30.3.09
Paradoxos
Robert King foi preso por pedofilia, cumpre agora a sua pena de quase quatro anos a que foi condenado em 2007.
Paul McCreesh gravou um disco com música de Handel para a DG com Rolando Villazón, parece que nenhum deles foi preso, pelo menos até agora...
Paul McCreesh gravou um disco com música de Handel para a DG com Rolando Villazón, parece que nenhum deles foi preso, pelo menos até agora...
Etiquetas: Crítica de discos, Ironias
28.3.09
Todo ele um fórum - todo ele um penteado
António Pinto Ribeiro [ministro nome trocado], é todo ele um fórum, é todo ele um penteado, é todo ele um fórum penteado, é todo ele um discurso, é todo ele um discurso penteado, é um discurso em forma de fórum, é um penteado em forma de discurso. A sua política cultural é toda ela um fórum, um fórum penteado, uma política do discurso em forma de penteado, é um fazer mais com menos em forma de penteado, é uma franja no topo de um fato, um fato penteado em forma de fórum. É assim a política cultural de Pinto Ribeiro [ministro nome trocado], uma política que é discurso em forma de franja em cima de um fato. Toda ela um penteado, toda ela um fórum.
Que grande ministro, o deste penteado!
Que bela política, esta franja!
Que grande ministro, o deste penteado!
Que bela política, esta franja!
Etiquetas: António Pinto Ribeiro, Classe Política, Crítica, Política
Poesia de Tomás de Oliveira Marques
“Por tua culpa” (in ostinato)
Por tua culpa
Tomo a música
No espírito em sangue
E voo prostrado.
................................................................................................................
Por tua culpa
Dói a valer
O que é secreto
Na voz do Silêncio
Ao ser cantado.
Por tua culpa
A noite é mais funda
No tormento que faz
Perder o cuidado.
Por tua culpa
Olho para trás
Em busca das chaves
Do tempo perdido
(E não as encontro),
Sei-me cercado.
Por tua culpa
Não abro a boca
Com medo de calar
O Silêncio clamado.
Por tua culpa,
Se fundo cantas
As dores do mundo,
Da turba surda
Sinto-me culpado.
Por tua culpa
O facies doloroso
Da música profunda
É obnubilado.
Por tua culpa
Pela voz primordial
Como o pão e o vinho
E Sede de Infinito
Arfo acossado.
Por tua culpa
A Terra agora
Já não é redonda
Nem roda constante,
Dilui-se densa
Do coração humano
Ao firmamento,
Onde canta o indizível
Crucificado.
07/03/2009
Tomás de Oliveira Marques
Tomás de Oliveira Marques
Nota: Dedicado a Maria Cristina Kiehr, pelo seu admirável e dionisíaco percurso no mundo da Música Antiga e, em particular, pela poderosa abordagem à ária “Scherza infida”, de Handel, lado a lado com o Divino Sospiro, dirigido por Chiara Banchini, no CCB/Lisboa, em 07/03/2009.
Etiquetas: Poesia, Tomás de Oliveira Marques
27.3.09
Resumo da Salomé no S. Carlos
Amy Whinehouse com mais cinquenta quilos, trinta anos, pedrada e com os copos é a megera de serviço no papel de Herodias, Herodes é um velho e tonto pedófilo, Salomé é uma menina pura e doce, de soquetes, vítima de uma família disfuncional. Como Nancy Gustafson tem cinquenta e três anos aquilo não funciona sem uma dupla muda que faz de criança e que representa a menina Salomé.
Mas a cereja no topo do bolo e o motor de toda a acção é o S. João Baptista que rejeita Salomé porque é pederasta e anda atrás do pagem...
Num exercício de (pequena) imaginação pense-se no mesmo feito com Maomé ou com o genro Ali...
É o que eu chamo de encenação panfletária homossexual básica na antítese do texto genial de Oscar Wilde, que prova à saciedade que se pode ser homossexual e ser um génio. Oscar Wilde escreve uma obra em que todas as subtilezas, todas as ambiguidades têm lugar, dando lugar à elegância e à estética: como de outra forma se escreveria o horror da necrofilia senão em Salomé? Sem se ser básico e primário? Apenas Oscar Wilde para o fazer.
