto o outro estiver a perfurmar-se com água de colónia.

É um artista português formado na escola estalinista da RDA e chama-se Mário Vieira de Carvalho, conhecido em toda a lisboa melómana por hermeneuta ou como Sr. Hermenêutica.

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14.3.07

Carlos Araújo Alves diz tudo 

No blogue de Carlos Araújo Alves costumo encontrar reflexões interessantes e fundamentadas, no caso deste post está mesmo tudo lá. Muito bem escrito, é mesmo assim. Carlos Araújo Alves é uma figura de referência na reflexão sobre a arte, cultura e música em Portugal.

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Não queremos os bilhetes esgotados! 

A frase mais inteligente no processo da demissão de Pinamonti e logo vinda de um hermeneuta! Vieira de Carvalho, Sr Hermenêutica, afirmou na conferência de imprensa: "Queremos que o São Carlos seja um forte ponto de atracção turística. Que tenha oferta. Que a ópera não esteja fechada ou os bilhetes esgotados", disse o governante segundo o DN, genial digo eu, esta merece um lugar na antologia da asneira e da estupidez do século XXI em Portugal.

Outra frase a reter: "Temos a ópera mais cara per capita da Europa", como se o "governante" se propusesse a mudar o estado das coisas! Mas é claro que a ópera em Portugal sai cara, por culpa dos incompetentes, hermeneutas incluídos, que passam e passaram pela cultura e pelas finanças. Será que Vieira de Carvalho é tão estúpido ou tão cínico, que não perceba que isso acontece precisamente por causa de o parco orçamento ir para os custos fixos do Teatro Nacional de S. Carlos? Resta muito pouco dinheiro para as produções, isto implica ter uma estrutura imensa com custos fixos elevados, onde o hermeneuta inclui ainda a orquestra sinfónica portuguesa, que não deveria fazer apenas ópera, e funcionários altamente bem pagos como João Paulo Santos, que nada produzem, restando um pequeníssimo orçamento para a produção operática, um número ridículo de seis títulos por ano quando João de Freitas Branco fazia mais de trinta por ano antes ainda da revolução de 1974! A propósito: João de Freitas Branco é outro dos candidatos a melhor director do S. Carlos dos últimos cem anos.

Evidentemente fica caro, a Alemanha gasta dez vezes mais do que nós face ao seu muitíssimo maior PIB per capita e a ópera fica mais barata, muito mais barata. Os políticos portugueses devem ser uns génios, conseguem ter a ópera mais cara do mundo gastando trinta vezes menos por cada português!
Explique agora o Sr. Hermenêutica como isto vai mudar com o director artístico Dammann em part time, a ganhar o mesmo que Paolo Pinamonti a tempo inteiro, o que é escandaloso, e sem aumentar o orçamento da cultura. Não sei se a hermenêutica de Mário Vieira de Carvalho chega para isso, ou se sofre de problemas pré-compreensão, mas o orçamento da cultura não depende da Ajuda e dos aparachniks ex-comunistas com peso político zero, depende dos primários Teixeira dos Santos e José Sócrates.

