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29.2.08

Épico - Deslumbrante - Mágico 

Depois de uns dias ausentes em Nápoles e depois de uma violenta gripe cá estou de novo a escrever. Mas hoje não é um dia qualquer: acabei de escutar a incrível gravação da sétima de Beethoven por Jos van Immerseel a dirigir a orquestra Anima Eterna incluída na integral que acaba de sair. Devo dizer que a sensação de maravilhamento e encantamento pela força épica da música de Beethoven ainda me percorre todos os vasos do corpo. Não há palavras que consigam descrever a forma como o génio de Beethoven nos pode atingir através desta música e desta interpretação arrebatada e transcendente. É de ouvir e deixar a comoção entrar...

Se o resto for assim não vou dormir esta noite e esta será certamente a melhor integral das sinfonias de Beethoven.

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15.2.08

A verdadeira corrupção 

Fala-se muito de corrupção. O novel bastonário dos advogados fala de corrupção. Regressando ao sentido original da palavra, para mim a verdadeira corrupção é aquela a que este país está a ser sujeito. A corrupção da paisagem, da qualidade de vida, a corrupção do ar. O ambiente está estilhaçado, pútrido. O sentido estético do português é inexistente. Quando vejo os projectos assinados com orgulho e assumidos por José Pinto de Sousa, primeiro ministro de Portugal, sinto tristeza e comiseração. Até que ponto é possível descer tão baixo nos valores estéticos e mesmo civilizacionais? Ao ver-se aquele estendal de miséria percebe-se o desprezo do homem pelo ambiente, pela integridade de um país que já foi belo, percebe-se a degradação e corrupção de Portugal. É que nós elegemos um homem assim para primeiro ministro e nós, que deixámos que isto acontecesse, somos iguais ou piores.

Um homem corrupto é, no meu entender, um homem decadente, um homem vendido a quaiquer interesses que lhe tragam lucro fiduciário, praticamente capaz de tudo. Não é necessário que seja corrupto no sentido criminal do termo. A ambição, a ganância de dinheiro, a rapacidade, a arrogância, a utilização de expedientes, de truques para se ir safando, fazem do português médio o exemplo acabado de decadência e de corrupção humana. A falta de solidariedade, a falta das mais básicas noções de justiça, a ausência total de altruismo, fazem dos portugueses de hoje seres abúlicos, abstencionistas crónicos uns, vendidos outros, e quase todos desprovidos da capacidade de admirar o belo. Somos hoje um povo corrompido e decadente.

Os "Projectos de Interesse Nacional" o conluio entre empresários gananciosos, entre executivos municipais e o governo na destruição da Reserva Ecológica Nacional, é para mim o último exemplo do mais baixo nível de corrupção e degradação ética e moral a que o "homo portucalensis" chegou, curiosamente dentro da mais estrita legalidade. O exemplo da setecentos hectares na herdade da Comporta é mais uma gota neste escandaloso processo de corrupção e degradação do país, onde grupos económicos, como o Espírito Santo, meteram o governo no bolso.

Agora até temos o PIN especial, o "projecto de interesse nacional em 47 segundos" que interessa a quem lucra com o assunto à custa do património de todos. Se até vendemos o nosso ar, a nossa paisagem, a nossa integridade, o que teremos para vender amanhã quando não sobrar nada?

Tudo vale para enriquecer, e se os promotores imobiliários ganham muitos milhões, o que será que ganham os outros?

Como diz o povo português: "Ou há moralidade ou comem todos". Parece que não ganham todos nem há moralidade. E está toda a gente a dormir e ninguém faz nada. Ao pé disto a questão do ensino artístico é um épsilon...

