26.10.07
Novo Fórum de Educação Artística
Educação Artística FÓRUM
Está aberto um novo fórum na neta, o "Educação Artística FÓRUM", que se propõe, numa atitude de incentivar uma cidadania activa e participada, estimular um debate público e aberto sobre os rumos da Educação Artística em Portugal.
Num momento em que foi publicado um "Roteiro para a Educação Artística", um "Relatório de Avaliação do Ensino Artístico" e se leva a cabo uma "Conferência Nacional de Educação Artística", é indispensável a existência de um espaço de opinião livre e independente, onde os mais directamente envolvidos - os pedagogos da área, os artistas, os pais, os alunos, os directores pedagógicos de escolas de educação artística e seus gestores - possam ter voz e ser ouvidos, coisa que até ao momento parece ainda não ter sido possível.
Consulte, por favor, os anexos que contém todas as informações, link e opções de divulgação.
Grato pela atenção.
Cordiais cumprimentos
Carlos Araújo de Lima Alves
(moderador do Educação Artística FÓRUM)
contacto: educação.artística.forum@gmail.com
Etiquetas: Carlos Araújo Alves, Fórum de Educação Artística, Ideias Soltas
Cantar Lontano
Recordo o site Cantar Lontano.
Etiquetas: Cantar Lontano, Marco Mencoboni
23.10.07
Recital Sublime
Música e poesia ditas na perfeição, um grande compositor, grandes poetas, grandes intérpretes e perfeita harmonia. Holzmair canta a poesia de forma notável, tem dicção, expressão, naturalidade e sabe jogar inteligentemente com os seus limites. Sublinha as palavras agrestes e sombrias com a voz agreste ou mais escura e fá-lo de forma tão natural que parece ter conversado com Schubert. Os arcos sonoros são amplos, a respiração perfeita.
Imogen Cooper não acompanha, Cooper canta também ao piano a música de Schubert numa total participação e ligação com o cantor e a música. Incrível o rubatto lido entre os dois como se fossem o mesmo intérprete, lindíssimas as nuances, suavíssimo o touché.
Apenas um pouco de exagero na entrada de Heinrich Heine, "Der Atlas" (um poema de grande força) em que Holzmair perdeu um pouco a compostura e exagerou na dinâmica, chegando ao grito, logo voltando à emocionada contenção que o caracterizou num lindíssimo Ihr Bild. Admito que é uma questão de gosto, mas depois daquela Serenata, depois do Ihr Bild, passando num angustiada sequência - verdadeiramente arrasadora - com Aufenthalt, Herbst, In der Ferne e acabando noutra incrível tripla, também de uma profundíssima interioridade com Am Meer, Die Stadt (onde os intérpretes estiveram sublimes numa música que atravessa o tempo e atinge a eternidade) e finalizando num superlativo Doppelgänger, perdoa-se o leve excesso de força em "Der Atlas".
Superlativos os jogos de palavras em Abschied, brilhantes as sibilantes e a dicção em todo o recital.
Apesar dos limites de Holzmair, um barítono sem graves profundos e com agudos algo agrestres, a sua inteligência e a sua capacidade interpretativa, a inteligência e o diálogo com Imogen Cooper fizeram deste recital um acontecimento do mais alto nível. Nota máxima para esta tarde na Gulbenkian perante um público relativamente amorfo e escasso, onde primaram tosses, palmas antes de acabar a meditação necessária no final do Doppelgänger, dois toques de telemóvel e dois toques de mensagem de telemóvel....
Etiquetas: Imogen Cooper, Schubert, Schwanengesang, Wolfgang Holzmair
O Horror
Mas se o homem não sabe arranhar duas notas de seguida, desafina como um marinheiro depois de uns bons tragos de rum, grita como um possesso, tem a voz mais feia do que o trovão e demonstra o mesmo tipo de sensibilidade musical do que a maioria dos cantores do coro do S. Carlos, como se portará no confronto com Vaneev? (o Scarpia do primeiro elenco).
