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25.6.13

The Great Gatsby 

Baz Luhrmann é um realizador muito peculiar e por essa razão estava com alguma relutância em assistir a esta nova versão do filme The Great Gatsby. São muitos aqueles que reconhecem em Baz Luhrmann um grande talento criativo e imaginativo. Não é o meu caso. 

É inevitável comparar este novo Gatsby com o original, de Jack Clayton, produzido em 1974. Há filmes que deveriam ser intocáveis! E este é seguramente um daqueles casos em que sentimos que foi cometido um atentado cinéfilo. Mia Farrow e Robert Redford imortalizaram a história trágica de Jay Gastby e Daisy através das suas interpretações sublimes. Aqui a perfeição existe!

Esta nova versão de "The Great Gatsby" deixa um grande vazio... 
Assim que se "ouve" a claquete soar a palavra "Acção" mergulhamos de imediato numa viagem alucinante, através de uma sucessão de imagens, em que cada cena é filmada a uma velocidade vertiginosa, chegando a ser exaustivo. No entanto, os cenários construídos por Luhrmann são absolutamente deslumbrantes, conseguindo retratar o glamour que se vivia nos anos 20. As festas de Gatsby são, do ponto de vista cénico, estonteantes. Entramos num universo de pura magia, em que a banda sonora é um importante suporte neste grande espectáculo. 

Mas, infelizmente, não é suficiente... Luhrmann perde-se neste "jogo de vaidades", relegando para segundo plano a essência da história, o romance sinistro de que são vítimas Gatsby e Daisy. Falta-lhe emoção, intensidade, em particular, nos momentos em que os dois contracenam. Um erro colossal!

Tobey Maguire como Nick Carraway (que assume no romance de Fitzgerald um papel crucial) é medíocre, chegando a ser confrangedor. Carey Mulligan tem um desempenho competente, conseguindo imprimir ao seu personagem uma imagem etérea, transformando-se, no final do filme, numa Daisy fria e calculista. Mas as grandes surpresas são sem dúvida Joel Edgerton e Elizabeth Debicki. São eles que salvam o filme do fracasso total.

E que dizer de Mr. DiCaprio... um Gatsby que proporciona alguns dos momentos mais fortes e comoventes nesta narrativa. Mas, infelizmente para DiCaprio, existiu Robert Redford...


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21.6.13

James Gandolfini - 1961 - 2013  

Hoje, preciso de desabafar. 
Hoje, estou contra o mundo.
Hoje estou contra qualquer Deus ou deuses malfeitores que actuam sem qualquer piedade.
Hoje não devia ter acontecido.
Este é o meu grito de revolta. 

Morreu James Gandolfini! Pouco me importa se este post é ridículo. Não temo críticas. Sinto um vazio, uma tristeza inexplicável. Alguns poderão pensar que "enlouqueci", mas o facto é que James Gandolfini fazia parte da minha vida. Tony Soprano foi a minha companhia durante tanto tempo... cada episódio dos Sopranos (mérito do seu criador, David Chase) era melhor que o anterior. Tony Soprano, chefe da Máfia, era aquele homem que cometia crimes hediondos e, para nossa supresa, não conseguiamos deixar de o admirar. A genialidade de James Gandolfini deixava-nos completamente perplexos. Foram horas de puro prazer! A essência do ser humano retratada de uma forma cruel, dura, com recurso a situações caricatas, repleta de personagens sinistras, mas ao mesmo tempo tão atractivas, em que o sentido de humor, cáustico, era uma constante. 

Lembro-me da noite em que o final estava prestes a chegar. Era o último episódio... não me recordo de ter assistido, em outras séries, a um desfecho tão brilhante. Cada detalhe foi crucial; cada pormenor foi filmado com uma subtileza que me deixou literalmente sem fôlego. Era como se estivesse a emergir num filme de suspense em que a nosso coração vai acelerando à medida que a câmara vai avançando, lentamente, de cena em cena. Nunca saberemos se Tony Soprano foi assassinado...

Mas, soubemos, hoje, que James Gandolfini morreu com 51 anos de idade. No cinema presenteou-nos com personagens fortes e carismáticas, igual e si mesmo. Relembro, "True Romance" (1993), "The Mexican" (2001) "Romance & Cigarettes" (2006) "In the Loop" (2009), "Where the Wild Things Are"(2009) e "Zero Dark Thirty"(2012).

Não haverá outro James Gandolfini.
Não haverá outro Tony Soprano.

"This isn't painful. Getting shot is painful. Getting stabbed in the ribs is painful. This ... isn't painful. It's empty. Dead." (Tony Soprano).

Resta-nos revisitá-lo através do legado que nos deixou... 


