29.1.08
O Milhão de euros de Das Märchen
Nunca afirmei que o Estado não deve subsidiar a ópera e a cultura, antes pelo contrário. Aliás dá-me um gozo enorme que o dinheiro de uns quantos liberais incultos e primitivos seja usado para pagar a "ópera" do Emmanuel Nunes.
Eu teria outras prioridades, teria feito uma encomenda menor, teria limitado os recursos disponíveis à priori. O S. Carlos dirigido por Pinamonti, a Gulbenkian e a Casa da música não o fizeram à partida. Creio que Pinamonti, por conversas tidas, não alinhava na megalomania de Nunes e que restrigiria fortemente o orçamento da produção, num equilíbrio muito sensato daquilo que deve ser a gestão artística na medição do criador com o público receptor e pagante. Esta arte não é apenas uma pura concepção radical: é paga com dinheiro do contribuinte. A ópera de Nunes não é uma lata cheia de "Merda d'Artista" paga às custas do autor ou um urinol de Duchamps que custou meia dúzia de dólares na loja de ferragens da esquina. Não é constituída por uns minutos de silêncio que custaram zero ao criador. Além disso estas obras não chateiam nada e Das Märchen...
É evidente que um compositor sem provas dadas no domínio operático teria de ser objecto de um escrutínio. Brahms um compositor de génio nunca compôs ópera. Existem géneros inacessíveis aos criadores de áreas afins, na poesia há quem consiga escrever sonetos de improviso e quem nem sequer se aproxime do género.
Não estamos a falar de uma encomenda a um jovem, uma oportunidade merecida. Estamos a falar de um compositor de 67 anos consagrado que nunca escreveu ópera. Se tivesse dez óperas no currículo, se tivesse ensaiado o género por si, sem a almofada do Estado Português, será que alguma vez teria arriscado?
Creio que existe um grande erro de base no contrato inicial, deixar Nunes em rédea livre com o seu ego redundou num desastre. Pinamonti cometeu o erro crasso de se levar nas cantigas de encomendar uma ópera a Nunes. Depois foi devorado pela serpente.
Mas voltando ao assunto base: o milhão de euros (não acredito que seja tão pouco mas...), é mal gasto porque gasto sem mecanismos de gestão artística coerentes e não assegurando o interesse de quem encomenda. No fundo o Estado, acautelando apenas o ego do artista, e sem probidade malbaratou este dinheiro. Se Pinamonti tivesse ficado no lugar a coisa teria sido muito diferente, estou em crer. Entretanto a gestão autista deste secretário hermenêutico transformou o que poderia ser algo interessante num projecto mastodôntico e rotundamente falhado.
Eu teria outras prioridades, teria feito uma encomenda menor, teria limitado os recursos disponíveis à priori. O S. Carlos dirigido por Pinamonti, a Gulbenkian e a Casa da música não o fizeram à partida. Creio que Pinamonti, por conversas tidas, não alinhava na megalomania de Nunes e que restrigiria fortemente o orçamento da produção, num equilíbrio muito sensato daquilo que deve ser a gestão artística na medição do criador com o público receptor e pagante. Esta arte não é apenas uma pura concepção radical: é paga com dinheiro do contribuinte. A ópera de Nunes não é uma lata cheia de "Merda d'Artista" paga às custas do autor ou um urinol de Duchamps que custou meia dúzia de dólares na loja de ferragens da esquina. Não é constituída por uns minutos de silêncio que custaram zero ao criador. Além disso estas obras não chateiam nada e Das Märchen...
É evidente que um compositor sem provas dadas no domínio operático teria de ser objecto de um escrutínio. Brahms um compositor de génio nunca compôs ópera. Existem géneros inacessíveis aos criadores de áreas afins, na poesia há quem consiga escrever sonetos de improviso e quem nem sequer se aproxime do género.
Não estamos a falar de uma encomenda a um jovem, uma oportunidade merecida. Estamos a falar de um compositor de 67 anos consagrado que nunca escreveu ópera. Se tivesse dez óperas no currículo, se tivesse ensaiado o género por si, sem a almofada do Estado Português, será que alguma vez teria arriscado?
Creio que existe um grande erro de base no contrato inicial, deixar Nunes em rédea livre com o seu ego redundou num desastre. Pinamonti cometeu o erro crasso de se levar nas cantigas de encomendar uma ópera a Nunes. Depois foi devorado pela serpente.
Mas voltando ao assunto base: o milhão de euros (não acredito que seja tão pouco mas...), é mal gasto porque gasto sem mecanismos de gestão artística coerentes e não assegurando o interesse de quem encomenda. No fundo o Estado, acautelando apenas o ego do artista, e sem probidade malbaratou este dinheiro. Se Pinamonti tivesse ficado no lugar a coisa teria sido muito diferente, estou em crer. Entretanto a gestão autista deste secretário hermenêutico transformou o que poderia ser algo interessante num projecto mastodôntico e rotundamente falhado.
Etiquetas: Das Märchen, Emmanuel Nunes, Pinamonti, Sr. Hermenêutica, Vieira de Carvalho
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