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13.3.07

O Camarada Hermenêutica 

Segundo Vieira, o Hermeneuta, o Teatro de S. Carlos deve servir para os cantores portugueses rodarem e para os turistas terem ópera à disposição em Lisboa. Julgava que a ópera era para o consumo do povo local, agora além da bica, dos banhos de sol e dos serviços do Zézé Camarinha, vamos também ter ópera para os "camones".
Entretanto deve manter-se o projecto da Tetralogia. Paradoxalmente a ópera do Nunes, a tal que "o génio" Emanuel (não confundir com o cantor pimba Emmannuel) não consegue acabar apesar de ter sido já acabada mas à qual faltam as partes vocais, num dos maiores e sublimes paradoxos pós-modernos, uma desconstrução que nem Derrida nem o falecido Baudrillard conseguiriam explicar senão pela ôntica pré-compreensão, afinal Deleuse puro, mas num universo aparente! Algo que poderia até justificar a hermenêutica pré-compreensão, se este último conceito não fosse claramente ôntico e não ontológico e claramente antagónico ao primeiro, o que nos deixa num beco sem saída hermenêutico; a não ser que um Boaventura Sousa Santos ou um qualquer catedrático Sr. Hermenêutica nos ajudem a perceber a nossa ignorância hermenêutico-ontológica-ante-compreensiva-ôntica-dualmente-ontológica.
Um Nunnnes que reinventa a ópera, apenas música instrumental e para-instrumental, orquestra e parafernália com dezenas de cantores em cena, cantores esses que não cantam(!). Reinvenção da ópera que poderá até ser representada e cantada por sopranos surdos, altos brigantinos, tenores ciciosos, mezzos sopinhas de massa e baixos mudos.

Voltando ao tema: o novel director artístico é um tal Dammann (assim mesmo com dois mm e dois nn), um senhor académico que dirige a ópera de Colónia, e que tem um currículo curto, apesar do que se afirma por aí em comunicados oficiais: "fabuloso" é o adjectivo e o meu adjectivo para tal adjectivo é "parolo". Parece que o tal senhor vem de Lübeck (da parte da DDR ou RDA), nasceu em 1964, tendo estudado na bem socialista Rostock. Parece que foi barítono e trabalhou em marketing artístico. Mais um doutorado na velha Alemanha de Leste, onde é que eu já vi isto antes?... Um camarada hermenêutico em perspectiva. É casado e tem duas filhas. Espera-se que seja simpático e que goste de Wagner, talvez sobreviva aos políticos que o colocaram no S. Carlos.
Deve ser fácil sobreviver porque parece que vai continuar em Colónia como director da ópera da cidade. Segundo julgo saber o cargo de Lisboa será em part-time! Ai as nossas poucas dezenas de milhares de euros. E se o Sr. Hermenêutica cumulasse os lugares como sugeriu o proverbial Marcelo? Não se poupavam uns cobres? Part-time por part-time... Será que a Guta Moura Guedes não poderia também fazer um bom lugar? Parece que a perninha que o camarada Dammann virá fazer a Lisboa será excelente para manter o Teatro de S. Carlos no mapa internacional. Estamos a ver o director de Colónia a abandonar o seu belo teatrinho sempre que lhe apetecerem uns banhos de Sol ao Estoril e, já agora, passar pelo S. Carlos... E enquanto o senhor sorridente das fotos não andar a estorvar, sempre fica cá em Lisboa o grupo dos aparatchniks da Ajuda.


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Aldrabões 

Segundo Pinamonti a ministra da cultura Isabel Pires de Lima e Mário Vieira de Carvalho, conhecido actualmente por Sr. Hermenêutica, mentiram ao afirmar que lhe fizeram um convite que este não aceitou. Acredito firmemente em Paolo Pinamonti. Parecia-me inverosímil a versão de Vieira de Carvalho.
Até na arte da mentira estes senhores são primitivos. Segue artigo no "O Público" que segue o take da Lusa.


Pinamonti diz que Governo não o convidou para continuar à frente do São Carlos
13.03.2007 - 18h37 Lusa


O actual director do São Carlos disse hoje que nunca foi formalmente convidado para continuar à frente do teatro lírico, refutando assim a justificação do Governo para a sua saída.

"Quero desmentir as declarações do secretário de Estado porque não correspondem à verdade", disse Paolo Pinamonti.

"Nunca tive um convite formal para continuar", acrescentou.

Para o director do São Carlos, "houve um aproveitamento incorrecto de uma frase" de uma carta que enviou à ministra em Setembro para justificar agora o seu afastamento.

"Essa carta foi enviada num contexto de se estarem a preparar cortes orçamentais da ordem dos 800 mil euros que eu não podia aceitar", indicou ainda o musicólogo italiano, que assumiu a direcção do Teatro Nacional de São Carlos a 1 de Abril de 2001.

