
10.5.11
A Paixão
Texto Publicado originalmente no jornal "O Diabo"
Henrique Silveira – crítico
Johann Sebastian Bach, Paixão Segundo S. João. Amsterdam Baroque Orchestra and Choir, direcção de Tom Koopman. Teresa Wakim, soprano, Maarten Engeltjes, contratenor, Tilman Lidchi, tenor e Klaus Mertens, baixo. Segunda 18 de Abril na Fundação Gulbenkian com casa cheia.
Aquela que é encarada como música de indignação e revolta perante a morte, numa grande intensidade dramática, foi tratada de uma forma invulgarmente doce por Tom Koopman. Surpreendeu logo de início o tratamento de uma suavidade etérea que alternou o piano com o forte nas interjeições do coro: Senhor, Senhor, Senhor, Nosso Senhor, que abre a obra e que em vez de ser violenta foi despojada e transparente em todas as suas linhas. Essa leitura ponderada e transparente, deixando a música respirar de forma serena em todas as suas dissonâncias, foi levada ao extremo em toda a obra, deixando Bach falar através das harmonias e da retórica interior à música. Perdeu-se o drama mas ganhou-se paz. A Paz de Cristo que reina no final quando tudo está consumado e uma lindíssima viola da gamba dialoga com um contralto, interrompida por uma alla breve que nos dá por finda a luta de Cristo na Terra.
Um coro de uma qualidade superlativa moveu-se com virtuosismo ao longo dos coros, corais e turbas da obra, mostrando vozes individuais de elevado nível e um conjunto de uma grande homogeneidade. Perfeito no contraponto e seguríssimo nas entradas.
Tanto o Evangelista, Lidch, como o Cristo, Mertens cantaram também as árias de tenor e baixo. Irrepreensível o tenor foi sublime nos recitativos. Mertens teve apenas um ligeiro problema ao deixar escapar a linha numa das árias. Um pouco mais hesitantes de início foram o contratenor e a soprano mas melhoraram ao longo da noite.
Instrumentistas quase perfeitos onde brilhou a flauta de Hazelzet e um extraordinário Jaap ter Linden no violoncelo e na viola da gamba.
Apenas alguma ligeireza no acompanhento dos recitativos, onde o órgão de Koopman, que também dirigia, foi algo superficial, fizeram com que este concerto não tivesse sido um marco interpretativo.
****
o - Mau, * - sofrível, ** - interessante, *** - bom, **** - muito bom, ***** - excepcional.
P.S. Mais uma vez pouco espaço para uma crítica que se queria muito mais longa...
Henrique Silveira – crítico
Johann Sebastian Bach, Paixão Segundo S. João. Amsterdam Baroque Orchestra and Choir, direcção de Tom Koopman. Teresa Wakim, soprano, Maarten Engeltjes, contratenor, Tilman Lidchi, tenor e Klaus Mertens, baixo. Segunda 18 de Abril na Fundação Gulbenkian com casa cheia.
Aquela que é encarada como música de indignação e revolta perante a morte, numa grande intensidade dramática, foi tratada de uma forma invulgarmente doce por Tom Koopman. Surpreendeu logo de início o tratamento de uma suavidade etérea que alternou o piano com o forte nas interjeições do coro: Senhor, Senhor, Senhor, Nosso Senhor, que abre a obra e que em vez de ser violenta foi despojada e transparente em todas as suas linhas. Essa leitura ponderada e transparente, deixando a música respirar de forma serena em todas as suas dissonâncias, foi levada ao extremo em toda a obra, deixando Bach falar através das harmonias e da retórica interior à música. Perdeu-se o drama mas ganhou-se paz. A Paz de Cristo que reina no final quando tudo está consumado e uma lindíssima viola da gamba dialoga com um contralto, interrompida por uma alla breve que nos dá por finda a luta de Cristo na Terra.
Um coro de uma qualidade superlativa moveu-se com virtuosismo ao longo dos coros, corais e turbas da obra, mostrando vozes individuais de elevado nível e um conjunto de uma grande homogeneidade. Perfeito no contraponto e seguríssimo nas entradas.
