<$BlogRSDUrl$>

19.10.07

O Ring de Keilberth 

A edição de 1955 do Ring ao vivo de Keilberth (da Testament) que finalmente arranjei tempo para escutar, mesmo assim aos poucos, é algo monumental.
Ouvi agora mesmo o final da Valquíria com um Hans Hotter no clímax das suas capacidades vocais, de uma grandeza infinita, com uma voz sublime e nobre e uma orquestra majestosa onde o que mais me impressionou foi o som das cordas no final deste drama eterno de Wagner.
É de tal modo arrepiante que fico sem palavras para descrever a força avassaladora e a emoção tremenda que me transporta por estes mais de cinquenta anos de diferença até um tempo que não vivi. O som cria uma atmosfera de tal modo mágica que parece que estamos presentes no instante da criação. Os olhos de Brünnhilde fitam-nos nas palavras do seu pai Wotan, escutamos todos os sons do palco, tal como se estivéssemos em Bayreuth, sem disfarces, sem mácula. Não se trata de uma reengenharia digital de hoje. O som da DECCA de 1955 está ali, perfeito e majestoso, como se de uma estátua de granito que sobreviveu incolme ao passar do tempo, congelada há espera da descoberta.
Wagner por Keilberth, poético, apaixonado, cada nota trabalhada com ternura, cada frase com sentido poético, cada trecho uma nova descoberta...
É um testamento que cada wagneriano deve adquirir e amar, é uma estátua granítica incabada, viva, imperfeita nos seus defeitos que lhe realçam as suas qualidades, mas tão bela que não se lhe pode resistir. É para amar até à morte.

São estas descobertas que fazem a vida valer a pena...


Etiquetas: , , , ,


Arquivos

This page is powered by Blogger. Isn't yours?