O encenador tem um padrão: todas as obras, todos os textos que por acaso lhe passem pelo estreito passam a ser motivo para panfleto. Numa visão deste tipo todo o homem é homossexual, desde D. Giovanni até Casanova, passando por Jesus Cristo, S. João Baptista, o toureiro da Carmen, Otello e Mefistófles, todos querem abafar a palhinha. Nas mulheres as coisas variam mas não andam longe. O encenador olha para a obra não numa perspectiva histórica, intelectual, ou estética, a música não interessa para nada, não interessa se a música de Jochanaan é majestosa e digna (e até intolerante) e a de Salomé é cromática e erótica, sedutora e torsa. O que interessa é servir a ideia pré-concebida do encenador de enfiar o pederasta algures e da vítima abusada alhures. As interpretações são múltiplas, não sou psicanalista, mas ao ver as encenações destes tipos (no sentido tipológico) acho que se podem tirar conclusões bem interessantes sobre os traumas dos encenadores, que tantas dores nos dão ao imolarem no altar dos seus fantasmas as obras primas do génio humano.
Retirando a camada erótica do feminino, eliminando a dança dos sete véus, colocando a carga negativa em Herodes, um simples pedófilo, fazendo de Jochanaan um vulgar pederasta, arranjando uma dupla muda de Salomé (solução banal e recorrente), que faz de conta que é uma criança, a encenadora destrói, do princípio ao fim desta Salomé, uma obra notável, que tinha tudo lá dentro sem precisar do canibalismo pseudo subversivo, deselegante, espelho de uma alma sem cor, sem imaginação no seu excesso panfletário, desta mulher-homem cinzenta e seca, óbvia, primária e transparente que dá pelo nome de Gruber. A encenação não dá lugar à subtileza e à ambiguidade, é um nojo.
Classificação: uma merda para tomates podres e que valeu bem a pateada e os "bus" que brindaram a encenadora quando veio ao palco. Uma das piores encenações que tenho visto no S. Carlos. Por mim fiquei calado e descontente, gélido: é que aquela porcaria já nem sequer serve para incomodar...
Sobre a encenação da Salomé devo acrescentar que o tomate podre se estende ao director artístico Christoph Dammann e, sobretudo, ao hermenêuta que o meteu no S. Carlos: para mim o pior secretário de Estado da cultura que ocupou o lugar desde o 25 de Abril de 1974.
Continua com aspectos musicais.
Mas a cereja no topo do bolo e o motor de toda a acção é o S. João Baptista que rejeita Salomé porque é pederasta e anda atrás do pagem...
Num exercício de (pequena) imaginação pense-se no mesmo feito com Maomé ou com o genro Ali...
É o que eu chamo de encenação panfletária homossexual básica na antítese do texto genial de Oscar Wilde, que prova à saciedade que se pode ser homossexual e ser um génio. Oscar Wilde escreve uma obra em que todas as subtilezas, todas as ambiguidades têm lugar, dando lugar à elegância e à estética: como de outra forma se escreveria o horror da necrofilia senão em Salomé? Sem se ser básico e primário? Apenas Oscar Wilde para o fazer.
O encenador tem um padrão: todas as obras, todos os textos que por acaso lhe passem pelo estreito passam a ser motivo para panfleto. Numa visão deste tipo todo o homem é homossexual, desde D. Giovanni até Casanova, passando por Jesus Cristo, S. João Baptista, o toureiro da Carmen, Otello e Mefistófles, todos querem abafar a palhinha. Nas mulheres as coisas variam mas não andam longe. O encenador olha para a obra não numa perspectiva histórica, intelectual, ou estética, a música não interessa para nada, não interessa se a música de Jochanaan é majestosa e digna (e até intolerante) e a de Salomé é cromática e erótica, sedutora e torsa. O que interessa é servir a ideia pré-concebida do encenador de enfiar o pederasta algures e da vítima abusada alhures. As interpretações são múltiplas, não sou psicanalista, mas ao ver as encenações destes tipos (no sentido tipológico) acho que se podem tirar conclusões bem interessantes sobre os traumas dos encenadores, que tantas dores nos dão ao imolarem no altar dos seus fantasmas as obras primas do génio humano.