Tanto o Evangelista, Lidch, como o Cristo, Mertens cantaram também as árias de tenor e baixo. Irrepreensível o tenor foi sublime nos recitativos. Mertens teve apenas um ligeiro problema ao deixar escapar a linha numa das árias. Um pouco mais hesitantes de início foram o contratenor e a soprano mas melhoraram ao longo da noite.
Instrumentistas quase perfeitos onde brilhou a flauta de Hazelzet e um extraordinário Jaap ter Linden no violoncelo e na viola da gamba.
Apenas alguma ligeireza no acompanhento dos recitativos, onde o órgão de Koopman, que também dirigia, foi algo superficial, fizeram com que este concerto não tivesse sido um marco interpretativo.
****
o - Mau, * - sofrível, ** - interessante, *** - bom, **** - muito bom, ***** - excepcional.
P.S. Mais uma vez pouco espaço para uma crítica que se queria muito mais longa...
Etiquetas: Crítica de Concertos, Gulbenkian, Johann Sebastian Bach
7.4.11
O sabor amargo do Café Zimmermann
Publicado originalmente no Jornal "O Diabo"
Café Zimmermann – Bach – Concerts avec plusiers instruments – V – Edições Alpha 168
Henrique Silveira – crítico
O famoso café de Leipzig onde Telemann e Kunhau reuniam o seu Collegium Musicum, posteriormente retomado por Bach de 1729 a 1737, dá nome a um agrupamento barroco.
Certamente o leitor já apanhou desilusões na sua vida. Uma das minhas maiores desilusões foi ter assistido a dois concertos deste agrupamento e ter percebido que o que eu entendia por quatro bons CDs de música de Johann Sebastian Bach não tinha a menor correspondência com o agrupamento em si, pelo menos à primeira vista.
Constatei que um dos directores do grupo, Pablo Valleti, tem uma técnica pobre e aflitiva no seu violino, e que apesar de se arrogar ser defensor da prática do violino barroco do início do século XVIII, não prescinde da queixeira, inventada apenas no século XIX por Ludwig Spohr, e do vibrato, técnica utilizada sobretudo a partir do século XX. Por outro lado a sua direcção é inexistente em concerto, preocupado com os aspectos técnicos do seu instrumento e deixando ao deus dará o resto do conjunto, que no caso de serem grande músicos lá se vão aguentando, mas no caso habitual, provavelmente para poupar, e como se trata de uma formação sem uma base fixa, acaba por redundar em desastre. A outra directora do agrupamento, Céline Frisch, é uma pobre cravista ao vivo.
Depois desta constatação a recepção de um novo disco deste agrupamento será sempre olhada com um sabor amargo. E assim acontece com este quinto CD da colecção dedicada aos concertos com vários instrumentos de Bach, que inclui a obra solística, os concertos duplos, triplos e quádruplos e ainda os concertos de Brandenburg do compositor alemão. Começa o CD com a suite nº3, os tempos são vigorosos mas sente-se insegurança na entoação, a rapidez excessiva esconde a insegurança que os membros do grupo têm na retórica musical de Bach. A famosa ária é apenas mais uma banalidade de filme de pacotilha, no seu pobre enunciar das linhas, som magro e falta de nobreza no final das frases. Cada frase parece que vai acabar o texto musical e nunca anuncia nada de novo. É feito a despachar e o belo eterno de Bach banaliza-se na conversa da treta. Cada nota sustentada pelos violinos e violas é uma tortura infindável apesar de apressada por um agrupamento nervoso. A suite arrasta-se pelos trompetes falsamente naturais onde vai sempre faltando qualquer coisa e onde os trios conclusivos soam sempre deselegantes.
Segue-se o concerto para cravo em fá menor BWV 1056, com uma interpretação pouco inspirada de Frisch e um acompanhamento a uma voz por parte algo tristonho.
O pior do disco é o concerto Brandeburguês nº6, onde a desafinação de Valetti e das restantes cordas é constante numa constante sopa de notas acabando o último andamento, um allegro, numa queda para o abismo da pobreza sonora. Um concerto demasiado difícil e fora do alcance técnico e estético deste grupo. Nem os gurus da pós-produção da Alpha conseguem disfarçar o mau produto de base, simplesmente vergonhoso.