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15.6.13

Amour 


Que dizer sobre este Amour? Michael Haneke não pára de surpreender. Era impossível superar "Laço Branco" (pensava eu!). Amour é um filme completamente arrebatador, de uma tristeza e angústia infinitas. Porém, talvez, a história de amor mais bonita que tive o privilégio de assistir no mundo "imaginário" do cinema. Imaginário, entre aspas, porque a ficção confunde-se, na sua maioria, com a realidade. Haneke filma cada pormenor com uma crueza assustadora, sem pudor e sem qualquer tipo de artifícios. Afinal, a velhice é isso mesmo; a decadência do ser humano, o regresso (imposto) à forma de bébés, em que todos precisamos que cuidem de nós. E aqui cuidam...

Georges, confrontado com a doença da sua mulher, Anne, fecha-se no espaço só deles, repleto de memórias e interdito a todos os outros. O mundo lá fora não importa. 

Jean-Louis Trintignante Emmanuelle Riva são algo de transcendental!





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10.6.13

Meio Otello 

Henrique Silveira

Crítico
Otello de Verdi e Arrigo Boito, Fundação Gulbenkian, dia 30 de Maio, sala meia.
Badri Maisuradze, tenor cumpridor em Otello; Dina Kuznetzova em Desdémona, soprano aceitável; Lester Lynch em Iago, baixo-barítono péssimo; Zandra McMaster, meio-soprano razoável em Emilia; Ivan Momirov, tenor de mau gosto em Cassio; Dietmar Kerschbaum, tenor medíocre em Roderigo; Nuno Dias em Lodovico, um baixo esforçado; Luís Rodrigues, barítono demasiado bom para Montano.
Direcção Musical: Lawrence Foster, brutal; Orquestra Gulbenkian, exibindo muita qualidade individual apesar de mal dirigidos, Coro Gulbenkian com maestro Jorge Matta, a nível elevado.
Desta vez tivemos uma verdadeira versão de concerto, decisão acertada, as semi-encenações pindéricas com poucos ensaios e cantores mal preparados, como o pseudo-barítono Lynch mostrou na semana anterior num Falstaff inconcebível, são a receita para o desastre artístico.
Registamos os papeis insignificantes que Luís Rodrigues tem tido no contexto das grandes instituições em Portugal, é verdadeiramente infeliz que instituiçãos como o S. Carlos ou a Gulbenkian não dêem a Luís Rodrigues a oportunidades que este merece. Não conhecemos pessoalmente o cantor, apenas sabemos que já tem mais de quarenta anos, idade em que a voz de barítono está no vigor pleno, é um grande professional, preparando-se com esmero e convicção, conseguindo sempre criar o carácter para boas representações e tem bom gosto.
Neste caso foi chocante ver como Foster colocou todo o gato esfolado em primeiro plano a cantar à frente da orquestra e só o desgraçado do Luís Rodrigues foi colocado junto do coro por detrás da orquestra que, puxada com denodo pela insensível batuta de Foster, tentava abafar olimpicamente a voz do cantor português que, felizmente, não se deixou calar. Será que no confronto com o inenarrável Lynch, um cantor incapaz de criar o tremendo Iago, se perceberia que a voz de Rodrigues está muito acima? É também chocante ver um cantor como Lynch, que faria certamente bem o insignificante Montano, a tentar cantar e compor Iago: sem plasticidade vocal, com agudos possíveis no limite dos limites da sua pesada voz, já destimbrados, com um mau gosto meridiano, com gargalhadas grosseiras a despropósito no final das suas intervenções já desfeito o possível efeito dramático, com a sua afirmação máxima da maldade no seu “credo”, frouxo e aflito, cantada de forma muito pouco convincente e sem representação, como quem canta qualquer papel de segunda.
Iago é o motor da acção, o seu papel é decisivo para insidiar o ciúme e o ódio no coração de Otello. Perante este Iago qualquer Otello deste mundo perceberia de gingeira as intrigas mal urdidas do seu alferes e mandá-lo-ia esfolar vivo e atirar do alto do castelo cipriota. Metaforicamente seria um castigo leve também para quem escolheu este cantor, em detrimento de dar uma oportunidade a Luís Rodrigues neste papel... Um Otello sem Iago é meia ópera.