Retirando a camada erótica do feminino, eliminando a dança dos sete véus, colocando a carga negativa em Herodes, um simples pedófilo, fazendo de Jochanaan um vulgar pederasta, arranjando uma dupla muda de Salomé (solução banal e recorrente), que faz de conta que é uma criança, a encenadora destrói, do princípio ao fim desta Salomé, uma obra notável, que tinha tudo lá dentro sem precisar do canibalismo pseudo subversivo, deselegante, espelho de uma alma sem cor, sem imaginação no seu excesso panfletário, desta mulher-homem cinzenta e seca, óbvia, primária e transparente que dá pelo nome de Gruber. A encenação não dá lugar à subtileza e à ambiguidade, é um nojo.
Classificação: uma merda para tomates podres e que valeu bem a pateada e os "bus" que brindaram a encenadora quando veio ao palco. Uma das piores encenações que tenho visto no S. Carlos. Por mim fiquei calado e descontente, gélido: é que aquela porcaria já nem sequer serve para incomodar...
Sobre a encenação da Salomé devo acrescentar que o tomate podre se estende ao director artístico Christoph Dammann e, sobretudo, ao hermenêuta que o meteu no S. Carlos: para mim o pior secretário de Estado da cultura que ocupou o lugar desde o 25 de Abril de 1974.
Continua com aspectos musicais.
Etiquetas: Crítica de Ópera, S. Carlos
16.3.09
E Deus Criou o Mundo
E Deus Criou o Mundo e nele incluiu Haydn para que este O louvasse.
Louvado seja Deus pela sua extraordinária Criação.
P.S. Criação de Haydn a 13 de Marco, Sexta Feira, Orquestra de Câmara da Europa - 19, coro Gulbenkian (brilhantemente preparado) - 18, maestro Douglas Boyde - 19. Cantores: Sarah Tynan (soprano) - 12, Ed Lyon (tenor) - 18, Darren Jeffrey (baixo) - 19 apesar do grão.
Louvado seja Deus pela sua extraordinária Criação.
P.S. Criação de Haydn a 13 de Marco, Sexta Feira, Orquestra de Câmara da Europa - 19, coro Gulbenkian (brilhantemente preparado) - 18, maestro Douglas Boyde - 19. Cantores: Sarah Tynan (soprano) - 12, Ed Lyon (tenor) - 18, Darren Jeffrey (baixo) - 19 apesar do grão.
Etiquetas: Crítica, Crítica de Concertos, Gulbenkian
13.3.09
Orquestra de Câmara da Europa - A desilusão
A residência da Orquestra de Câmara da Europa na Gulbenkian pauta-se por uma profunda desilusão até este momento.
É uma orquestra de excelência com músicos extraordinários e isso ainda se nota.
Os problemas foram:
a) no primeiro concerto um maestro superficial e banalíssimo na terceira de Brahms e uma solista de técnica irrepreensível mas robotizada e sem nuance, apenas com um som gordo e pesado que encheu a sala da Gulbenkian do princípio ao fim. Como o concerto de Sibelius não foi concebido para o circo e a sinfonia de Brahms não foi construída para ser tocada a despachar o concerto foi uma desilusão. Ficou a amarga impressão da destruição da ideia musical do terceiro andamento, ataques descordenados e um final verdadeiramente catastrófico.
b) No segundo concerto o maestro Hengelbrock, que esquizofrenicamente a Gulbenkian crisma com e sem "H" no seu site e programa, apresentou um programa esquizofrénico, provavelmente fruto da mesma epidemia que afectou o seu "H". Uma troca de programa trouxe a sinfonia 104 de Haydn para a primeira parte destruindo a lógica do programa. Umas árias e aberturas desgarradas de diversos compositores fecharam o concerto com uma cantora demasiadamente jovem e medíocre para o repertório, com voz de apito nos agudos e incapaz de dar densidade musical aos breves minutos de cada ária. Entre as notas erradas da cantora e as árias escolhidas sem qualquer critério sobrou uma sinfonia de Haydn, tocada com energia e sentido de humor, e aberturas de Rossini, tocadas com verve. Sobraram também as excelentes prestações da orquestra em Haydn. Um excelente maestro, uma bela orquestra mas uma tremenda desilusão ver um agrupamento destes a tocar as arietas da segunda parte...
