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22.2.07

E o Carmelo pegou-me... 

Luís Carmelo publica o seu 10º romance - E Deus Pegou-me Pela Cintura. O 10, como se sabe, representa a ordem e a lei.

Depois da falsa polémica da jornalista raptada fica aqui o capítulo 17 do romance, em pré publicação.
Muitos outros blogues se associam à ideia.
Acho que qualquer dia até serei convidado para uma entrevista do Carmelo sobre a blogosfera, seria interessante poder surrealizar um pouco sobre o assunto. Deve ser por isso, a minha constante surrealização do real numa hermenêutica alucinada (estou a aprender com o Sr. Hermenêutica, e esta hem?), que o Luís me pede para pré-publicar o romance e para alinhar na tanga do rapto e, apesar dos meus 4 anos aqui a pregar neste deserto, nunca se lembrou de mim para uma entrevista. Acho que ele sabe que sou difícil nessas coisas. Afinal nem tanto, pelos vistos. Coube-me um número primo, o 17... representa a ordem do universo, a ordem no caos, o mundo em toda a sua diversidade, material e imaterial, e a lei, o tempo e o espaço ordenados, o Céu Divino e a terra temporal mais a lei; nada mau, fica aqui a capa.


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10.2.07

S. Francisco 

A nossa sociedade é putativamente tolerante, temos tendência a considerar-nos os mais civilizados, "que horror voltar à idade média"...
Será que hoje o S. Francisco, se voltasse a esta terra tolerante, escapava de ser internado num hospital psiquiátrico?

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26.1.07

Hermenêutica 

Depois de usar ironia venho fazer um post sério sobre a entrevista de Sua excelência o secretário de Estado da cultura que usa as palavras "hermenêutica pré-compreensão" a propósito da suposta incompreensão de Paolo Pinamonti pela fusão com a CNB sob a capa difusa da Opart.
Como pode um catedrático e ainda por cima secretário de Estado da cultura usar esta expressão que quer dizer: "interpretação de textos antes da compreensão" ou se quisermos ser bondosos "interpretação pré-compreensão", será que o senhor secretário de Estado e catedrático sabe do que está a falar? Ou está a atirar palavras caras para cima dos jornalistas e do público que lhe paga o lugar quentinho na Ajuda? Terá lido a palavra "hermenêutica" recentemente nalgum calhamaço e terá gostado do termo que agora o usa a torto e direito, a propósito quando tem sorte e a despropósito quando calha...
O que é certo é que além de um cinzentismo inacreditável, que resulta, por um lado, da debilidade política dentro do governo, sem a menor expressão junto do PS, como ex-comunista desgarrado, por outro lado resultante da própria atitude pessoal perante a coisa pública que devia tutelar, o secretário revela-se em toda a sua nudez pela exposição de um gigantesco vazio de ideias, projectos e reflexões. O uso de expressões como "hermenêutica pré-compreensão" revela uma fraqueza e falta de coragem política que se esconde atrás de artificialismo e de uma cortina de palavras ocas, disparatadas, sem nexo, como escudo ininteligível relativamente ao real.

Infelizmente para o próprio, fica o registo, apesar de boas intenções e de ideias que lhe vislumbrava à priori, o vácuo infeliz de uma cortina de palavras sem nexo.

Fica aqui a minha previsão: os dias de Pinamonti no S. Carlos estão contados. Se nenhum factor exterior ao palácio da Ajuda surgir entretanto, será um aparatchnik que virá a ser o novo director artístico. Tudo isto se depreende do discurso do Sr. Hermenêutica e esta é a minha hermenêutica do que tem vindo a ser dito, escrito e feito, pelos senhores que se julgam poder na área da cultura.

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24.1.07

Sequestro de Rute Monteiro 

É ver as últimas imagens da jornalista Rute Monteiro que, aparentemente, foi sequestrada.
Segundo o Olavo Aragão a jornalista portuguesa foi raptada por terroristas que a capturaram por causa do seu colete.
As imagens são confrangedoras. De forma inacreditável a imprensa portuguesa não pega no dossier Rute Monteiro isto porque os jornalistas se dedicam a assuntos bem mais desinteressantes e, provavelmente, menos reais.

É óbvio que no vídeo não lhe cortaram a cabeça, o que é um bom sinal. Mas será que temos todos as cabeças bem assentes no corpo? Pedro Bolèo novel crítico do público parece ter a cabeça menos atarrachada do que a jornalista raptada. Com que então a crítica ao concerto do agrupamento Al Ayre Español com direcção de Eduardo López Banzo afirma que Handel é bem profano devido aos ornamentos!! Bolèo diz que sim, alegremente, a tudo. Para isso não era precisa a crítica, bastava ter um programa automático de dizer bem ou contratar um daqueles membros do público que gritam bravo ao menor sinal e se alevantam da cadeira para a berraria do final de qualquer concerto, para escrever umas frases poéticas sobre a "estrela da companhia", expressão que Bolèo deve ter descoberto recentemente e que emprega com exuberância ao longo do texto...

