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12.10.07

Uma Igreja com nove mil lugares 

Sou um crítico de Fátima, pura e simplesmente não acredito que alguma vez lá tenha estado qualquer santinha...
O local é interessante sociologicamente enquanto sede de crendice analfabeta, superstição e, depois, como palco de uma histeria colectiva ignorante e beata, longínqua daquilo que entendo ser, na minha consciência, a verdadedeira e profunda Fé. É um negócio, é um circo onde vendilhões prostituem o Templo.
Evidentemente respeito quem acredita naquilo. Respeito quem lá vai de joelhos, quem se arrasta para lá com dificuldade mas deploro a sociedade que criou tais padrões e tanta ingorância, tão distante daquilo que penso ser o verdadeiro papel humanista do cristianismo. É claro que não concordo com a exploração da ignorância que a Igreja Católica tem feito, da qual o maior expoente foi o muito elogiado João Paulo II, no meu entender um Papa político e inteligente no início do seu reinado mas também um dos mais decadentes exemplos do que se pode tornar a igreja. Um papa perverso doutrinariamente que, no meu entender, generalizou a corrupção da raiz cristã da igreja, caindo na mariolatria e no obscurantismo e acabando na mais profunda decadência física e mental. A história de interpretação do chamado "terceiro segredo", a sua gestão pessoal e egocêntrica revela, mais uma vez no meu entender, um profundo estado de decadência e um orgulho desmesurado (e pecaminoso embora "infalível"), no entanto foi adorado pelas multidões até ao fim, como Fátima.
É evidente que o meu modelo de papado é o de João XXIII e agora, aos poucos, começo a apreciar vivamente este Bento XVI, um homem inteligente que nunca será tão popular como o antecessor, que conhece bem o mundo em que vive, que conhece profundamente as raízes doutrinárias e o sentido profundo dos textos fundadores e o seu lugar na história. Um Sumo Pontífice que sabe que o capital de Fátima não se pode desperdiçar e a importância que os "lugares mágicos" têm para o ser humano desde a idade da pedra. O desvalorizar do local por Bento XVI representa um retorno ao vernáculo doutrinário: Cristo é central na Trindade de Niceia. No entanto tem o seu lugar na propagação da fé e poderá ser útil no futuro como local de reunião e de celebração para quem tem essa necessidade. Apesar da sua reserva Bento XVI percebe a importância de fenómenos como Fátima. A sua desvalorização aparente é uma revalorização teológica e uma mensagem eloquente no seu silêncio sobre o "fenómeno".
Esta igreja nova representa uma inflexão na histeria das multidões, é um local enorme, mas onde cabem apenas nove mil pessoas sentadas e não as centenas de milhar que acorrem a Fátima para cada aniversário das alucinações e não é consagrada a Maria, uma mensagem que não pode deixar de ser notada, porque nos seus mais de dois mil anos a Igreja nunca deixou de meditar profundamente no significado de cada vírgula.

Noto finalmente que temos estádios colossais, temos agora uma igreja nova com 9.000 lugares, mas não há um verdadeiro auditório de música em Portugal com mais de 1200 bons lugares sentados.

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