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Angela Hewitt 

Angela Hewitt foi notável nos dois cadernos do Cravo bem Temperado de Bach. Ouvi no dia 13 de Fevereiro e fiquei encantado com a abordagem aparentemente simples, que privilegeou o domínio dos timbres, fruto de um touché subtil e refinado. Utilizou dinâmicas muito delicadas que serviram mais para realçar uma ou outra voz e raramente como forma de expressão, sugerida muito mais pela articulação, sensibilidade e uso muito refinado, quase imperceptível, da manipulação do tempo.

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Orquestra Sinfónica Portuguesa em Concerto 

A Orquestra sinfónica portuguesa fez um concerto razoável no CCB na passada terça feira, dia 12 de Fevereiro. Um maestro esforçado, Enrico Dovico. Um violoncelista mediano Matt Haimovitz num concerto de Elgar sofrível. Dezasseis cantores solistas para uma cantata de Vaugham Williams, solistas entre o péssimo (...) e o bom (Luís Rodrigues), na obra que constituiu a pior parte do concerto.
Uma segunda parte mais interessante com as variações de Britten (op. 34) e as Enigma de Elgar (op. 36), tocadas com energia e com alguma segurança, embora eu tenha apontado alguns desacertos nos sopros nas partes mais complexas. O pior defeito continua a ser a falta de brilho nas cordas o que faz da OSP uma orquestra sem qualidade de som: a OSP ainda não tem o som de uma orquestra sinfónica, muito por culpa dos violinos.

Menos de trezentas pessoas na sala e frente de sala desatenta a criancinhas aos gritos, a saltar nas cadeiras da plateia com estrondo, a rastejar pelo chão, e comportar-se de forma vergonhosa apesar da presença de adultos por perto (talvez os pais) que se mantiveram imperturbáveis às diatribes dos petizes. Lamentável a desatenção dos rapazitos e rapariguitas ao serviço do CCB que deviam assegurar que estas coisas não acontecem num concerto público.

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13.2.08

As escolhas de Sócrates Pinto de Sousa 

Têm circulado notícias sobre a escolha de José António Pinto Ribeiro para ministro da cultura. Creio que ambas devem ser especulativas.

A primeira diz que se tratou de um engano, o ministro a escolher seria António Pinto Ribeiro, que esteve na Culturgest e que está ligado actualmente à Gulbenkian. Programou o "Estado do Mundo", que comemorou os cinquenta anos da Fundação, aliás de forma muitíssimo conseguida. Uma troca telefónica teria passado o convite ao advogado ligado a causas de direitos dos cidadãos. Depois de aceite o convite a situação seria demasiado escabrosa para Pinto de Sousa voltar atrás... Enfim, se não é verdade, este boato será assassino.

A segunda ouvi hoje numa reunião, aqui no Técnico, a dois colegas que estiveram na estreia da ópera de Emmanuel Nunes, "Das Märchen, um saiu e outro resistiu. Perguntou-me o colega que resistiu:
- Ficaste até ao fim?
Eu, respondi que sim, que apesar de cruelmente torturado tive de ficar. Ele respondeu:
- Então eras candidato a ministro, parece que a escolha recaiu sobre os que conseguiram resisitir até ao fim. Um leque muito restrito de pessoas. Felizmente nem tu nem eu fomos escolhidos. O tal Pinto Ribeiro também parece que resistiu, o próprio Vieira de Carvalho saiu a meio da transmissão em directo para Faro, o que contribuiu para a rápida demissão.
Eu acrescentei:
- Ainda bem que tivemos sorte.

Estes boatos, ou anedotas, demonstram a falta de ligação deste ministro à área da cultura. Talvez seja uma vantagem, ao menos Pinto Ribeiro conhece os direitos dos cidadãos, o que talvez o afaste de políticas de caserna de cariz estalinista dos anteriores titulares.