Segundo Pinamonti, a ministra nunca respondeu a essa carta e antes apenas manifestara "apreço" pelo seu trabalho.

"Disseram-me genericamente que queriam que continuasse a trabalhar", indicou.

Paolo Pinamonti manifestou-se "muito amargurado com este tratamento" e disse que só meia hora antes da conferência de imprensa do secretário de Estado da Cultura, Mário Vieira de Carvalho, tomou conhecimento, por carta, da decisão do Governo em relação ao futuro do São Carlos.

"Comunicam-me que não estão reunidas as condições para me propor um novo contrato de trabalho no âmbito da OPART", adiantou, explicando que a ministra Isabel Pires de Lima lhe dissera há dias que falaria consigo esta semana.

"O meu contrato acaba a 31 de Março e não me foi feita nenhuma proposta para continuar até final da temporada (Julho)", referiu Pinamonti, que admitiu no entanto ficar em Lisboa até essa altura por motivos pessoais.

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Não acredito 

Não acredito na versão do Sr. Hermenêutica sobre Paolo Pinamonti, director do Teatro Nacional de S. Carlos. Não acredito num convite, acredito numa proposta de despromoção inaceitável e maquiavélica, numa falsa proposta cheia de cinismo e de manobras políticas mesquinhas.
É falso que se fale de um convite quando se oferecem condições inferiores às actuais, como julgo que se quiseram impor a Pinamonti para o forçar ao despedimento. Uma situação que lembra a de Serra Formigal, um medíocre que contribuiu para um declínio do S. Carlos, versus João Paes, início dos anos oitenta.
De qualquer forma: o comportamento inenarrável e rasteiro do Sr. Vieira Hermenêutica no despedimento anunciado, episódio Emanuel Nunes incluído, leva-me a não acreditar numa palavra da versão anunciada pelos políticos.


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22.2.07

E o Carmelo pegou-me... 

Luís Carmelo publica o seu 10º romance - E Deus Pegou-me Pela Cintura. O 10, como se sabe, representa a ordem e a lei.

Depois da falsa polémica da jornalista raptada fica aqui o capítulo 17 do romance, em pré publicação.
Muitos outros blogues se associam à ideia.
Acho que qualquer dia até serei convidado para uma entrevista do Carmelo sobre a blogosfera, seria interessante poder surrealizar um pouco sobre o assunto. Deve ser por isso, a minha constante surrealização do real numa hermenêutica alucinada (estou a aprender com o Sr. Hermenêutica, e esta hem?), que o Luís me pede para pré-publicar o romance e para alinhar na tanga do rapto e, apesar dos meus 4 anos aqui a pregar neste deserto, nunca se lembrou de mim para uma entrevista. Acho que ele sabe que sou difícil nessas coisas. Afinal nem tanto, pelos vistos. Coube-me um número primo, o 17... representa a ordem do universo, a ordem no caos, o mundo em toda a sua diversidade, material e imaterial, e a lei, o tempo e o espaço ordenados, o Céu Divino e a terra temporal mais a lei; nada mau, fica aqui a capa.


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19.2.07

A renúncia 

Os labirintos da negação do real e da renúncia, o drama do Sr. Hermenêutica, Veira de Carvalho, que tenta aniquilar pelo silêncio alicerçado na Hermenêutica Pré-Compreensão Paolo Pinamonti. Baseado numa teoria inventada na santíssima Ajuda ajudada por uma misteriosa nulidade palpitante e efervescente de miríficos sonhos tautológicos e (im)potências narcísicas, nulidade intelectual perspectivada num delírio omnipotente de domínios hermenêuticos da sapiência ontológica do universo, Vieira Hermeneuta tenta aniquilar quem não aprecia para dominar o que julga ser a sua Missão Messiânica. Vieira olímpico, de Hermenêutica em punho e na boca, calando os ímpios, trata Pinamonti como não se tratam as sopeiras. Sem prazo para o despedimento, trata quem lhe é infinitamente superior como se este fosse um criado de chapéu na mão.
O espectro de Wagner assombrará o Sr. hermenêutica, esse e mais o de todos os que amam a cultura e a música em Portugal. O Carvalho que será lembrado, nestes dias dos mais negros que a cultura viveu em Portugal, por ter fundido o ouro do Reno e o ter transformado em pechisbeque.