No naipe de cantores encontrámos um Otello, Badri Maisuradze, um verdadeiro tenor dramático muito composto, infelizmente a sua voz é algo baça nos médios mas foi notório o seu conhecimento do papel, o esforço que colocou no canto do italiano, o poder da sua voz e, sobretudo, a sua interpretação musical. Foi significativa a sua evolução no papel e a sua qualidade de cantar em todos os registos, do herói guerreiro autoritário, do amante apaixonado, ao homem roído pelas dúvidas até à loucura homicida e o arrependimento final. Capaz de apianar e cantar em todas as dinâmicas, apenas teve dois laivos de mau gosto ao deixar sugestões de uns solucinhos tenoris que, felizmente, não se notaram em demasia... Felizmente, na falta de Iago, houve Otello na Gulbenkian.
 A Desdémona de Dina Kuznetsova foi razoável. A sua voz muito quente em todos os registos é densa e encorpada, é um soprano lírico spinto de agudos fáceis e boa paleta dinâmica que poderá evoluir para dramático com o tempo. Infelizmente o seu sotaque tem de ser melhorado no italiano, uma espécie de mix russo-americano não é o ideal para Verdi. Outro aspecto é a sua máscara, faz uma Desdémona sempre em sofrimento, como se já soubesse o que lhe vai acontecer desde o primeiro instante, a voz reproduz esse sofrimento intrínseco. Realiza assim uma composição sem qualquer evolução. Por outro lado, está muito mais confortável no último acto, onde o seu papel atinge o clímax, provavelemente porque os sopranos dedicam mais tempo a preparar a Canção do Salgueiro e o Ave Maria do que tudo o resto e porque passam a vida a cantar estes trechos de resistência em concertos. Poderia ter trabalhado mais os actos iniciais.
O Cassio de Momirov teve todos os defeitos da falta de categoria do cantor, dotado de uma voz que até poderia ser bonita de tenor a puxar para o lírico, mas que o cantor insiste em afirmar como spinto (cuja explicação será: voz lírica com muito apoio e projecção), passa então o tempo a berrar como um possesso, a tentar tapar os outros cantores e a afirmar tiques de personalidade, prolongando notas em excesso sem compreender que Cassio é uma vítima inocente e jovial de Iago e que deve manter essa inocência ao longo da ópera. Momirov tenta cantar o Cassio como um Manrico e toda a interpretação sai ao lado. Com uma inflexão da carreira, e estudando com mestres esclarecidos, poderá melhorar de forma notável a sua postura em palco e a forma como aborda os papeis, porque tem indubitáveis qualidades vocais. Lawrence Foster não teve a compreensão ou a força para moderar este Cassio, provavelmente até gostou desta abordagem porque nada fez para calar a berraria Cassiana!
Gostámos da Emilia de McMaster, muito competente e de voz bem constituída e muito digna. Gostámos do baixo Dias que tentou ser um hierático e sério Lodovico, mas não tem peso vocal nos graves nem idade para encarnar estas personagens. Kerschbaum passou anonimamente em Roderigo.
O Coro de Câmara Infantil da Academia de Música Santa Cecilia (poderia ter um nome ainda mais comprido) esteve bem, tendo sido preparado por Artur Carneiro.
O Coro Gulbenkian esteve muito bem, pujante nas grandes cenas de conjunto e muito incisivo nos comentários à cena de loucura pública de Otello no terceiro acto.
Uma palavra especial para a Orquestra Gulbenkian que, sob a batuta de chumbo de Foster, respondeu muito bem do ponto de vista individual e dos solos, estes foram quase sempre perfeitos: belíssimo o clarinete, o oboé, os fagotes, o corne inglês, as trompas e restantes metais em excelente plano e as cordas estiveram muitíssimo bem. Dedico uma palavra especial para os notáveis contrabaixos liderados por Sorín Orcinschi e Marc Ramirez, que beleza sombria nas suas intervenções sinistras! Pensamos que a superação interna e a liderança, naipe a naipe, foram elementos que valorizaram este Otello.
Três estrelas