O triplo concerto BWV 1063 para três cravos, agora com Dick Boerner e Anna Fontana adicionados a Frisch, termina menos mal um CD fraco. Creio que a o facto de aqui a direcção ser de Frisch em vez do pobre Valetti dá um pouco mais de cor a um conjunto pouco conseguido.
*
o - Mau, * - sofrível, ** - interessante, *** - bom, **** - muito bom, ***** - excepcional.
Café Zimmermann – Bach – Concerts avec plusiers instruments – V – Edições Alpha 168
Henrique Silveira – crítico
O famoso café de Leipzig onde Telemann e Kunhau reuniam o seu Collegium Musicum, posteriormente retomado por Bach de 1729 a 1737, dá nome a um agrupamento barroco.
Certamente o leitor já apanhou desilusões na sua vida. Uma das minhas maiores desilusões foi ter assistido a dois concertos deste agrupamento e ter percebido que o que eu entendia por quatro bons CDs de música de Johann Sebastian Bach não tinha a menor correspondência com o agrupamento em si, pelo menos à primeira vista.
Constatei que um dos directores do grupo, Pablo Valleti, tem uma técnica pobre e aflitiva no seu violino, e que apesar de se arrogar ser defensor da prática do violino barroco do início do século XVIII, não prescinde da queixeira, inventada apenas no século XIX por Ludwig Spohr, e do vibrato, técnica utilizada sobretudo a partir do século XX. Por outro lado a sua direcção é inexistente em concerto, preocupado com os aspectos técnicos do seu instrumento e deixando ao deus dará o resto do conjunto, que no caso de serem grande músicos lá se vão aguentando, mas no caso habitual, provavelmente para poupar, e como se trata de uma formação sem uma base fixa, acaba por redundar em desastre. A outra directora do agrupamento, Céline Frisch, é uma pobre cravista ao vivo.
Depois desta constatação a recepção de um novo disco deste agrupamento será sempre olhada com um sabor amargo. E assim acontece com este quinto CD da colecção dedicada aos concertos com vários instrumentos de Bach, que inclui a obra solística, os concertos duplos, triplos e quádruplos e ainda os concertos de Brandenburg do compositor alemão. Começa o CD com a suite nº3, os tempos são vigorosos mas sente-se insegurança na entoação, a rapidez excessiva esconde a insegurança que os membros do grupo têm na retórica musical de Bach. A famosa ária é apenas mais uma banalidade de filme de pacotilha, no seu pobre enunciar das linhas, som magro e falta de nobreza no final das frases. Cada frase parece que vai acabar o texto musical e nunca anuncia nada de novo. É feito a despachar e o belo eterno de Bach banaliza-se na conversa da treta. Cada nota sustentada pelos violinos e violas é uma tortura infindável apesar de apressada por um agrupamento nervoso. A suite arrasta-se pelos trompetes falsamente naturais onde vai sempre faltando qualquer coisa e onde os trios conclusivos soam sempre deselegantes.
Segue-se o concerto para cravo em fá menor BWV 1056, com uma interpretação pouco inspirada de Frisch e um acompanhamento a uma voz por parte algo tristonho.
O pior do disco é o concerto Brandeburguês nº6, onde a desafinação de Valetti e das restantes cordas é constante numa constante sopa de notas acabando o último andamento, um allegro, numa queda para o abismo da pobreza sonora. Um concerto demasiado difícil e fora do alcance técnico e estético deste grupo. Nem os gurus da pós-produção da Alpha conseguem disfarçar o mau produto de base, simplesmente vergonhoso.
O triplo concerto BWV 1063 para três cravos, agora com Dick Boerner e Anna Fontana adicionados a Frisch, termina menos mal um CD fraco. Creio que a o facto de aqui a direcção ser de Frisch em vez do pobre Valetti dá um pouco mais de cor a um conjunto pouco conseguido.
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o - Mau, * - sofrível, ** - interessante, *** - bom, **** - muito bom, ***** - excepcional.