Veremos hoje, com a Criação de Haydn, se o saldo ainda pode chegar ao positivo. Eu tenho esperança: é numa obra deste fôlego que espero ver uma orquestra como esta bilhar. Infelizmente o coro Gulbenkian pode estragar tudo com os gritos desgrenahdos que têm pautado as suas últimas actuações. Apesar do coro espero, sinceramente, que este concerto de hoje seja um acontecimento...
Etiquetas: Crítica, Crítica de Concertos
Casamento gay à vista
Portas mostra-se aberto a casamento governativo com Sócrates. Vendendo todos os princípios por simples ganância de poder, Portas envia um recado aos seus potenciais eleitores: se não querem Sócrates no poder é melhor votar no PSD que o CDS já se colocou em posição. Dá a impressão que tudo vale para chegar à mangedoura do orçamento e das negociatas do Sr. José Sousa.
Estou interessado em saber qual a posição de Portas face ao casamento homossexual, tema caro a Sócrates e que será um dos cavalos de batalha das próximas eleições. Será que temos o casamento gay à vista após as eleições e com o voto do CDS? Será que os eleitores centristas, muito concervadore por tradição, vão dar carta branca a Portas para viabilizar o casamento gay de Sócrates depois deste ter liberalizado o aborto e ainda o pagar na totalidade pelo Sistema Nacional de Saúde? Ou será que o CDS está condenado a ser um partido em vias de extinção e dar os poucos votos de que dispõe ao PSD?
Manuela Ferreira Leite ri-se e agradece.
Estou interessado em saber qual a posição de Portas face ao casamento homossexual, tema caro a Sócrates e que será um dos cavalos de batalha das próximas eleições. Será que temos o casamento gay à vista após as eleições e com o voto do CDS? Será que os eleitores centristas, muito concervadore por tradição, vão dar carta branca a Portas para viabilizar o casamento gay de Sócrates depois deste ter liberalizado o aborto e ainda o pagar na totalidade pelo Sistema Nacional de Saúde? Ou será que o CDS está condenado a ser um partido em vias de extinção e dar os poucos votos de que dispõe ao PSD?
Manuela Ferreira Leite ri-se e agradece.
Etiquetas: Classe Política, José Sócrates, Política
7.3.09
Ainda o Freeport
A história da fábrica de pneus da Firestone no lugar do Freeport tem servido para justificar o crime ambiental.
Existia em Alcochete, junto ao Tejo, uma fábrica desactivada e degradada o que daria uma excelente oportunidade para reabilitar uma zona ribeirinha junto ao estuário do Tejo e devolver a mesma à Natureza, tão massacrada naquela zona.
A fábrica estava numa zona sensível e o facto de existir a sua ruína não justifica de todo uma maior carga e uma maior destruição da zona ribeirinha. É precisamente esse um dos argumentos do governo actual para dizer que tudo está bem naquele monstro. Para mim é exactamente um argumento contra o Freeport, aquele lugar é tudo menos indicado para aquele modelo pacóvio de desenvolvimento e que cheira à légua a crime ambiental, senão a outros... A existir uma fábrica a funcionar ainda haveria alguns motivos para a manter, no estado destruído em que estava nada devia impedir a extensão do parque natural.
O ministro do ambiente em Portugal, que devia chamar-se ministro dos "PINS e ambiente para disfarçar", serve, e tem servido desde Sócrates, para dar cobertura aos maiores crimes com a capa dos estudos de impacto ambiental encomendados para servir os melhores interesses. Perguntei num almoço de amigos se conheciam o nome de Nunes Correia, a resposta foi clara: é uma velho alfaiate na baixa pombalina, na esquina da rua Augusta com a de Santa Justa, e que está actualmente a praticar preços incríveis. Toda a gente fala do "Nunes Correa"... da baixa!