Entretanto a tal Chelsey Schill que mostrou voz esganiçada, agreste e sem corpo vocal, cantou pessimamente na nona de Beethoven, sem sequer conseguir articular as notas como estão escritas, é a tal cantora que vem cantar tudo e mais alguma coisa, desde a Gilda até à serpente do Nunes. Talvez não se saia mal na serpente...
O horror de uma temporada péssima parece antecipar-se depois dos dois horrendos concertos iniciais a que assisti. O serviço público está arredado do S. Carlos. Os programas são mal concebidos, sem lógica e sem qualquer concepção estética. Os maestros são escolhidos a dedo como más experiências, como se a OSP e o palco do S. Carlos servissem apenas para a miudagem andar a reinar "ao maestro" - algo que está na moda em Portugal actualmente. Os cantores são mal escolhidos, fraquíssimos, mal preparados e mal ensaiados. Os compositores portugueses desrespeitados, as obras mal preparadas e desvalorizadas por direcções incompetentes.
Há limites para a pouca vergonha e a desfaçatez. O S. Carlos recebe milhões dos contribuintes, e cobra bilhetes para ser actualmente palco de experiências imaturas da rapaziada, sem cura mas com hermenêutica incluída.
Espero que me engane mas o próximo ano será sempre a decair.
Entretanto para as óperas de Rachmaninoff ainda não está anunciado director musical, há várias hipóteses: a timpaneira da orquestra, o concertino, os cantores em rotação, enquanto não cantam pegam na batuta, uns na primeira parte outros na segunda, alguns rapazes simpáticos de Heildelberg, ou de outra cidade com um nome catita e sem orquestra sinfónica, o segurança que está na porta dos artistas, o segurança que está na porta da casa de banho do restaurante, os empregados do restaurante (ao menos sabem usar laço ou gravata), o João Paulo Santos, o próprio Sr. Hermenêutica, o Augusto Manuel Seabra, o Hermitage, a ministra da cultura, o Mário Lino, o Burmester, eu próprio, alguns amigos meus que estão a precisar de umas massas, etc..
Etiquetas: Christoph Dammann, José Cura, S. Carlos, Sr. Hermenêutica
20.10.07
Andou o Beethoven a escrever música para isto
Devo dizer que sofri com a nona de Beethoven, sofri como nunca tinha sofrido num concerto desde a Noite Transfigurada e o 2º Acto do Tristan na Culturgest. Uma vergonha, nunca pensei que uma obra pudesse sair tão vilipendiada, tão destruída, quer pela "direcção" de José Cura, quer pela orquestra sinfónica portuguesa, quer pelo coro, quer pelos solistas. Não escapou um, de alto a baixo.
Raramente fico sem palavras quando se trata de dizer mal, neste caso até tenho medo de começar a escrever, estou verdadeiramente sem palavras para comentar tamanho atentado à música, ao profissionalismo e tanta falta de respeito pelo público (que paga), pela música e, mesmo, pela memória de um grande entre os grandes compositores.
Entre aquilo a que se ouviu e a nona de Beethoven tocada de forma profissional não existe qualquer ponto de contacto. Tenho uma lista imensa de erros técnicos e falhanços básicos clamorosos, desde afinação, coesão, entradas erradas, solos errados, passagens inteiras dadas em notas erradas, cantores a fingir que cantavam o que está escrito sem nada que ver com o texto musical, som horrível, violinos muito fracos, violoncelos desafinados nos agudos, metade da orquestra perdida da outra, um scherzo que parecia o circo Chen, desacertos rítmicos constantes, pulsação irregular, instrumentos que nem sequer se davam ao trabalho de entrar, outros que entraram nas pautas, articulação esfarrapada, sforzandi dados ao acaso e quando se podia, os sopros que deveriam ter entrado na segunda afirmação do presto que inicia a parte coral ficaram nas lonas e o coro aos berros e a cantar ao lado.