Seguem dois sonetos, cuja hermenêutica decifradora, agora na sua vertente pós-compreensão, deixo ao leitor que, sempre benévolo, não há-de entender malícia na citação do grande Bocage. Apenas um sorriso para aliviar da putrefacção destes miasmas políticos que nem um soneto do Bocage hoje mereceriam. Ficam para alívio e descarga dos humores.

Turba esfaimada, multidão canina,
Corja, que tem por deus ou Momo, ou Baco,
Reina, e decreta nos covis de Caco
Ignorância daqui, dali rapina:

Colhe de alto sistema e lei divina
Imaginário jus, com que encha o saco;
Textos gagueja em vão Doutor macaco
Por ouro, que promete alma sovina:

Círculo umbroso de venais pedantes,
Com torpe astúcia de maligna zorra
Usurpa nome excelso, e graus flamantes:

Ora mijei na súcia, inda que eu morra
Corno, arrocho, bambu nos elefantes,
Cujo vulto é de anões, a tromba é porra!

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Nojenta prole da rainha Ginga,
Sabujo ladrador, cara de nico,
Loquaz saguim, burlesco Teodorico,
Osga torrada, estúpido rezinga;

E não te acuso de poeta pinga;
Tens lido o mestre Inácio, e o bom Supico;
De ocas idéias tens o casco rico,
Mas teus versos tresandam a catinga:

Se a tua musa nos outeiros campa,
Se ao Miranda fizeste ode demente,
E o mais, que ao mundo estólido se incampa:

É porque sendo, oh! Caldas, tão somente
Um cafre, um gozo, um néscio, um parvo, um trampa,
Queres meter nariz em cu de gente.


Manuel Maria Barbosa du Bocage



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30.1.07

Prestígio internacional de Pinamonti 

Recebi a informação seguinte, Paolo Pinamonti soma e segue. É evidente que ser director artístico de um Festival não tem nada a ver, nem impede a continuação de Pinamonti no S. Carlos. Espera-se que o Sr. Hermenêutica tome em conta o prestígio internacional do director do nosso Teatro Nacional de Ópera.

PAOLO PINAMONTI, NOVO DIRECTOR ARTÍSTICO DO FESTIVAL MOZART DE LA CORUNHA

La Corunha, 30 de Janeiro de 2007

O presidente da Câmara de La Corunha, Javier Losada, anunciou hoje a nomeação de Paolo Pinamonti, actual director do Teatro Nacional de São Carlos de Lisboa, e ex-director artístico do Teatro La Fenice, de Veneza, para o cargo de novo director artístico do Festival Mozart de La Corunha, certame que se celebra na capital galega desde 1998 com o patrocínio da Caixa Galicia.


Em conferência de imprensa celebrada no Palácio Municipal, o Presidente da Câmara, acompanhado por Félix Palomero, Gerente do Consorcio para a Promoção da Música – a entidade que gere a Orquestra Sinfónica da Galiza e os seus projectos, entre eles o Festival Mozart -, e o próprio Pinamonti, anunciou a contratação deste último para encarregar-se da direcção artística dos Festivais de 2008, 2009 e 2010. Pinamonti será responsável pela programação, selecção de artistas, títulos, produções e por todas as questões relacionadas com a actividade musical e lírica intrínseca ao Festival.