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3.2.08

Ensino de Artes 

O ensino das artes está realmente em perigo, foi feito um estudo sem a menor validade científica e aceite de forma acrítica (acontece muito com os estudos encomendados) pelos governantes. Uma ministra teimosa e insensível aos reais problemas do país e um secretário de Estado que ainda é pior: é um homem perigoso na sua ânsia regulamentar e obsessão burocrática e estalinista de controlar tudo até ao mais ínfimo pormenor, sem reflexão, sem inteligência da real situação. Fechados e autistas, estes governantes destroem a seu belo prazer uma geração. Comprometem o desenvolvimento do país e contribuem para um pior sistema de ensino do que o actualmente existente.

O que se passa na pretensa reforma do sistema de ensino artístico seria confrangedor e ridículo se não fosse trágico. Aulas de piano para vinte alunos ao mesmo tempo?

Enquanto noutros países o Estado investe na formação criteriosa dos jovens de maior talento. Portugal vai desinvestir, vai formatar tudo por igual. Se actualmente o nosso panorama artístico é lamentável, com poucos músicos de qualidade mundial, com poucos cantores de qualidade internacional, com poucos bailarinos de nível mundial, sem realizadores, sem encenadores, sem dramaturgos, sem nada, imagine-se um país em que o Estado desaparece do formação avançada de jovens talentosos?

Apenas os ricos poderão pagar aulas privadas aos jovens, não que não sejam proveitosas, mas eu creio que os dinheiros dos impostos devem servir também para encontrar na sociedade jovens talentosos sem meios de formação e dar-lhes de forma gratuita as mesmas oportunidades. Não acredito em mecenas liberais capazes de pagar a formação dos jovens de talento e sem recursos financeiros, algo impossível de distinguir à priori.

Enfim, isto são questões longas, não é só o Conservatório Nacional que está em risco, todo um sistema de base regional, feito com vontades, sacrifícios e esforços de muita gente que trabalhou de forma desinteressada pela formação artística dos jovens, e que tem sido responsável pelo pouco que nos temos desenvolvido nestes últimos tempos, que está ameaçado de destruição imediata. Tendo como base um esudo fanhoso de alguém que nem sequer visitou as escolas, nem contactou com agentes e pedagogos ligados ao meio artístico. Um relatório que é de facto uma fraude para justificar uma decisão política já tomada.
Segue o texto de um email recebido que me fala desta petição on-line. É importante realçar que esta petição não é apenas contra o encerramento de uma escola em particular, o Conservatório de Lisboa, algo que é lamentável de per se, mas que visa obstar a que esta calamidade se abata sobre todo o país.


Estimadas Senhoras e caros Senhores

O Ministério da Educação ultima uma Portaria (prevê-se que para 11 de Fevereiro) que retira às escolas de ensino artístico especializado, vulgo Conservatórios, públicos e privados, a continuidade de prestar os seus serviços no 1º ciclo (vulgo ensino primário), bem como anula o regime de "supletivo" no ensino básico, limitando-o ao regime integrado.

Estas medidas afectarão directamente cerca de 100 escolas frequentadas por cerca de 30.000 alunos, das quais apenas 6 são públicas e, indirectamente, toda e educação artística nas escolas de ensino regular onde as artes foram relegadas para programas apelidados de enriquecimento curricular facultativos.

Pela gravidade da decisão, em si, e pela dimensão de tão errada decisão, tentei um texto para petição que conseguisse agregar todos os interessados, uma vez que já há petições a dizer que o que está em causa é o Conservatório Nacional ou a Educação Artística pública. Há 6 Conservatórios públicos e mais de 80 privadas e cooperativas que por este país afora, prestam o mesmo serviço e são reconhecidas pelo Ministério da Educação.

Peço ainda, se entender por bem, divulgar este email.

Link Petição

Carlos Araújo Alves

ps: o post explicativo no blogue é este - Post


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1.2.08

O Currículo do PM 

Portugal deve ser o único país europeu onde o primeiro ministro orgulhosamente afirma que tem no seu currículo o projecto de ampliação de um palheiro, projecto esse que assinou, e do qual se afirma totalmente responsável.

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