Vejamos apenas alguns exemplos no primeiro andamento (a confusão foi tal no scherzo que basta indicar como exemplo o andamento inteiro): a flauta nem sequer as notas a contratempo no final (compassos 511 e 512) conseguiu dar e continuou de forma inenarrável até ao final da obra. Os sopros deixaram de se ouvir após os compassos 480 ou porque não tocaram ou porque se deixaram abafar pelas cordas, as fusas sairam uma trapalhada pegada nos compassos 401 e seguintes com as flautas a primarem pela asneira e depois pela ausência, o som foi feíssimo sempre que os violinos passavam do lá, exemplo comp. 297 e seguintes, também nos compasso 137, 363 (e em muitíssimos outros pontos) e sempre que em sfz em passagens rápidas com agudos, exemplo nos compassos 419, 420 e seguintes que soou horrível, etc, etc, etc.
Não existe sequer uma leitura da obra para se poder começar a falar de interpretação, um puro e simples desastre completo que começa numa direcção inexistente de Cura que nem sequer sabe mexer os braços de forma independente. Não me alongo mais, faltam-me os termos e posso ir longe de mais na enumeração do top da asneira, se falei da flauta foi como exemplo, o desastre foi total: a trompa, os clarinetes a tocar nas pausas, o oboé de som manhoso e pífio, é injusto para os que não cito... Ressalvo apenas os tímpanos e percussão, quase sempre certos, e os trombones que aparecem no final, numa intervenção breve mas conseguida.
O pior dos solistas foi Duisburg, um suposto baixo, que não consegue sequer acertar no tom das notas, e que arruinou completamente todo o recitativo de entrada na parte vocal. Desastroso e anedótico, se não fosse trágico, o que cantou pouco tem a ver com o que Beethoven escreveu, um cantor a cantar assim chumbaria no conservatório...
Os outros ainda tentaram mas não conseguiram.
Tenho também vergonha por este público que ficou a aplaudir e até a gritar alguns bravos quando não haveria melhor ocasião para patear e apupar. Eu não o fiz porque tive os bilhetes de graça e é considerado de mau tom apupar quem nos oferece os bilhetes, embora não seja considerado de mau tom aplaudir. Garanto que se tivesse pago bilhete teria apupado e batido com os pés e, embora seja contra a prática da balística com tomate extra maduro, acho que os adeptos deste legume tão saudável bem poderiam hoje ter feito juz à pontaria.
Apelo 1: sr. Hermenêutica estava na assistência, sei que sabe e aprecia música, espero que tome providências para mudar isto. O S. Carlos está a entrar numa espiral de decadência acelerada, e eu sei que o sr. Hermenêutica sabe desse facto, porque até percebe do assunto e ouviu muito boas orquestras na antiga RDA. Não deve ser isto que quer.
Apelo 2: O sr. Cura se quer fazer experiências de direcção de orquestra que as faça com o seu dinheiro e não contribua ainda mais para o descrédito da sinfónica que ostenta o bom nome de Portugal e é paga com o dinheiro dos contribuintes.
Acho que devo escrever isto também em inglês para aparecer nos motores de busca sobre o Cura, o que se passou hoje foi demasiado escandaloso...
Etiquetas: Christoph Dammann, José Cura, S. Carlos, Sr. Hermenêutica
19.10.07
O Ring de Keilberth
Ouvi agora mesmo o final da Valquíria com um Hans Hotter no clímax das suas capacidades vocais, de uma grandeza infinita, com uma voz sublime e nobre e uma orquestra majestosa onde o que mais me impressionou foi o som das cordas no final deste drama eterno de Wagner.
É de tal modo arrepiante que fico sem palavras para descrever a força avassaladora e a emoção tremenda que me transporta por estes mais de cinquenta anos de diferença até um tempo que não vivi. O som cria uma atmosfera de tal modo mágica que parece que estamos presentes no instante da criação. Os olhos de Brünnhilde fitam-nos nas palavras do seu pai Wotan, escutamos todos os sons do palco, tal como se estivéssemos em Bayreuth, sem disfarces, sem mácula. Não se trata de uma reengenharia digital de hoje. O som da DECCA de 1955 está ali, perfeito e majestoso, como se de uma estátua de granito que sobreviveu incolme ao passar do tempo, congelada há espera da descoberta.
