
10.4.07
Festival de Páscoa - Ouro do Reno - A perfeição

De novo a intensa simplicidade do drama, cenografia dada pela música, orquestra personagem e factor motriz da acção. Já aqui escrevi sobre a magnificência da encenação e da música, volto para umas breves notas.
A 31 de Março, penavam os meus compatriotas em Lisboa com a Orquestra Sinfónica Portuguesa, e depois dos dias de Aix, a Filarmónica de Berlim voltou ao fosso da ópera. Wagner e o Ouro do Reno. A orquestra neste dia estava ainda mais refinada, o som era mais puro, o risco foi assumido na plena confiança de tudo poder. Rattle alterou sobretudo a violência com que a Tuba e a percussão realizaram as passagens mais sulfúreas da obra. Sem rasgar o som, os fortíssimos da tuba (incrívelmente dentro de uma estética sonora controlada) sobrepassaram toda a orquestra num efeito inusitado e violentíssimo, muito de acordo com o dragão ou com as fornalhas dos nibelungos. Os tímpanos foram também percutidos de forma violentíssima e seca, o que deu um efeito extremamente agressivo a estes momentos. Nunca tinha ouvido nada assim no Ouro do Reno, quer em gravação quer ao vivo. Ainda estou indeciso entre a crítica do efeito espúrio ou se aquilo faz sentido: em termos meramente analíticos e racionais acho desequilibrado, em termos emocionais achei fantástico, dionisíaco... Fico à espera do Siegfried dentro de dois anos, os efeitos sonoros do mesmo tipo multiplicam-se na celebração da natureza do Siegfried e Rattle provou que também consegue seduzir pela surpresa, pela experiência.
As bigornas trapalhonas de Aix foram substituidas por um efeito consistente e ritmado, violento e credível que, associado à força telúrica da tuba, criaram a máquina sonora da revolução industrial que Braunschweig habilmente capitalizou em termos cénicos.
A nota máxima de Rattle não foi, no entanto, este experimentalismo sonoro. Rattle sublinhou os detalhes e foi altamente conseguido no sentido de levar o drama para a frente, sem bloqueios. Foi propulsivo, rítmico e metódico, ao mesmo tempo que nunca deixou de ser subtil e refinado. Conduziu o canto com atenção, sublinhou o discurso, enfatizou os temas condutores. Nunca foi grosseiro ou brutal. Transparente nos pontos mais finos, como no prelúdio e primeira cena ou no momento em que as seis harpas entram no final, e telúrico nos momentos mais carregados, produziu um Wagner impossível e de sonho.
Os cantores foram quase os mesmo de Aix, fica aqui um resumo muito breve das suas actuações:
Wotan, Sir Willard White, excelente na sua idade, superou o nível de Aix quer como actor quer como cantor. Donner, Detlef Roth, superou muito a escala de Aix tendo sido muito mais consistente e imponente na sua invocação final. Froh, Joseph Kaiser, subiu de novo e muito, esteve rutilante nos agudos e mostrou-se melhor na representação. Loge, Robert Gambill, foi ainda superior a Aix, mais irónico e refinado, com a voz mais macia e subtil, esteve ao nível máximo possível. Fasolt, Iain Paterson, uma novidade no cast, talvez um pouco inferior ao nível do Fasolt de Aix provavelmente pela tensão da estreia, foi no entanto muito sólido. Fafner, Alfred Reiter, superou Aix, sendo mais brutal e profundo. Alberich, Dale Duesing, se em Aix criticámos a sua voz pequena e elogiámos a sua capacidade de composição, agora nem a voz pequena se notou tanto, esteve excelente. Mime, Burkhard Ulrich, excelente ao nível de Aix onde já tinha sido magistral, falta-lhe apenas um pouco mais de voz. Fricka, Lilli Paasikivi, esteve muito bem de novo, mesmo nível de Aix. Freia, Annete Dasch, uma nova aquisição em Salzburg que melhorou em muito o cast de Aix, Dasch tem uma belíssima voz, fresca e subtil, sem excesso de stress vocal e de vibrato; como actriz esteve atormentada pelo rapto e acabou cúmplice de Fasolt, perfeita. Erda, Anna Larsson, como sempre igual a si própria, ela é a encarnação de Erda, linda e profunda como a terra, um pequeno grande papel ao mesmo nível de Aix. Woglinde: Sarah Fox, mesmo bom nível de Aix. Wellgunde, Victoria Simmonds, superou um pouco Aix estando agora ao nível das outras filhas do Reno. Flosshilde, Ekaterina Gubanova, mesmo nível de Aix.
