20.1.07
Emanuel o Aldrabão!
Afinal estava terminada a Ópera de Emanuel Nunes? Se lermos bem a entrevista que deu ao jornal "O Público", naquilo que eu chamaria de um servicinho jornalístico subserviente e acéfalo (na terminologia típica de redacção a palavra usada é bem mais jocunda), percebemos que de facto a ópera não estava terminada, a menos que uma ópera sem partes vocais esteja mesmo acabadíssima, mas o homem é tão trapalhão que consegue dizer que alguém decidiu, por ele, que a ópera não estava terminada quando, de facto, não estava mesmo terminada (!) e isto porque ele ainda não a tinha acabado uma vez que ficou triste porque essa decisão de que a ópera não estava terminada foi tomada, não por ele, mas por outro, isto é, pelo velhaco do Pinamonti, "ainda director" de um Teatro de S. Carlos que segundo ele, Emanuel Nunes, mudará de política daqui a pouco tempo! Mas fará audições ainda em Janeiro, bem dentro do mandato do actual director Pinamonti, apesar da tal "mudança de política". E queixa-se que não tinha cantores: Pinamonti não tinha contratado ninguém, mas afinal soube por um agente londrino (seria o Allen, Emanuel não cita nomes) que um cantor, que afinal estaria convidado para fazer um papel, a sete meses da estreia disse que afinal não poderia cantar porque a ópera não estava terminada, isto quando o nosso "grande músico" afirma preto no branco que Pinamonti não tinha planeado nada. Como se Pinamonti pudesse fazer contratos a sete meses da estreia sem as partes vocais... Para Nunes sete meses deve ser um prazo muito grande para terminar uma ópera que não acabou em muitos anos e sobretudo quando os contratos são pagos com dinheiros públicos. Percebe-se que deve estar tudo ao serviço do "todo reluzente Nunes". Confuso? É o rei Nunes em pose de génio do regime vindo de Paris para mandar nisto tudo e afastar o director do S. Carlos num servicinho ao poder político (sem peso nenhum no governo) que neste momento faz a intendência das migalhas da cultura com a miséria que sobrou do orçamento de estado para 2007.
O que é certo é que Stockhausen em 2006 bem disse que não fazia a menor ideia de quem era Emanuel Nunes e que quem conhecia era Jorge Peixinho, que infelizmente tinha morrido. Não consta que Stockhausen seja infeliz no seu desconhecimento de Nunes ou que seja pior músico e intelectual por essa gravíssima lacuna. Eu concordo, eu não daria um chavo para assistir a uma ópera de Emanuel Nunes que não sei quem é, e se ópera não estivesse acabadinha com as partes vocais completas ainda menos pagaria um tostão ao senhor Emanuel. Acho essa história da ópera do Nunes uma rábula mal contada por parte do "grande compositor". Parece-me que o Stockhausen também não conhece o secretário Vieira de Carvalho que, pelos vistos, é amigo do peito de Nunes e que deve achar que a ópera está terminadíssima, agora que passaram mais um meses e estamos a entrar em 2007.
É realmente uma grande perda a morte de Jorge Peixinho. Segue texto da parte da entrevista sobre o assunto para memória futura.
O director [do Teatro Nacional de São Carlos] decidiu que a [minha] ópera não estaria terminada
Prevista para Novembro passado, a estreia da ópera que Emmanuel Nunes compôs a partir da obra de Goethe Das Mädchen foi adiada para 2008. O compositor explica porquê.
A que se deveu o facto de a estreia da ópera não ter acontecido?
Deveu-se pura e simplesmente à maneira de trabalhar do ainda director da Ópera de Lisboa [Teatro Nacional de São Carlos], Paolo Pinamonti. Mais concretamente, à sua falta de deontologia. Por razões de ordem política e contratual, de cantores, encenador, etc., sem o meu conhecimento, o director da Ópera de Lisboa decidiu que a ópera não estaria terminada. E em Março de 2006, i.e., sete meses antes da data prevista para a estreia, o mesmo director não tinha um único contrato de cantores, nem tinha encenador, e dizia, como podia, que o compositor não poderia acabar a obra. O compositor soube disto através de um agente.
De um agente de um músico?
De um agente de espectáculos de Londres, a quem um cantor que devia cantar a minha ópera perguntou se era verdade que a ópera de Emmanuel Nunes não podia ser terminada. Eu soube, portanto, por um método aplicado. Sem entrar em detalhe, tenho só duas coisas a dizer - primeiro: a maneira como fui tratado pelo director da Ópera de Lisboa chega para que eu exija condições mínimas de deontologia; segundo: como eu não pertenço nem apoio nenhum partido político, sinto-me muito mais à vontade para dizer o seguinte: a única pessoa oficial que considerou o problema da minha ópera, e que apoiou como pôde a questão de que ela deverá ser feita, foi o Mário Vieira de Carvalho, secretário de Estado. E digo isto porque, da minha parte, não é, de modo nenhum, um aspecto partidário; é simplesmente uma constatação. Foi ele que permitiu que a ópera não fosse definitivamente abandonada. Portanto, permito-me considerar esse ponto como importante. À parte isso, como é óbvio, manteve-se o apoio incondicional, a mim, da Fundação Gulbenkian e do Remix Ensemble/Casa da Música. A ópera é uma encomenda tripartida do Teatro Nacional de São Carlos, Gulbenkian e Remix/Casa da Música, em que o Remix tem uma parte importante na realização da ópera, como ensemble.
