<$BlogRSDUrl$>

19.2.07

A renúncia 

Os labirintos da negação do real e da renúncia, o drama do Sr. Hermenêutica, Veira de Carvalho, que tenta aniquilar pelo silêncio alicerçado na Hermenêutica Pré-Compreensão Paolo Pinamonti. Baseado numa teoria inventada na santíssima Ajuda ajudada por uma misteriosa nulidade palpitante e efervescente de miríficos sonhos tautológicos e (im)potências narcísicas, nulidade intelectual perspectivada num delírio omnipotente de domínios hermenêuticos da sapiência ontológica do universo, Vieira Hermeneuta tenta aniquilar quem não aprecia para dominar o que julga ser a sua Missão Messiânica. Vieira olímpico, de Hermenêutica em punho e na boca, calando os ímpios, trata Pinamonti como não se tratam as sopeiras. Sem prazo para o despedimento, trata quem lhe é infinitamente superior como se este fosse um criado de chapéu na mão.
O espectro de Wagner assombrará o Sr. hermenêutica, esse e mais o de todos os que amam a cultura e a música em Portugal. O Carvalho que será lembrado, nestes dias dos mais negros que a cultura viveu em Portugal, por ter fundido o ouro do Reno e o ter transformado em pechisbeque.

Seguem dois sonetos, cuja hermenêutica decifradora, agora na sua vertente pós-compreensão, deixo ao leitor que, sempre benévolo, não há-de entender malícia na citação do grande Bocage. Apenas um sorriso para aliviar da putrefacção destes miasmas políticos que nem um soneto do Bocage hoje mereceriam. Ficam para alívio e descarga dos humores.

Turba esfaimada, multidão canina,
Corja, que tem por deus ou Momo, ou Baco,
Reina, e decreta nos covis de Caco
Ignorância daqui, dali rapina:

Colhe de alto sistema e lei divina
Imaginário jus, com que encha o saco;
Textos gagueja em vão Doutor macaco
Por ouro, que promete alma sovina:

Círculo umbroso de venais pedantes,
Com torpe astúcia de maligna zorra
Usurpa nome excelso, e graus flamantes:

Ora mijei na súcia, inda que eu morra
Corno, arrocho, bambu nos elefantes,
Cujo vulto é de anões, a tromba é porra!

----------------

Nojenta prole da rainha Ginga,
Sabujo ladrador, cara de nico,
Loquaz saguim, burlesco Teodorico,
Osga torrada, estúpido rezinga;

E não te acuso de poeta pinga;
Tens lido o mestre Inácio, e o bom Supico;
De ocas idéias tens o casco rico,
Mas teus versos tresandam a catinga:

Se a tua musa nos outeiros campa,
Se ao Miranda fizeste ode demente,
E o mais, que ao mundo estólido se incampa:

É porque sendo, oh! Caldas, tão somente
Um cafre, um gozo, um néscio, um parvo, um trampa,
Queres meter nariz em cu de gente.


Manuel Maria Barbosa du Bocage



Etiquetas: , , , , ,


Arquivos

This page is powered by Blogger. Isn't yours?