Como se viu se em Aix tinha sido excelente em Salzburg aproximámos o óptimo, até por questões acústicas (em Salzburg a acústica é muito superior ao velho teatro do Arcebispado). Creio ser impossível superar um tão belo e equilibrado naipe de cantores, sem nenhuma "super estrela" incluída. Bem como será quase impossível superar esta orquestra e esta direcção e conseguir uma encenação "pós-moderna" mais equilibrada com a música e o drama.
Deixámos de pensar e analisar para ouvir e sentir, retirando um prazer ilimitado da fruição da Obra de Arte Total. Finalmente.
Etiquetas: Filarmónica de Berlim, Rattle, Rheingold, Salzburg, Stéphane Braunschweig, Wagner
1.4.07
Festival de Páscoa de Salzburg
E cá estamos em Salzburg, ontem com um Ouro do Reno magnificente pela Filarmónica de Berlim e sob a batuta de Rattle, o mesmo Ouro de Aix de Stéphane Braunschweig, mas muito mais apurado em termos musicais e teatrais. Simplesmente de ir às lágrimas...
Hoje continua com a Filarmónica e Rattle para um concerto que culmina com Brahms, para o fim da semana Lang Lang e mais filarmónica e alguns concertos de câmara no Mozarteum. Ficam prometidas críticas.
A Primavera aqui está deslumbrante de calor e verde.
Hoje continua com a Filarmónica e Rattle para um concerto que culmina com Brahms, para o fim da semana Lang Lang e mais filarmónica e alguns concertos de câmara no Mozarteum. Ficam prometidas críticas.
A Primavera aqui está deslumbrante de calor e verde.
Etiquetas: Crítica de Concertos, Filarmónica de Berlim, Rattle, Rheingold, Stéphane Braunschweig
29.3.07
Seabra volta
A ler os textos (derivas) de Augusto Manuel Seabra no site da Culturgest. As reflexões de Seabra são muito pertinentes e essenciais no espaço público deste Portugal cada vez mais amordaçado. Não posso nem consigo voltar a atacar o Seabra da forma que fiz em tempos, apesar de algumas discordâncias de estilo e forma. O Seabra é inegavelmente um pensador profundo e corajoso, para mim é melhor quando aborda os grandes temas e disserta sobre cultura, e política da mesma, numa perspectiva estratégica e global. De ler e rever os dois últimos textos sobre "Os Anos Pinamonti".
Concordo inteiramente com a referência ao último Wozzeck, obra prima da literatura operática, feita com grande dignidade musical por um grande director e encenada de forma subtil e profunda por um, verdadeiramente, grande encenador. Para mim este Wozzeck foi talvez a melhor realização dos anos Pinamonti, muito acima da espectacular (e pouco referida por Seabra) encenação centrada em torno do ego de Vick da primeira metade da Tetralogia; que está muitos furos furos abaixo da encenação do mesmo Vick para o Werther, outra das grandes realizações dos anos Pinamonti.
O espaço público está amordaçado pela pesada modorra política, pelo domínio dos bonzos opinativos habituais e pela estupidez e anti cultura que grassam nos chamados jornais de referência com "O Público" cada vez mais desastroso, o Diário de Notícias a degradar-se cada dia que passa com mais uma direcção e o Expresso que, apesar da espessura, dedica cada vez menos espaço à cultura. É necessário recriar novos espaços públicos e formas de reflexão crítica sobre a arte e sociedade. O Site da culturgest abre um espaço que é necessário mas muito mais tem de ser feito.
Concordo inteiramente com a referência ao último Wozzeck, obra prima da literatura operática, feita com grande dignidade musical por um grande director e encenada de forma subtil e profunda por um, verdadeiramente, grande encenador. Para mim este Wozzeck foi talvez a melhor realização dos anos Pinamonti, muito acima da espectacular (e pouco referida por Seabra) encenação centrada em torno do ego de Vick da primeira metade da Tetralogia; que está muitos furos furos abaixo da encenação do mesmo Vick para o Werther, outra das grandes realizações dos anos Pinamonti.
O espaço público está amordaçado pela pesada modorra política, pelo domínio dos bonzos opinativos habituais e pela estupidez e anti cultura que grassam nos chamados jornais de referência com "O Público" cada vez mais desastroso, o Diário de Notícias a degradar-se cada dia que passa com mais uma direcção e o Expresso que, apesar da espessura, dedica cada vez menos espaço à cultura. É necessário recriar novos espaços públicos e formas de reflexão crítica sobre a arte e sociedade. O Site da culturgest abre um espaço que é necessário mas muito mais tem de ser feito.