Wagner por Keilberth, poético, apaixonado, cada nota trabalhada com ternura, cada frase com sentido poético, cada trecho uma nova descoberta...
É um testamento que cada wagneriano deve adquirir e amar, é uma estátua granítica incabada, viva, imperfeita nos seus defeitos que lhe realçam as suas qualidades, mas tão bela que não se lhe pode resistir. É para amar até à morte.
São estas descobertas que fazem a vida valer a pena...
Etiquetas: Bayreuth, Hotter, Keilberth, Ring, Wagner
15.10.07
Escândalo no S. Carlos?
Parece que a portuguesa foi tocada na versão "hino", aquela que todos conhecemos.
Parece que o tenor (fui informado posteriormente que foi o tenor e não o barítono) escalado para o programa não sabia ou não pode cantar aquilo que lhe estava destinado e o programa foi reduzidíssimo.
Contaram-me, por telefonema recebido ontem, estas situações.
Alfredo Keil merecia muito mais.
Continua a bandalheira pós Pinamonti? Será que estamos entregues aos bichos?
Espero por mais dados para me pronunciar mas este início de gestão da OPART começa a revelar-se uma catástrofe e uma pouca vergonha.
Etiquetas: Alfredo Keil, Christoph Dammann, S. Carlos, Sr. Hermenêutica
12.10.07
Uma Igreja com nove mil lugares
O local é interessante sociologicamente enquanto sede de crendice analfabeta, superstição e, depois, como palco de uma histeria colectiva ignorante e beata, longínqua daquilo que entendo ser, na minha consciência, a verdadedeira e profunda Fé. É um negócio, é um circo onde vendilhões prostituem o Templo.
Evidentemente respeito quem acredita naquilo. Respeito quem lá vai de joelhos, quem se arrasta para lá com dificuldade mas deploro a sociedade que criou tais padrões e tanta ingorância, tão distante daquilo que penso ser o verdadeiro papel humanista do cristianismo. É claro que não concordo com a exploração da ignorância que a Igreja Católica tem feito, da qual o maior expoente foi o muito elogiado João Paulo II, no meu entender um Papa político e inteligente no início do seu reinado mas também um dos mais decadentes exemplos do que se pode tornar a igreja. Um papa perverso doutrinariamente que, no meu entender, generalizou a corrupção da raiz cristã da igreja, caindo na mariolatria e no obscurantismo e acabando na mais profunda decadência física e mental. A história de interpretação do chamado "terceiro segredo", a sua gestão pessoal e egocêntrica revela, mais uma vez no meu entender, um profundo estado de decadência e um orgulho desmesurado (e pecaminoso embora "infalível"), no entanto foi adorado pelas multidões até ao fim, como Fátima.
É evidente que o meu modelo de papado é o de João XXIII e agora, aos poucos, começo a apreciar vivamente este Bento XVI, um homem inteligente que nunca será tão popular como o antecessor, que conhece bem o mundo em que vive, que conhece profundamente as raízes doutrinárias e o sentido profundo dos textos fundadores e o seu lugar na história. Um Sumo Pontífice que sabe que o capital de Fátima não se pode desperdiçar e a importância que os "lugares mágicos" têm para o ser humano desde a idade da pedra. O desvalorizar do local por Bento XVI representa um retorno ao vernáculo doutrinário: Cristo é central na Trindade de Niceia. No entanto tem o seu lugar na propagação da fé e poderá ser útil no futuro como local de reunião e de celebração para quem tem essa necessidade. Apesar da sua reserva Bento XVI percebe a importância de fenómenos como Fátima. A sua desvalorização aparente é uma revalorização teológica e uma mensagem eloquente no seu silêncio sobre o "fenómeno".
Esta igreja nova representa uma inflexão na histeria das multidões, é um local enorme, mas onde cabem apenas nove mil pessoas sentadas e não as centenas de milhar que acorrem a Fátima para cada aniversário das alucinações e não é consagrada a Maria, uma mensagem que não pode deixar de ser notada, porque nos seus mais de dois mil anos a Igreja nunca deixou de meditar profundamente no significado de cada vírgula.