O Festival Mozart, que se celebra na Corunha desde 1998, com o patrocínio da Caixa Galicia, é uma das principais actividades da Orquestra Sinfónica da Galiza (OSG), agrupamento que cumpre em Maio de 2007 o seu 15.º aniversário. O Festival tem lugar anualmente entre os meses de Maio e Junho, e dedica boa parte da sua programação à representação de óperas de Mozart, para além de outros autores. A Orquestra Sinfónica da Galiza, orquestra residente do Festival, actua nas óperas e realiza ainda concertos sinfónicos. Entre os conjuntos convidados destaca-se a presença da Real Filarmonia da Galiza, orquestra residente no Auditório da Galiza, em Santiago de Compostela.

Com a nomeação de Paolo Pinamonti, o Festival Mozart deseja iniciar a partir de 2008 uma nova etapa na linha de prestígio internacional que sempre caracterizou este acontecimento desde a sua criação em La Corunha.


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27.1.07

A propósito do Sr. Hermenêutica. 

Outra vez a má moeda

Quando é que a tutela - esta tutela - aprende a deixar os organismos que tutela em paz? A que se deve este esforço controleiro? Não tem mais que fazer? O São Carlos está no topo do prestígio, cá e lá fora. Este Wozzeck foi o que eu digo aqui ao lado. Vem aí a continuação do Ring, de Wagner, encenado por Graham Vick. Paolo Pinamonti é um tesouro nacional que conseguiu alcandorar o teatro a uma posição de prestígio internacional. Faz milagres de multiplicação de música com o orçamento que tem. Pacificou as hostes e restituiu-lhes o orgulho nas grandes causas líricas. É um homem inspirado e cordato, e com uma excelente equipa. Serve de exemplo a outras instituições que se arrastam pelas ruas da medíocre amrgura. Será por isso? É sempre fácil arranjar um Judas, com ou sem 30 dinheiros. Ou espalhar calúnias, à Don Basílio. Se quer ser útil à causa da música em Portugal, o que o secretário de Estado devia fazer era perguntar à actual direcção do teatro em que os pode ajudar. O país não aguenta tanta mexeriquice e incompetência da tutela. Parece que a política é puro terrorismo de Estado: destabilizar e botar a baixo quem é bom e se distingue. Dizem que a má moeda expulsa a boa moeda. Se Paolo Pinamonti sair, bem pode a tutela limpar as mãos à parede. A parede e o país ficam todos borrados. Carago! A ministra que é do Porto talvez perceba.

Jorge Calado no Expresso de Hoje [coloridos meus, H.S.]

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26.1.07

Hermenêutica 

Depois de usar ironia venho fazer um post sério sobre a entrevista de Sua excelência o secretário de Estado da cultura que usa as palavras "hermenêutica pré-compreensão" a propósito da suposta incompreensão de Paolo Pinamonti pela fusão com a CNB sob a capa difusa da Opart.
Como pode um catedrático e ainda por cima secretário de Estado da cultura usar esta expressão que quer dizer: "interpretação de textos antes da compreensão" ou se quisermos ser bondosos "interpretação pré-compreensão", será que o senhor secretário de Estado e catedrático sabe do que está a falar? Ou está a atirar palavras caras para cima dos jornalistas e do público que lhe paga o lugar quentinho na Ajuda? Terá lido a palavra "hermenêutica" recentemente nalgum calhamaço e terá gostado do termo que agora o usa a torto e direito, a propósito quando tem sorte e a despropósito quando calha...
O que é certo é que além de um cinzentismo inacreditável, que resulta, por um lado, da debilidade política dentro do governo, sem a menor expressão junto do PS, como ex-comunista desgarrado, por outro lado resultante da própria atitude pessoal perante a coisa pública que devia tutelar, o secretário revela-se em toda a sua nudez pela exposição de um gigantesco vazio de ideias, projectos e reflexões. O uso de expressões como "hermenêutica pré-compreensão" revela uma fraqueza e falta de coragem política que se esconde atrás de artificialismo e de uma cortina de palavras ocas, disparatadas, sem nexo, como escudo ininteligível relativamente ao real.