(continua)

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Caro Rui Cerdeira Branco, pedes-me para ler um acordão de tribunal, um texto de má qualidade literária onde eu iria perder o meu precioso tempo a dissecar num cadáver putrefacto de formalismos jurídicos. Iria ceder àquilo que considero um dos problemas maiores da nossa sociedade e da nossa justiça: a capacidade de elocubrar sem juízo ético, sobre pressupostos formais afastados da realidade concreta e do mundo. Uma gigantesca masturbação épica que vai destruindo o nosso país num onanismo universal de egos e vontades sem ilusões, auto-centradas, sem destino que não o da discussão estéril de pesporrências escritas e orais.
O problema aqui é a realidade, a ilusão, a memória, a invenção e o tempo. Valores éticos, condenações, juízos de valor. Mas, de facto, tudo totalmente errado. Condena-se alguém (Luís Carmelo) que "inventou um facto para supostamente promover um livro". Esse facto não é real, afirma-se.
As minhas questões centram-se sobre o conceito de real. A partir do momento em que o facto se torna aparente, e é recriado/imaginado por nós na nossa mente, passa a ser real. O mundo, tal como existe, é apenas uma representação proveniente da nossa consciência desse mundo, quer ele exista ou não na realidade, coisa que não interessa muito afinal, o que interessa é ontologia. Será o mundo real? Interessa essa questão? Indivíduos como somos, utilizamos a realidade em nosso proveito, inventamos a realidade.
Noutro caso concreto em apreço, considera-se como factor negativo da oportunidade de se "inventar" um facto de "sequestro" de um jornalista a situação do pretenso sequestro de uma criança de cinco anos, isto admitindo que existe na consciência de uma maioria de indivíduos em Portugal que se aperceberam da notícia. Neste caso os formalistas condenam um pai adoptivo com base em juízos abstractos. Serão esses princípios, que formam a base do juízo, reais? A Lei é real? Será uma representação de um ideal? Ou uma aproximação muito falível desse ideal? Ou nem sequer se aproxima desse ideal se acreditarmos que o mundo como tal é apenas uma ilusão? Por outro lado se acreditarmos que o ser humano é intrinsecamente mau, como o nosso pessimista de serviço, Schopenhauer, tão bem o colocou, uma Lei emanada do homem (no sentido de humanidade mas sempre com h minúsculo) será sempre intrinsecamente má, longe dos reais valores éticos, da abnegação, da renúncia, da arte de atingir o nonumenal que passa pela arte de esquecer a Lei dos homens (ou apenas de esquecer, como louvava Nietzsche), uma Lei sempre errada, sempre conducente ao primitivismo, ao egoísmo, à maldade. Uma lei humana defenderá eternamente o mesquinho e vil egoísmo, enquanto o homem for homem.

Voltamos então ao ponto do comentário pedido: como comentar algo que é apenas virtual? Porque razão a invenção de uma realidade paralela é eticamente errada? Será errado promover um livro à custa da indignação alheia? Não acho. Tão egoísta é o burlador como o burlado caro Rui. Além disso que belas reflexões essa invenção de um real paralelo não suscitou?

Sentir-me-ei enganado? Claro que não, a realidade, sob que forma for, nunca nos pode enganar. Podemos mudar de ideia ao mudar a nossa representação, mas o engano como acto ético valorativamente errado nunca poderá estar presente numa representação do mundo, válida como outra qualquer.

E voltemos à criança, que no fundo é a única realidade que ainda está em contacto com a natureza íntima das coisas, próxima do estado natural, recém saída do uno criacional. Interessa-te Rui a felicidade de uma criança? A mim interessa e muito. É nessa felicidade que reside a esperança de um homem que pode vir a conhecer o caminho da eterna renúncia, longe da mesquinhez e do egoismo de ti, do Carmelo e de mim. Sem nos apercebermos...

E volto ao Nonnumenal depois desta digressão pelo "real", volto à música, que nos aproxima do infinito, a música e o amor como dizia o nosso pessimista de serviço. Faz-nos regressar à inocência criacional.

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19.1.07

Sequestros 

Se em vez do pseudo-sequestro de uma criança de cinco anos, que vive com a sua família, a justiça portuguesa investigasse casos destes, talvez Portugal fosse um país melhor para se viver. Juízes formalistas, afastados da realidade, estúpidos, são uma das medidas deste país, tal como os dirigentes desportivos e os políticos, nem melhores nem piores. E os que ainda têm coragem de dizer não, são cobardemente violentados e não há justiça que lhes valha.

Uma jornalista sequestrada por supostos terroristas nem sequer foi notícia nas televisões. Um escândalo, é Portugal no seu melhor...


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15.1.07

Ordem alfabética implica: Salazar Ganhou 

É óbvio que Salazar ganhou na primeira fase do Maior Português, senão nunca se teria recorrido à "ordem alfabética" para divulgar os resultados do "maior português de sempre".
É pena, resulta da estupidez da omissão inicial e da revanche que isso provocou nas pessoas pela tentativa de manipulação da história que isso representou.

É óbvio que eu votaria no D. João II (penso sempre nele em primeiro lugar), no Infante, em Pessoa ou no Luís Vaz, uma vez que Vieira ficou de fora (a hesitação seria maior); Afonso Henriques deixa-me desconfortável, sem ele nada disto teria sido como foi, Gama definiu duas eras: antes de Gama e depois de Gama, Magalhães contribuiu para um mundo diferente, o mundo em que hoje vivemos... é difícil.

Infelizmente Salazar ganhou a primeira fase e vai ganhar previsivelmente a segunda e, para tentar manipular de novo, parece que a contagem volta ao zero.
Salazar é, para mim, um português sem dúvida importante na história portuguesa, pelo mal e pelo bem, mas menoríssimo face à ilustre companhia.

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