Etiquetas: Classe Política, Fretes, José Sócrates
Vigarices
Se eu, como accionista do BPI, visse o Fernando Ulrich a pagar com o dinheiro do banco um bem por mais cento e quatro milhões de euros do que o seu valor real e depois o inscrevesse nos resultados pelo valor pago e não pelo valor real, acharia que havia vigarice da grossa. Além disso consideraria que existia manipulação de resultados e uma claríssima fraude. Teria legítimas razões para ficar indignado por ter sido roubado descaradamente e ainda mais por me tomarem por parvo.
O leitor, como dono da Caixa Geral de Depósitos, como se sente face ao mesmo comportamento da actual gestão de Faria de Oliveira?
Quantos mais casos haverá na Caixa?
Qual a real situação da Caixa? Isto depois de dezenas de anos de gestões de criaturas, às quais não confiaria a minha carteira, sem grande currículo mas muitos amigalhaços na política. A não ser que ter andado a roçar o traseiro pelo parlamento, pelas secretarias de Estado e alguns ministérios seja qualificação para ser gestor de um grande banco.
O leitor, como dono da Caixa Geral de Depósitos, como se sente face ao mesmo comportamento da actual gestão de Faria de Oliveira?
Quantos mais casos haverá na Caixa?
Qual a real situação da Caixa? Isto depois de dezenas de anos de gestões de criaturas, às quais não confiaria a minha carteira, sem grande currículo mas muitos amigalhaços na política. A não ser que ter andado a roçar o traseiro pelo parlamento, pelas secretarias de Estado e alguns ministérios seja qualificação para ser gestor de um grande banco.
Etiquetas: Classe Política
3.3.09
Apelo
Assisti ontem a um óptimo concerto do Jerusalem Chamber Music Festival. Músicos excelentes, interpretação cheia de energia e gosto pela música. O conmcerto estava às moscas.
Hoje repetem-se os músicos mas muda o programa. Quarteto com piano nº2 de Mozart, Septeto opus 20 de Beethoven reduzido a trio com piano, clarinete e violoncelo pelo próprio Beethoven (opus 38), o adagio para violino, clarinete e piano de Alban Berg e ainda a deliciosa História do Soldado de Stravinsky em trio com clarinete, violino e piano.
Um programa de alto nível, intérpretes de eleição e a sala vazia. Um verdadeiro escândalo. Apelo a quem me lê aqui que dê um salto à Gulbenkian hoje ao fim da tarde para um programa de que não se vão esquecer...
Hoje repetem-se os músicos mas muda o programa. Quarteto com piano nº2 de Mozart, Septeto opus 20 de Beethoven reduzido a trio com piano, clarinete e violoncelo pelo próprio Beethoven (opus 38), o adagio para violino, clarinete e piano de Alban Berg e ainda a deliciosa História do Soldado de Stravinsky em trio com clarinete, violino e piano.
Um programa de alto nível, intérpretes de eleição e a sala vazia. Um verdadeiro escândalo. Apelo a quem me lê aqui que dê um salto à Gulbenkian hoje ao fim da tarde para um programa de que não se vão esquecer...
Etiquetas: Antevisões, Crítica de Concertos
2.3.09
O Pinóquio e Espinho
José [Sócrates] Sousa elogia o desenvolvimento de Espinho. Dois factos o desmentem: o óbvio apagão da prévia noite e, sobretudo, a diferença que se sente ao atravessar a fronteira com Gaia pela estrada junto às praias. Espinho tem alguma cosmética no centro, junto da Câmara, mas a antiga linha de comboio parece um campo de guerra, desordenado e em ruínas, as ruas junto ao mar estão num estado péssimo, as crateras multiplicam-se, o trânsito, apesar do "enterro" do comboio, continua um caos, os bairros pobres, junto ao estádio (decrépito e em ruínas), são miseráveis e tristes. A gestão urbanística é caótica e a construção é desordenada na periferia. Espinho é o espelho de uma gestão autárquica miserável e de fachada. Sobra a vista do mar e algum sol, quando aparece.
Apesar de não simpatizar com Luís Filipe Menezes noto uma profunda diferença de trabalho entre o PS de Espinho e o PSD de Gaia.