Noto finalmente que temos estádios colossais, temos agora uma igreja nova com 9.000 lugares, mas não há um verdadeiro auditório de música em Portugal com mais de 1200 bons lugares sentados.
Etiquetas: Bento XVI, Fátima, Igreja da SS Trindade, Nova Igreja de Fátima
9.10.07
IMSLP
Etiquetas: IMSLP, International Music Score Library Project
7.10.07
Abertura de caça
Matam os gatos da quinta.
Matam aves de rapina, no dia 5 de Outubro deparei com um peneireiro a morrer crivado de chumbos. Nos últimos anos contei um casal de águias reais e cinco corujas. Deixam-nos a morrer nos campos porque as provas poderiam incriminá-los.
Abandonam os cães que não têm habilidade para a caça, quase sempre podengos miseravelmente tratados que vagueiam pelos campos uivando pela noite.
Disparam a escassos metros (deveriam estar a duzentos) de casas de habitação.
Hoje atiraram sobre a minha casa a cerca de vinte metros, na ilusão de um coelho algures no meio de vapores alcoólicos, tendo eu recolhido mais de quarenta chumbos nas paredes da construção.
Atravessam propriedades, onde estão crianças e senhoras, a dizer palavrões da pior espécie.
No café da aldeia lá estão eles, de camuflado, aos gritos e a beber aguardente.
Não são caçadores do regime livre, são membros de uma reserva associativa. Neste caso no concelho de Torres Vedras.
São os típicos caçadores portugueses, feios, porcos e maus, bêbedos e assassinos, matam-se entre eles por engano ou descuido, matam quem se atravessa na linha de qualquer imaginário coelho.
Nestes dias de caça passear no campo é quase suicídio e trabalhos agrícolas tornam-se perigosos.
São um milhão de bandidos, quase todos bêbedos, licenciados, por um qualquer ministro irresponsável, para matar. Sem fiscalização, sem guarda florestal, sem qualquer regra. O Estado desresponsabiliza-se e a bandalheira de um país sem lei, sem ordem e sem segurança é cada vez pior.
2.10.07
Subescrever
Concerto no S. Carlos - Maestro escandalosamente incompetente
Neste programa, criticam-se discos, criticam-se concertos e fazem-se antevisões, os chamados imperdíveis da próxima semana.
No próximo programa vamos discutir, em particular, o concerto do passado dia 28 de Setembro que reabriu o S. Carlos com programação Dammann. Por esse motivo faço apenas umas breves apreciações globais aqui e deixo o resto para o programa.
Uma grande cantora não basta para fazer um concerto
O maestro Connelius Meister, que andou aos pulinhos no estrado, foi uma espécie de anedota. Sem carisma, sem conhecimentos musicais, sem saber mexer os braços, sem dar indicações precisas aos músicos, sem qualquer capacidade de dar vida e cor à música, sem dar tempo para respirar aos cantores, sem a menor noção do estilo barroco e galante, sem compreensão da música portuguesa, numa leitura incapaz, incompetente, planar e arrastada, dando entradas com a batuta em cima e ao lado deixando confusos os músicos com o bailado caótico e aleatório da batuta, sem noção do espaço e do tempo, dirigindo aos solavancos, sem capacidade rítmica, atrasando e adiantando sem qualquer noção musical, assassinando positivamente as aberturas de Mozart e Verdi, transformando música de qualidade numa confusão inacreditável, destruindo inapelavalmente qualquer hipótese de brilho da música portuguesa, contribuindo para o massacre das jovens cantoras portuguesas em palco que não mereciam o tratamento sofrido. De onde saiu tal criatura? De um poço sem fundo?