Infelizmente para o próprio, fica o registo, apesar de boas intenções e de ideias que lhe vislumbrava à priori, o vácuo infeliz de uma cortina de palavras sem nexo.

Fica aqui a minha previsão: os dias de Pinamonti no S. Carlos estão contados. Se nenhum factor exterior ao palácio da Ajuda surgir entretanto, será um aparatchnik que virá a ser o novo director artístico. Tudo isto se depreende do discurso do Sr. Hermenêutica e esta é a minha hermenêutica do que tem vindo a ser dito, escrito e feito, pelos senhores que se julgam poder na área da cultura.

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Hermenêutica da pré-compreensão 

Vieira de Carvalho dá uma entrevista ao Diário de Notícias.
As palavras chaves descoficadoras são: "hermenêutica da pré-compreensão", notável o poder clarificador de sua Excelência o Secretário de Estado.

Espero mesmo que seja o próprio a traduzir os libretos das óperas de "estrangeiro" para português. Com esta hermenêutica linguística teríamos o povo a aderir à ópera em massa, em massa, em massa, senhores ouvintes. Tudo, claro está, numa hermenêutica pré-compreensão que nunca passaria daí.

Um texto de grande clareza, em que diz imensa coisa que ainda não se sabia, como essa da hermenêutica e de se afirmar que a cultura pode ser "um factor de desenvolvimento regional". O resto está um bocado batido mas é sempre interessante ver a hermenêutica pré-decisão post-ontológica do político molestado, quase ofendido, pelas opiniões alheias à sua cogniscência e ao seu delírio de omnipotência, gerindo 0.4% do orçamento de Estado e pouco mais de 0.1% do PIB...

Isso passa-lhes, ou numa remodelação ou numas eleições futuras.

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23.1.07

Depoimento de Paolo Pinamonti 

Foi divulgado o seguinte depoimento de Paolo Pinamonti que, tendo sido tornado público, transcrevo aqui na íntegra. É um depoimento sobre as afirmações recentes de Em(m)anuel Nunes sobre a tal ópera que não acabou.

Depoimento

Eu, Paolo Pinamonti, na qualidade de Director do Teatro Nacional de São Carlos, encomendei a Emmanuel Nunes uma ópera em Fevereiro de 2002. A encomenda foi aceite pelo compositor.

Posteriormente, contactei a Fundação Calouste Gulbenkian e a Casa da Música para parceiros da encomenda e para co-produtores. É com satisfação que registo que este projecto, por minha iniciativa e do São Carlos, se realiza com o apoio de duas importantes instituições musicais portuguesas e do IRCAM de Paris.

Na qualidade de Director do Teatro Nacional de São Carlos tenho a responsabilidade de programar a actividade do Teatro e de avaliar as condições técnicas e artísticas de realização de cada projecto. Sempre foi assim e assim será de futuro, de resto, no âmbito do exercício normal das minhas competências. Entre Janeiro de 2003 e Setembro de 2004, a estreia da ópera foi adiada três vezes sucessivas a pedido do próprio compositor. Depois de ter sido concordada a nova data de 22 de Novembro de 2006, enviei ao compositor uma proposta de contrato, a 1 de Fevereiro de 2006, na qual, naturalmente, se encontravam definidas as datas para entrega dos materiais musicais. O compositor não assinou o contrato – até à data este permanece por assinar – e, mais uma vez, foi adiada a data de estreia. Depois de tantos adiamentos, foi meu entendimento que a estreia da ópera de Emmanuel Nunes teria de reunir todas as condições para se estrear no nosso Teatro, no final de Janeiro de 2008.

Lamento profundamente as afirmações proferidas pelo compositor Emmanuel Nunes ao jornal Público, nas quais transparece ter informações privilegiadas quanto a futuras mudanças na política do São Carlos.

Paolo Pinamonti


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