Apesar de não simpatizar com Luís Filipe Menezes noto uma profunda diferença de trabalho entre o PS de Espinho e o PSD de Gaia.
Etiquetas: José Sócrates
Concerto normal
É assim que eu gosto de escutar uma orquestra. Uma temporada regular, um maestro jovem, um programa variado. Um concerto absolutamente normal. Apenas um trompetista célebre mas numa obra contemporânea que eu desconhecia. Foi o concerto do passado Sábado na Casa da Música:
Orquestra Nacional do Porto com Olari Elts direcção musical, Håkan Hardenberger trompete.
Programa
I. Johannes Brahms Abertura Trágica
Rolf Martinsson Concerto para trompete n.º 1, A ponte
II. Dmitri Shostakovitch Sinfonia n.º 6
Devo dizer que o concerto para trompete não me estimulou muito, o extraordinário virtuosismo de Hardenberger e a orquestra Nacional do Porto corresponderam à chamada. Já a composição me pareceu repetitiva, sem grande imaginação, abusando das mesmas figuras rítmicas, piscando o olho ao público e cheia de barulho. Talvez a secção central, lenta e melancólica, escape a este facilitismo. Enfim, impressionou-me o trompetista pelo seu extraordinário virtuosismo.
Foi no resto do concerto, com obras de resistência do repertório, que a Orquestra Nacioal do Porto mais brilhou. Gostaria de ter escutado uma sinfonia posterior de Shostakovitch mas a sexta serviu bem para se apreciar a orquestra. Em formação "pesada" sinfónica, com as cordas completas, deixei de notar a crónica carência de som dos violoncelos e das violas que tenho sentido na sala Suggia. A orquestra demonstrou uma perfeita maturidade, densidade sonora, articulação entre os naipes, qualidade dos solistas. A orquestra prova repetidamente, pelo que eu tenho ouvido, que é a única orquestra sinfónica portuguesa - não incluo aqui a Gulbenkian que se afirma no seu próprio currículo como uma orquestra de formação variável que pode, reforçada, abarcar algum repertório sinfónico.
O maestro Olari Elts, jovem e concentrado, mostrou um enorme entusiasmo e energia, embora algumas vezes me tenha deixado a sensação de ainda estar um pouco preso à leitura da partitura, e tenha dada algumas entradas antecipadamente, o que poderia ter causado estragos que acabaram por não surgir devido à concentração dos músicos. Fez uma leitura interessante em Brahms e Shostakovitch.
Recomendo a ONP como um valor seguro que proporciona concertos de qualidade ao seu público.
Reparei entretanto que na Casa da Música Shostakovitch se escreve com "C" e que o palco é largo mas muito pouco profundo. Isto separa os naipes da orquestra, creio que seria necessária a existência de quatro degraus o que permitiria aproximar as trompas dos trompetes e trombones ficando a percussão acima de toda a orquestra. Mas é impossível colocar quatro degraus por falta de espaço. Assim a orquestra fica espalmada: notei desacertos entre trompas e trombones, por falta de comunicação separadas por clarinetes e fagotes, as trompas do lado esquerdo e os restantes metais do lado direito da percussão. A falta de profundidade do palco é um gravíssimo erro de concepção que ainda não vi discutido na imprensa ou pelos críticos. Fala-se da ausência de um possível fosso, que a existir seria um profundo disparate num auditório para música.
Um concerto normal que mostra uma orquestra de bom nível. Como eu escrevi acima: a Orquestra Nacional do Porto é a única orquestra sinfónica portuguesa.
P.S. (Secção jocosa mas...) Reparei nos sapatos dos músicos, muitos ostentam os apropriados sapatos de polimento, numa percentagem superior à média nacional, as casacas pareceram engomadas e as camisas limpas. Estão ainda longe do ideal mas melhor do que a Gulbenkian e a léguas de outras orquestras que por aí vão actuando. Nos concertos da Gulbenkian reparo também no moda feminina das senhoras de calça preta e top, no último (27 de Fevereiro) havia um grupo de quatro violinistas, as últimas dos primeiros violinos, que se apresentavam nestes preparos de fardamento que começa a ser ridículo. Porquê ceder a este facilitismo e a esta uniformidade acéfala na indumentária? Top preto e calça preta não é compatível com casaca masculina nem é roupa de cerimónia. Nem para as criadas seria aceite...