Etiquetas: Augusto M. Seabra, Culturgest, ópera, Pinamonti, S. Carlos, Stéphane Braunschweig, Vick, Wozzeck
22.1.07
Wozzeck arrasador
A ópera de Alban Berg foi levada à cena no CCB pelo Teatro Nacional de S. Carlos.
Em brevíssimas palavras:
Encenação perfeita, inteligente e sóbria de Stéphane Braunschweig.
Naipe de cantores/actores excelente, sem excepção, um pequeno erro de casting com Lefebvre, o tenor francês que fez de capitão, mas o que faltou em voz sobrou em caracterização e representação.
A Marie de Brigitte Pinter foi simplemente notável, cada vez mais a aproximar-se do registo de soprano dramático e a afastar-se do mezzo. Notável a dicção, notável o pensamento e a arte do sprechstimme, notável a facilidade de articulação de um papel que vai do mib grave ao dó# agudo, com frases que se articulam em duas oitavas e meia, caso da frase em que contempla o pedaço de espelho, escrito "molto legero" e foi realmente molto legero, a facilidade de articulação e representação de Pinter demonstram um profissionalismo e entrega seríssima ao trabalho.
Também o excelente Wozzeck de Dietrich Henschel foi notável: foi um Wozzeck frágil, atormentado, psicogicamente debilitado, com uma voz seca e áspera, no limite da voz e no limite da representação, sem exceder a fronteira da contenção necessária à verosimilhança do papel. Interpretação musical notável, encarnou Wozzeck no topo do imaginável.
Todo o elenco foi de alto nível, a representação foi muito boa. Uma nota para o texto: foi sempre dito e cantado de forma claríssima, mesmo os portugueses a italiana o checo e o francês, estiveram todos excelentes.
Sobre o elenco pouco mais há a dizer: Margita foi imperioso no tambor-Mor, Johann Werner Prein foi um excepcional Médico, um papel pequeno servido por um enorme cantor, Carlos Guilherme em Andres esteve muitíssimo bom, qualidade a que nos tem habituado desde há muito tempo e que nos deu tão bem no Nariz, Claudia Nicole Bandera foi uma Margret convincente num papel ingrato pela sua presença constante em palco quase sem cantar, Andreas Macco foi um bom Primeiro Trabalhador e Luís Rodrigues foi também um óptimo Segundo Trabalhador, finalmente o Marco Alves dos Santos foi um belíssimo "O Idiota", representando com sentido histriónico um papel como todos os outros bem difícil. Não há facilidades nesta partitura.
Os meninos do coro da Academia dos Amadores de Música foram também perfeitos com destaque para o que fez de filho de Marie.
Direcção precisa, trabalhada, sem agressividade (tão vista nesta ópera em tantas direcções e tão desnecessária) de Eliahu Inbal. Orquestra quase perfeita, apenas o interlúdio orquestral (falta de coesão nas entradas) antes do final e um solo de trompete com uma nota errada mancharam o belíssimo trabalho da orquestra na récita de sexta feira. No domingo voltou a notar-se falta de coesão na entrada da orquestra depois do harpejo da harpa no início do interlúdio orquestral, de resto esteve perfeita e ainda melhor do que na récita anterior.
Sem excessos sonoros, com subtileza, a Orquestra Sinfónica Portuguesa não parecia a formação que tem aparecido ultimamente. Solos da viola cheios de poesia e tensão, metais magníficos em geral, os trombones foram superlativos, trompas perfeitas, tubas (contando com a de palco) muitíssimo bem. De resto: violoncelo solista muito bom, oboés precisos, fagotes e contrafagote em belo plano, clarinetes incisivos, harpa, celesta, xilofone, percussão, tudo exacto e de qualidade elevadíssima. Cordas em bom plano de conjunto.
Coro fracote como sempre, mas sem destruir...
Será que sem Pinamonti no S. Carlos teremos o prazer de ouvir esta música por estes intérpretes nestas produções e a estes custos? Será que Mário Vieira de Carvalho e os mangas de alpaca do governo socialista vão ter o desplante de despedir um director desta craveira para meter um aparatchnik no lugar de Director do Teatro Nacional de Ópera?
Será que o Teatro La Fenice de Veneza vai ter como próximo director um homem despedido por políticos portugueses?
Espero que, se isso acontecer, Pinamonti tenha os maiores sucessos num palco internacional de grande categoria, como não tenho a menor dúvida que terá. Ele merece mais do que andar a mendigar esmolas a um governo que não lhe dá valor para conseguir produzir obra de qualidade a custos baixíssimos. Para felicidade dos que tiverem o prazer de ter na sua cidade, e país, um homem da estatura de Pinamonti à frente de uma Casa de Ópera.