Evidentemente que Cesário Costa seria um valor seguro, que até é afrontoso comparar com este rapazola vestido à Spirou que o Teatro de São Carlos teve o despudor de apresentar num concerto de abertura da temporada a "dirigir" Kasarova. Como diriam os ingleses este "maestro" foi acrescentar insulto à agressão... Proponho o Cesário Costa como director musical do Teatro de S. Carlos, o que até vai de encontro à filosofia "portuguesa" do sr. hermenêutica que leva a programas deste tipo. Façam programas assim mas com cabeça tronco e membros e ao menos assegurem a qualidade dos intérpretes a começar pelo maestro.
Um concerto mal programado, sem nexo temporal entre as obras em presença. Juntar génios como Mozart, Verdi, Rossini e Handel com Bellini, Marcos Portugal e Sousa Carvalho, juntar jovens cantoras pouco seguras à espera de oportunidade e dar-lhes árias inacreditáveis de dificuldade, sob a batuta de um incompetente incapaz de juntar tudo e dar brilho ao conjunto, ir buscar um cantor razoável, Fardilha, em certos papéis e pô-lo a berrar Handel, sem coloratura e numa desafinação capaz de arrepiar os cabelos de um surdo sob a capa de uns trompetes a dar notas erradas, sem estilo nem cor, a esborrachar passagens que deveriam ser brilhantes e sairam confrangedoras e, finalmente, enxovalhar uma grande cantora, depois desta ter sido dirigida por homens como Harnoncourt, com toda este terceiro mundismo, foi simplemente incoerente. Kasarova acabou a cantar ignorando olimpicamente o "maestro" depois de este ter destruído de forma incrível a sua primeira ária de Handel, com um acompanhamento orquestral de miséria que mais parecia um realejo sem corda. Um concerto miserável, apesar de Kasarova, um verdadeiro escândalo.
Apenas em Portugal se batem palmas a este circo, o público está surdo e completamente desprovido de sentido crítico e de cultura musical.
A direcção de Christoph Dammann, com o sr. hermenêutica por detrás, promete...
Etiquetas: Christoph Dammann, Cornelius Meister
1.10.07
Não há Festival de Mafra - Notícia do Dia Mundial da Música
Neste dia mundial da música as notícias não são grande coisa, soube hoje que o Festival Internacional de Música de Mafra não se realiza em 2007. As razões são pouco claras, não percebo bem quem tomou a decisão entre os vários "decisores" envolvidos. Parece que se realiza uma cimeira em Mafra, mas uma cimeira não justifica o silêncio dos responsáveis, não justifica o fim de um Festival que se realiza ao longo do mês de Outubro e que poderia ser deslocado no tempo ou até reduzido de forma razoável. Não há sequer a decência de enviar uma singela press release ou uma "nota de imprensa" do ministério da cultura. Do ministério recebo convites para passeios em eléctricos para o dia 30 de Setembro, recebo anúncios de protocolos da treta em Quadrazais de Baixo ou nos transportes colectivos do Porto. O último comunicado de imprensa, assim se chama pomposamente, publicado no site do ministério da cultura é relativo à viagem turística da ministra à Arábia Saudita, que aliás teve direito a reportagem lambe-botas no Expresso feita por jornalistas "convidados" para a mesma viagem. Do Festival de Mafra nem uma palavra... Parece, assim fui informado, que o IPM arrebanhou o Palácio de Mafra para a sua esfera, o mesmo IPM de Bairrão Oleiro que "demitiu" a Doutora Dalila Rodrigues do Palácio Nacional de Arte Antiga.
O público espera ainda, pacientemente, por um Festival que foi cancelado sem uma palavra para a opinião pública. Continua a palhaçada habitual dos (i)rresponsáveis da cultura em Portugal, somos (des)governados por mentecaptos iludidos por aparências, por autoritários desavergonhados incapazes de aceitar uma opinião contrária sem despedir o autor da ousadia de ter um pensamento independente. Somos (des)governados por gente sem pudor e sem o menor respeito pelo público que sustenta os seus vícios, gente que vai acabando com tudo o que se faz de qualidade em Portugal e despedindo os melhores entre os melhores.
Somos miseráveis e é bem feito, merecemos esta miséria.
E passou mais um dia mundial da música.
Etiquetas: Dia Munidal da Música, Festival de Mafra
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