Orquestra Nacional do Porto com Olari Elts direcção musical, Håkan Hardenberger trompete.
Programa
I. Johannes Brahms Abertura Trágica
Rolf Martinsson Concerto para trompete n.º 1, A ponte
II. Dmitri Shostakovitch Sinfonia n.º 6
Devo dizer que o concerto para trompete não me estimulou muito, o extraordinário virtuosismo de Hardenberger e a orquestra Nacional do Porto corresponderam à chamada. Já a composição me pareceu repetitiva, sem grande imaginação, abusando das mesmas figuras rítmicas, piscando o olho ao público e cheia de barulho. Talvez a secção central, lenta e melancólica, escape a este facilitismo. Enfim, impressionou-me o trompetista pelo seu extraordinário virtuosismo.
Foi no resto do concerto, com obras de resistência do repertório, que a Orquestra Nacioal do Porto mais brilhou. Gostaria de ter escutado uma sinfonia posterior de Shostakovitch mas a sexta serviu bem para se apreciar a orquestra. Em formação "pesada" sinfónica, com as cordas completas, deixei de notar a crónica carência de som dos violoncelos e das violas que tenho sentido na sala Suggia. A orquestra demonstrou uma perfeita maturidade, densidade sonora, articulação entre os naipes, qualidade dos solistas. A orquestra prova repetidamente, pelo que eu tenho ouvido, que é a única orquestra sinfónica portuguesa - não incluo aqui a Gulbenkian que se afirma no seu próprio currículo como uma orquestra de formação variável que pode, reforçada, abarcar algum repertório sinfónico.
O maestro Olari Elts, jovem e concentrado, mostrou um enorme entusiasmo e energia, embora algumas vezes me tenha deixado a sensação de ainda estar um pouco preso à leitura da partitura, e tenha dada algumas entradas antecipadamente, o que poderia ter causado estragos que acabaram por não surgir devido à concentração dos músicos. Fez uma leitura interessante em Brahms e Shostakovitch.
Recomendo a ONP como um valor seguro que proporciona concertos de qualidade ao seu público.
Reparei entretanto que na Casa da Música Shostakovitch se escreve com "C" e que o palco é largo mas muito pouco profundo. Isto separa os naipes da orquestra, creio que seria necessária a existência de quatro degraus o que permitiria aproximar as trompas dos trompetes e trombones ficando a percussão acima de toda a orquestra. Mas é impossível colocar quatro degraus por falta de espaço. Assim a orquestra fica espalmada: notei desacertos entre trompas e trombones, por falta de comunicação separadas por clarinetes e fagotes, as trompas do lado esquerdo e os restantes metais do lado direito da percussão. A falta de profundidade do palco é um gravíssimo erro de concepção que ainda não vi discutido na imprensa ou pelos críticos. Fala-se da ausência de um possível fosso, que a existir seria um profundo disparate num auditório para música.
Um concerto normal que mostra uma orquestra de bom nível. Como eu escrevi acima: a Orquestra Nacional do Porto é a única orquestra sinfónica portuguesa.
P.S. (Secção jocosa mas...) Reparei nos sapatos dos músicos, muitos ostentam os apropriados sapatos de polimento, numa percentagem superior à média nacional, as casacas pareceram engomadas e as camisas limpas. Estão ainda longe do ideal mas melhor do que a Gulbenkian e a léguas de outras orquestras que por aí vão actuando. Nos concertos da Gulbenkian reparo também no moda feminina das senhoras de calça preta e top, no último (27 de Fevereiro) havia um grupo de quatro violinistas, as últimas dos primeiros violinos, que se apresentavam nestes preparos de fardamento que começa a ser ridículo. Porquê ceder a este facilitismo e a esta uniformidade acéfala na indumentária? Top preto e calça preta não é compatível com casaca masculina nem é roupa de cerimónia. Nem para as criadas seria aceite...
Etiquetas: Crítica, Crítica de Concertos, ONP
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