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9.6.13

Searching for Sugar Man 



Searching for Sugar Man, realizado por Malik Bendjelloul, relata a história incrível de um homem, operário da contrução civil, com um talento natural para a música. Após o lançamento dos seus dois únicos albuns Cold Fact (1970) e Coming from Reality (1971) que se revelaram um fracasso nos Estados Unidos, Rodriguez, quase que como um passo de magia, "evapora-se" da Terra. Vários mitos foram sendo criados em torno do seu desaparecimento, em que o mais "repetido" era aquele em que se aventava que Rodriguez se teria suicidado em palco.

Mas o fenómeno Rodriguez ganha outra dimensão com as cerca de 500 mil cópias dos seus discos que foram vendidas na África do Sul, com grande relevância no auge do apartheid. Cedo se tornou claro que Rodriguez iria tornar-se num ícone para os que lutavam contra este regime opressor. As canções de Rodriguez transformaram-se em hinos contestatários direccionados ao poder que imperava de forte segregação racial, como é exemplo a canção "Establishment Blues". As letras das músicas que compunha, a fazer lembrar Bob Dylan, associadas à imagem de um jovem pobre, lutador, tiveram uma importância determinante na luta do movimento anti-regime.

E são dois sul-africanos (Stephen "Sugar" Segerman, dono de uma loja de discos e um jornalista Craig Bartholomew-Strydom) que iniciam uma verdadeira odisseia rumo à descoberta do seu ídolo musical de sempre. Num país extremamente conservador e controlador, a cultura era vedada. E é por causa destes dois destemidos e obstinados que o mundo ficou a conhecer Rodriguez. Uma das interrogações que fica no ar é saber quem recebeu os royalties dos mais de 500 mil álbuns que o músico teria vendido na África do Sul... sente-se um certo nervosismo no proprietário da produtora quando confrontado com esta questão, revelador do enorme poder da indústria musical americana e dos seus contornos pouco transparentes.

Seaching For Sugar Man é um documentário excepcional, transformando o mito em realidade, a qual culminou com uma série de concertos na África do Sul, no ano de 1998, em que Rodriguez foi recebido em apoteose.

Nunca saberemos até onde poderia ter ido... a imagem daquele jovem errante, sonhador, irreverente, ficará gravada, para sempre, nas nossas memórias. Com sorte, talvez um dia consigamos ver Sugar Man num palco português.




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6.6.13

To Rome With Love 


Se, na minha opinião, Midnight in Paris foi uma desilusão, então nem sei bem o que escrever sobre este To Rome with Love. Tenho saudades do Woody Allen de Manhattan, Annie Hall, Hannah and Her Sisters, só para citar algumas obras notáveis deste grande cineasta. O humor que sempre imprimiu nos seus filmes é absolutamente magnífico, em que a sua marca distintiva prima por uma abordagem a questões relacionadas com a psicanálise, o sentido da vida, a obsessão pela morte, a paranóia... e é através desta panóplia de elementos que construiu, ao longo da sua carreira, uma lista infindável de personagens extraordinários, incluindo o próprio enquanto actor.

É deprimente ver Allen produzir argumentos frágeis, recorrendo a um humor fácil, espalhafatoso, quase vazio, como é o caso deste To Rome With Love.

Em Midnight in Paris, Allen teve, pelo o menos, o mérito de escrever um argumento criativo e inteligente, filmando Paris em todo o seu esplendor. Neste caso, somos confrontados com uma série de personagens com histórias desconexas e sem sentido. Conseguimos vislumbrar, em alguns momentos, uma réstia do humor cáustico e do sentido crítico de Allen de outros tempos, mas são ínfimos.

Woody Allen, desde que se aventurou pela Europa, está irreconhecível. Os seus filmes perderam a essência, sendo, na sua maioria, medíocres. Não gostaria de lhe chamar mercenário, uma vez que é um dos cineastas que mais admiro, mas não posso deixar de constatar que parece que o que mais importa a Allen actualmente é a produção de filmes em massa. 

Urge o seu regresso a Nova Iorque!



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5.6.13

Morte a Venezia 

Nunca me ocorreu aventurar-me no universo da blogoesfera porque obriga a uma grande disciplina. Nada contra, simplesmente detesto rotinas. Neste espaço não há lugar a essas obrigações fastidiosas, sendo por isso profundamente libertador!

Dito isto, o cinema acompanhou-me desde muito cedo e tornou-se uma obsessão, quase alienação... Assim, irei deambular nesse infindável mundo da sétima arte através da minha visão crítica, muito pessoal, em que a emoção servirá sempre de mote para cada aventura cinéfila. Mas não se admirem se o meu alvo for outra coisa qualquer. Afinal, nesta espuma dos dias, sabe sempre bem desabafar/criticar...

Nesta minha estreia, deixo-vos com o filme da minha vida. Morte a Venezia, de Luchino Visconti.

Todos os nossos medos retratados, realizados com a mestria de Luchino Visconti; a obsessão pelo belo; a angústia pela decadência física; a solidão... a MORTE, em Veneza, sob o manto do "Sirocco" ecoando a partitura sublime de Mahler. Se nada disto convencer, fica a partida de Bogarde e o eterno "TADZIO!" 



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Novo autor no Crítico Musical 

Este é um blog com algumas intermitências, no entanto é uma espécie de diário que vou mantendo há muitos anos. Apesar de o abandonar por meses, volto muitas vezes com prazer.

Como diário de bordo tem tido diversos companheiros, alguns mais dedicados, outros mais complicados. Ultimamente, apesar de alguns autores formais que nunca, ou quase nunca, escrevem como o Tomás Marques e outros ainda mais esquivos, apenas eu próprio tenho escrito aqui.

A partir de hoje terá um novo autor, a minha colega Margarida Riscado, que escreverá sobre cinema e o que lhe vier na alma. Como a verdadeira arte é a crítica... como dizia Oscar Wilde, espero que as críticas da Margarida sejam isso mesmo...

A ideia é manter um tom entre o crítico e o semi-crítico...
E que escreva muito... e sobre muitos e bons filmes.
Henrique Silveira

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