E a ópera já estava concluída na altura?
A ópera não estava concluída. À parte o material dos cantores, estava tudo pronto e acordado com o maestro Peter Rundel, com o Remix e com a Gulbenkian, com as pessoas que tocam directamente, portanto. Não havia material de cantores, porque o senhor director se recusa a fazer audições.
Prefere fazer convites?
Faz. E como quem escreveu a ópera fui eu, e quem a dirige é o Peter Rundel, e ambos precisamos de audições... Seis meses antes da estreia, não havia um único contrato de cantores.
Acordou-se uma nova data, depois da intervenção do secretário de Estado.
Das intervenções!
E já foram feitas as audições?
Não!
Mas estão previstas?
Penso que sim, na medida em que penso que o São Carlos mudará de política brevemente. As datas são 25, 27 e 29 de Janeiro de 2008.
O que é certo é que Stockhausen em 2006 bem disse que não fazia a menor ideia de quem era Emanuel Nunes e que quem conhecia era Jorge Peixinho, que infelizmente tinha morrido. Não consta que Stockhausen seja infeliz no seu desconhecimento de Nunes ou que seja pior músico e intelectual por essa gravíssima lacuna. Eu concordo, eu não daria um chavo para assistir a uma ópera de Emanuel Nunes que não sei quem é, e se ópera não estivesse acabadinha com as partes vocais completas ainda menos pagaria um tostão ao senhor Emanuel. Acho essa história da ópera do Nunes uma rábula mal contada por parte do "grande compositor". Parece-me que o Stockhausen também não conhece o secretário Vieira de Carvalho que, pelos vistos, é amigo do peito de Nunes e que deve achar que a ópera está terminadíssima, agora que passaram mais um meses e estamos a entrar em 2007.
É realmente uma grande perda a morte de Jorge Peixinho. Segue texto da parte da entrevista sobre o assunto para memória futura.
O director [do Teatro Nacional de São Carlos] decidiu que a [minha] ópera não estaria terminada
Prevista para Novembro passado, a estreia da ópera que Emmanuel Nunes compôs a partir da obra de Goethe Das Mädchen foi adiada para 2008. O compositor explica porquê.
A que se deveu o facto de a estreia da ópera não ter acontecido?
Deveu-se pura e simplesmente à maneira de trabalhar do ainda director da Ópera de Lisboa [Teatro Nacional de São Carlos], Paolo Pinamonti. Mais concretamente, à sua falta de deontologia. Por razões de ordem política e contratual, de cantores, encenador, etc., sem o meu conhecimento, o director da Ópera de Lisboa decidiu que a ópera não estaria terminada. E em Março de 2006, i.e., sete meses antes da data prevista para a estreia, o mesmo director não tinha um único contrato de cantores, nem tinha encenador, e dizia, como podia, que o compositor não poderia acabar a obra. O compositor soube disto através de um agente.
De um agente de um músico?
De um agente de espectáculos de Londres, a quem um cantor que devia cantar a minha ópera perguntou se era verdade que a ópera de Emmanuel Nunes não podia ser terminada. Eu soube, portanto, por um método aplicado. Sem entrar em detalhe, tenho só duas coisas a dizer - primeiro: a maneira como fui tratado pelo director da Ópera de Lisboa chega para que eu exija condições mínimas de deontologia; segundo: como eu não pertenço nem apoio nenhum partido político, sinto-me muito mais à vontade para dizer o seguinte: a única pessoa oficial que considerou o problema da minha ópera, e que apoiou como pôde a questão de que ela deverá ser feita, foi o Mário Vieira de Carvalho, secretário de Estado. E digo isto porque, da minha parte, não é, de modo nenhum, um aspecto partidário; é simplesmente uma constatação. Foi ele que permitiu que a ópera não fosse definitivamente abandonada. Portanto, permito-me considerar esse ponto como importante. À parte isso, como é óbvio, manteve-se o apoio incondicional, a mim, da Fundação Gulbenkian e do Remix Ensemble/Casa da Música. A ópera é uma encomenda tripartida do Teatro Nacional de São Carlos, Gulbenkian e Remix/Casa da Música, em que o Remix tem uma parte importante na realização da ópera, como ensemble.
E a ópera já estava concluída na altura?
A ópera não estava concluída. À parte o material dos cantores, estava tudo pronto e acordado com o maestro Peter Rundel, com o Remix e com a Gulbenkian, com as pessoas que tocam directamente, portanto. Não havia material de cantores, porque o senhor director se recusa a fazer audições.
Prefere fazer convites?
Faz. E como quem escreveu a ópera fui eu, e quem a dirige é o Peter Rundel, e ambos precisamos de audições... Seis meses antes da estreia, não havia um único contrato de cantores.
Acordou-se uma nova data, depois da intervenção do secretário de Estado.
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E já foram feitas as audições?
Não!
Mas estão previstas?
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Etiquetas: Crítica, Emanuel Nunes, Fait divers, ópera, Política, S. Carlos, Vieira de Carvalho
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