Etiquetas: Café Zimmermann review, Crítica de discos, Johann Sebastian Bach, Música
12.3.10
Café Zimmermann - a poor balance
Café ZImmermann: two concerts in Lisbon at Gulbenkian Foundation, two disasters. A live performance of Bach concerts is completely out of limits of this poor ensemble. Pablo Valetti is a kind of joke as violinist, no sense of tuning, no sense of the music, trying hard to play the notes, with no time to conduct or play the nuances, plays vibrato trying to hide the bad tone intonation of his violin (what a shame that violin in so poor hands)...
David Plantier as no sound at all, a real misery missing attacks and even giving up at the difficulties, his solo in piccolo violin was unbelievably bad in terms of tone quality and in sheer technical terms like tuning and fingering. Céline Frisch as no notion of rhythm, her solo in Brandenburg 5 was a kind of old train, running and slowing down accordingly to the hills and valleys of the path.
The rest is a bunch of mistakes and a soup of notes. The tutti in the strings was another shame, a mess, with no transparency and no colour. They play what they want avoiding the problematic notes just stopping to play in the most difficult points, hiding in the general mess! The horns didn't bother to finish the phrases in legato as written (with very difficult jumps in thirds and fifths!) and the entries where erratic. The first cello was always out of tune and the second used the vibrato like Madame Florence Foster Jenkins. The violas are so bad that is almost impossible to have words to characterize their performance...
The "trumpeter" was a cheater, technically very poor and making hundreds of musical mistakes, no 2 was completely out of his, less than average, range.
The oboes and fagotto where slightly better.
What a fraud...
David Plantier as no sound at all, a real misery missing attacks and even giving up at the difficulties, his solo in piccolo violin was unbelievably bad in terms of tone quality and in sheer technical terms like tuning and fingering. Céline Frisch as no notion of rhythm, her solo in Brandenburg 5 was a kind of old train, running and slowing down accordingly to the hills and valleys of the path.
The rest is a bunch of mistakes and a soup of notes. The tutti in the strings was another shame, a mess, with no transparency and no colour. They play what they want avoiding the problematic notes just stopping to play in the most difficult points, hiding in the general mess! The horns didn't bother to finish the phrases in legato as written (with very difficult jumps in thirds and fifths!) and the entries where erratic. The first cello was always out of tune and the second used the vibrato like Madame Florence Foster Jenkins. The violas are so bad that is almost impossible to have words to characterize their performance...
The "trumpeter" was a cheater, technically very poor and making hundreds of musical mistakes, no 2 was completely out of his, less than average, range.
The oboes and fagotto where slightly better.
What a fraud...
Etiquetas: Café Zimmermann in concert, Café Zimmermann review, concert critics, Johann Sebastian Bach
9.3.10
Goldberg Variations by Staier
Andreas Staier today in Lisbon: hundreds of wrong notes, but the subtle notion of the ethereal sublime in infinitesimal glimpses was always present during the performance. Was Bach there in this Clavier Übung IV? Probably.
Making a long story short: it was a catastrophic recital in the performer's perspective and not quite so in the listener's perspective.
Making a long story short: it was a catastrophic recital in the performer's perspective and not quite so in the listener's perspective.
Etiquetas: Andreas Staier, Goldberg Variations, Johann Sebastian Bach
4.6.07
Missa em Si menor
Uma obra que me toca profundamente, Bach não recicla, não parodia, Bach constrói uma espécie de obra de vida. Os palimpsestos, riscados de novo para a missa, oriundos de obras pré-existentes, são seleccionados pela sua qualidade. Creio que nesta obra Bach fala para o futuro, realiza, por força das circunstâncias e dos momentos da sua vida, a obra conceptual, impossível de escutar e realizar no seu tempo pela dimensão, pelo facto se se ter tornado anacrónica no exacto momento em que foi acabada.
Nem o príncipe de Dresden, Augusto o Forte falecido em 1733, nem Frederico Augusto II, deram a Bach o valor que este sabia ter. Bach está desiludido, deprimido, insatisfeito com a sua condição social, recordo a célebre carta de 1730 em que fala da sua despromoção social ao deixar de ser Mestre de Capela em Cöthen para passar a ser um simples director da música de Igreja de Leipzig, Cantor de Leipzig. Em 1733 Bach sente-se humilhado pelas desconsiderações do conselho municipal. Escreve na carta dedicada a Augusto que tem sofrido, aqui e ali, ofensas várias em Leipzig. A obra é parcialmente executada em Dresden (1734) mas o príncipe Augusto II (Augusto III da Polónia), não comparece.
