<$BlogRSDUrl$>

28.2.10

Dammann soma e segue 

Continua o escândalo Dammann: cantores piores que maus. Orquestra péssima, coro abominável. Mais uma encenação banal, mas o pior de tudo são as escolhas artísticas. Anuncia a D. Branca do monárquico Keil (e amigo de D. Carlos) mas sem cantores para Setembro e Outubro de 2010 para celebrar a república...
Será que pagou aos que andaram por aí a fazer uns ensaios lamentáveis? Será que o tenor mostrou atestado médico? Será que não pagou aos cantores? Onde estava o plano de contigência? Que andou o João Paulo Santos a fazer com os materiais? Quanto é que este cancelamento custou ao erário público em época de crise?
E depois tem a lata de vir pedir mais dinheiro para a uma entrevista na Rádio...
A minha conclusão é que nada foi explicado por detrás de uma "doença" de um tenor, demasiado conveniente, e que me pareceu óptimo e fresquíssimo ao telemóvel no dia em devia ter sido a estreia. Como estava cheio de planos para a semana seguinte e o "seu Baile de Máscaras"! Quando lhe perguntei como ia a sua terrível doença, no final da conversa, ele disse-me: "Silêncio Absoluto o doutor deu-me uma semana de repouso" e aí tossiu uma tosse "cagalhoeira" (como se dizia na terra da minha avó) e enrrouqueceu durante 10 segundos para crítico ouvir...

Etiquetas: ,


23.2.10

CREL e Madeira 

Penso que o Miguel Albuquerque devia ser convidado para coordenar a remoção das terras na CREL...

Etiquetas:


22.2.10

Um artista português 

José Sousa: O homem é mesmo um grande artista e ainda há palermas capazes de lhe fazerem uns favores.

Etiquetas:


5.2.10

Para que serve ele? 

Este post é escrito após o concerto de 4 de Fevereiro de 2010 na Gulbenkian.

Em conversas com muitos melómanos que assistem aos concertos na Gulbenkian é costume dizer-se: "O Foster até é bom, mas não é um grande intérprete de Mozart, está fora do melhor repertório do maestro..." ou "O Foster até que dirige bem mas não é um especialista em Strauss"... ou "O Foster é um excelente maestro mas é demasiado pesado para Mendelssohn"... "A música contemporânea não é o forte de Foster, ele é muito bom noutros repertórios"... ou ainda "O Foster não é historicamente informado"...

Vem isto a propósito de um concerto a que assisti ontem. Mais uma vez observei a direcção do maestro americano em Mahler. Mais precisamente em "A Trompa Mágica do Rapaz"...

Foster dirige de uma forma assaz peculiar, circular, impreciso, o seu timming é ao compasso, nunca antecipa os movimentos e as entradas, quando não anda atrás da orquestra é porque está a tempo com a mesma. Este sintoma é, infelizmente, sinal de que Foster não dirige, Foster vai com os acontecimentos, Foster é dirigido pela obra e conduzido pela orquestra. A sua géstica é assaz deselegante, uma espécie de mistura entre um pasteleiro amassando a massa do bolo, um sinaleiro que levanta o braço esquerdo para mandar parar um trânsito há muito estacado e, a espaços, um toureiro de mãos atrás das costas depois de espetar uma bandarilha. A sua mão esquerda, de polegar invariavelmente esticado, vai pedindo boleia aos músicos da orquestra à procura da carrugem certa onde nunca entra.

Esta incapacidade de controlar os acontecimentos, a circularidade imprecisa do gesto, a errática escolha das entradas, o fecho do movimento, quando o som já lá chegou, e até expirou, são apenas sintomas de algo muito pior: uma falta de qualidade que se vem instalando e repetindo sistematicamente.

A mediocridade das suas direcções em obras mais complexas surge de forma confrangedora. Ontem, em Mahler, eu atingi o ponto de não retorno, ontem acabou o benefício da dúvida há espera de Godot há demasiados anos. Mais uma vez Foster foi grosseiro, óbvio e pouco subtil. A construção do som foi deficiente, a direcção foi superficial e não atingiu o âmago. Não foi irónica na espantosa crítica de Mahler aos críticos e perdida num óbvio, pesado e amalgamado (no mau sentido) conjunto, nunca se escutou o rouxinol, apenas os outros comparsas, e nem as quintas e as quartas sairam perfeitas e a tempo. Foster não foi trágico quando o menino morre de fome, não foi inspirado nem incisivo nem cíclico no sermão de Santo António. Com Foster não há planos sonoros, com Foster não há transparências, sobra apenas um caldo de notas onde, com muita sorte, os instrumentos entram a tempo e acabam juntos.
Com Foster não há equilíbrio, há apenas empastelamento numa espécie de corrida de carrossel ao som de um realejo. Pizzicati transformados em harpejos, entradas esborrachadas, som pouco coeso, estes os cartões de visita de uma direcção Foster quando dirige uma obra um pouco mais complexa e com mais detalhe do que "num mercado persa". É caso para dizer que este carrossel precisa de inspecção...

Mais uma vez não existiu densidade nas cordas. Afinal como se explica o critério da colocação dos contrabaixos longe dos fagotes e dos trombones do lado esquerdo da orquestra? Qual a razão do naipe dos segundos violinos, já de si pobre em som, ficar do lado direito a projectar o som para dentro da orquestra quando os violoncelos podem, com vantagem acústica, ser colocados na mesma posição sem perda de som?

Enfim mais um concerto perdido com uma direcção errática e sem critério, incerta, apenas movimento, apenas exterioridade sem a menor consequência numa riqueza musical apenas entrevista em memórias de Bruno Walter, de Szell, de Kubelik, de Boulez, alguns que me ocorreram entre largas dezenas de bons exemplos entre os quais não pontifica Foster. Grosseiro e pobre. Triste Mahler nas mão de semelhante banda de feira. E se há bons músicos nesta orquestra!? claro que há, mas com Foster temos sorte se, rapidamente, a massa se for mexendo.

Alguém dizia no fim: "Realmente o Foster não é um mahleriano". Mas afinal ele é quem musicalmente? Um especialista em Franz von Suppé? Um dedicado intérprete de Chabrier? Um grande intérprete de valsas? Um magistral director de Enesco? Um mestre da "americanada" vigorosa? Um emérito especialista em música de circo? Um Masseneano? Um dedicado especialista em música judaica? Um especialista em obras tipo: "pagode chinês" ou "bacanal" do Sansão e Dalila? Afinal para que serve ele musicalmente?

Ontem, para mim, o copo cheio finalmente transbordou e cheguei à, tantas vezes adiada, conclusão: Lawrence Foster está demasiado acomodado na Gulbenkian, demasiados anos, demasiada rotina, e nem sequer consegue vestir-se em condições para se apresentar em palco e respeitar o público, coisa que se perdoaria sem piscar os olhos a um grande artista mas que não se desculpa a quem não consegue dirigir ao mais alto nível compositores como Mahler.

P.S. Parabéns a Pedro Pacheco que conseguiu reunir energias para conseguir vestir o colete branco que respeita a casaca. Finalmente o cinturão negro de cabedal debaixo da respectiva barriguinha sobressaliente fica a bom recato. O seu a seu dono! Pacheco está mais confiante musicalmente e nota-se que bastou uma mínima mudança na aparência para aumentar a sua confiança e o seu brio profissional. E que me desculpe a brincadeira...

Etiquetas: , , , ,


Arquivos

This page is powered by Blogger. Isn't yours?