Como sempre parece que desdenhamos do melhor para satisfazer mesquinhos caprichos de poder. Espero que me engane...
Em brevíssimas palavras:
Encenação perfeita, inteligente e sóbria de Stéphane Braunschweig.
Naipe de cantores/actores excelente, sem excepção, um pequeno erro de casting com Lefebvre, o tenor francês que fez de capitão, mas o que faltou em voz sobrou em caracterização e representação.
A Marie de Brigitte Pinter foi simplemente notável, cada vez mais a aproximar-se do registo de soprano dramático e a afastar-se do mezzo. Notável a dicção, notável o pensamento e a arte do sprechstimme, notável a facilidade de articulação de um papel que vai do mib grave ao dó# agudo, com frases que se articulam em duas oitavas e meia, caso da frase em que contempla o pedaço de espelho, escrito "molto legero" e foi realmente molto legero, a facilidade de articulação e representação de Pinter demonstram um profissionalismo e entrega seríssima ao trabalho.
Também o excelente Wozzeck de Dietrich Henschel foi notável: foi um Wozzeck frágil, atormentado, psicogicamente debilitado, com uma voz seca e áspera, no limite da voz e no limite da representação, sem exceder a fronteira da contenção necessária à verosimilhança do papel. Interpretação musical notável, encarnou Wozzeck no topo do imaginável.
Todo o elenco foi de alto nível, a representação foi muito boa. Uma nota para o texto: foi sempre dito e cantado de forma claríssima, mesmo os portugueses a italiana o checo e o francês, estiveram todos excelentes.
Sobre o elenco pouco mais há a dizer: Margita foi imperioso no tambor-Mor, Johann Werner Prein foi um excepcional Médico, um papel pequeno servido por um enorme cantor, Carlos Guilherme em Andres esteve muitíssimo bom, qualidade a que nos tem habituado desde há muito tempo e que nos deu tão bem no Nariz, Claudia Nicole Bandera foi uma Margret convincente num papel ingrato pela sua presença constante em palco quase sem cantar, Andreas Macco foi um bom Primeiro Trabalhador e Luís Rodrigues foi também um óptimo Segundo Trabalhador, finalmente o Marco Alves dos Santos foi um belíssimo "O Idiota", representando com sentido histriónico um papel como todos os outros bem difícil. Não há facilidades nesta partitura.
Os meninos do coro da Academia dos Amadores de Música foram também perfeitos com destaque para o que fez de filho de Marie.
Direcção precisa, trabalhada, sem agressividade (tão vista nesta ópera em tantas direcções e tão desnecessária) de Eliahu Inbal. Orquestra quase perfeita, apenas o interlúdio orquestral (falta de coesão nas entradas) antes do final e um solo de trompete com uma nota errada mancharam o belíssimo trabalho da orquestra na récita de sexta feira. No domingo voltou a notar-se falta de coesão na entrada da orquestra depois do harpejo da harpa no início do interlúdio orquestral, de resto esteve perfeita e ainda melhor do que na récita anterior.
Sem excessos sonoros, com subtileza, a Orquestra Sinfónica Portuguesa não parecia a formação que tem aparecido ultimamente. Solos da viola cheios de poesia e tensão, metais magníficos em geral, os trombones foram superlativos, trompas perfeitas, tubas (contando com a de palco) muitíssimo bem. De resto: violoncelo solista muito bom, oboés precisos, fagotes e contrafagote em belo plano, clarinetes incisivos, harpa, celesta, xilofone, percussão, tudo exacto e de qualidade elevadíssima. Cordas em bom plano de conjunto.
Coro fracote como sempre, mas sem destruir...
Será que sem Pinamonti no S. Carlos teremos o prazer de ouvir esta música por estes intérpretes nestas produções e a estes custos? Será que Mário Vieira de Carvalho e os mangas de alpaca do governo socialista vão ter o desplante de despedir um director desta craveira para meter um aparatchnik no lugar de Director do Teatro Nacional de Ópera?
Será que o Teatro La Fenice de Veneza vai ter como próximo director um homem despedido por políticos portugueses?
Espero que, se isso acontecer, Pinamonti tenha os maiores sucessos num palco internacional de grande categoria, como não tenho a menor dúvida que terá. Ele merece mais do que andar a mendigar esmolas a um governo que não lhe dá valor para conseguir produzir obra de qualidade a custos baixíssimos. Para felicidade dos que tiverem o prazer de ter na sua cidade, e país, um homem da estatura de Pinamonti à frente de uma Casa de Ópera.
Como sempre parece que desdenhamos do melhor para satisfazer mesquinhos caprichos de poder. Espero que me engane...
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