A obra só vem a concluir-se em 1748/9. Bach morre pouco depois.
Saiu uma nova interpretação desta missa pela Carus, não seria novidade se não fosse a "última interpretação". O Kammerchor Stuttgart e a Barockoechester Stuttgart sob a direcção de Frieder Bernius, trazem-nos uma interpretação incomensurável da obra. O elemento mais visível do trabalho de Bernius é um baixo contínuo de uma força telúrica. Uma subtileza no tratamento da articulação, uma respiração e uma dignidade absolutas. O som é perfeito. Estou siderado com esta interpretação da missa em si menor.
Os cantores são Mechthild Bach, Daniel Taylor, Marcus Ullmann e Raimond Nolte. Não consigo destacar nada nem ninguém, talvez o Chiste Eleison, talvez o Benedictus nos transportem a uma dimensão superior... O Ossana dedicado a Augusto, o credo com o seu vivificante baixo contínuo e na sua estrutura arcaica. Fragmentos de eternidade por Bach na interpretação última, igual poderá haver, melhor é impossível. Creio que a concepção da obra de Bernius dá a este disco uma força, uma dignidade, uma coerência e unidade que são ofuscantes.
Circulam espirais no universo formados pelas notas iniciais do Christe que nunca se fecham a não ser nas ondas de colcheias do contraponto do Dona Nobis Pacem. Cordeiro de Deus: Dona nobis pacem. Bach: dai-nos a Paz.
Nem o príncipe de Dresden, Augusto o Forte falecido em 1733, nem Frederico Augusto II, deram a Bach o valor que este sabia ter. Bach está desiludido, deprimido, insatisfeito com a sua condição social, recordo a célebre carta de 1730 em que fala da sua despromoção social ao deixar de ser Mestre de Capela em Cöthen para passar a ser um simples director da música de Igreja de Leipzig, Cantor de Leipzig. Em 1733 Bach sente-se humilhado pelas desconsiderações do conselho municipal. Escreve na carta dedicada a Augusto que tem sofrido, aqui e ali, ofensas várias em Leipzig. A obra é parcialmente executada em Dresden (1734) mas o príncipe Augusto II (Augusto III da Polónia), não comparece.
A obra só vem a concluir-se em 1748/9. Bach morre pouco depois.
Saiu uma nova interpretação desta missa pela Carus, não seria novidade se não fosse a "última interpretação". O Kammerchor Stuttgart e a Barockoechester Stuttgart sob a direcção de Frieder Bernius, trazem-nos uma interpretação incomensurável da obra. O elemento mais visível do trabalho de Bernius é um baixo contínuo de uma força telúrica. Uma subtileza no tratamento da articulação, uma respiração e uma dignidade absolutas. O som é perfeito. Estou siderado com esta interpretação da missa em si menor.
Os cantores são Mechthild Bach, Daniel Taylor, Marcus Ullmann e Raimond Nolte. Não consigo destacar nada nem ninguém, talvez o Chiste Eleison, talvez o Benedictus nos transportem a uma dimensão superior... O Ossana dedicado a Augusto, o credo com o seu vivificante baixo contínuo e na sua estrutura arcaica. Fragmentos de eternidade por Bach na interpretação última, igual poderá haver, melhor é impossível. Creio que a concepção da obra de Bernius dá a este disco uma força, uma dignidade, uma coerência e unidade que são ofuscantes.
Circulam espirais no universo formados pelas notas iniciais do Christe que nunca se fecham a não ser nas ondas de colcheias do contraponto do Dona Nobis Pacem. Cordeiro de Deus: Dona nobis pacem. Bach: dai-nos a Paz.
Etiquetas: Bach, bwv232, Crítica de discos, Frieder Bernius, Johann Sebastian Bach, Messe in h-Moll, Missa em si menor
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