20.1.09
Excelente Electra na Gulbenkian
Escutei ontem uma extraordinária Electra de Richard Strauss, cantores em elevadíssima forma. Um naipe excepcional de mulheres com Rosalind Plowright em Clitemnestra, Deborah Polaski no papel titular e Stephanie Friede em Crisótemis. As cinco servas - Nadine Weissmann, Simona Ivas, Larissa Savchenko, Sandrine Eyglier e Liliana Faraon - foram todas de alto nível. Nos homens destacaram-se Johan Botha em Egisto e, sobretudo, o belo Orestes de Jochen Schmeckenbecher, correspondendo muito bem Diogo Oliveira, apenas um desastroso Marcos Santos destoou.
Foster esteve bem na música sublime de Strauss e, sem ser quadrado (caso raro), deixou respirar os cantores e usou o rubato como elemento dramático de grande efeito. A orquestra esteve perfeita, acabando alguns ataques (muito evidente no ponto em que trompas e fagotes andaram descoordenados) por serem os únicos pontos, minúsculos aliás, que me deixaram descontente...
Devo dizer que a Electra de Polaski foi de cortar a respiração, a voz de Polaski, tal como a sua portadora, tem rugas. É evidente que sim, mas isso apenas dá mais força, carácter, nobreza e dramatismo à sua construção, simplesmente assombrosa, da heroína trágica. Não perceber isso é estar a milhas do sentido do drama e não ter a menor sensibilidade.
Li uma crítica no "O Público" onde se "crucifica a cantora de quinta feira passada. Eu, que assisti na segunda, dia 19 de Janeiro de 2009, pressuponho que: ou houve uma transição de cento e oitenta graus, algo difícil de entender, ou que quem critica não percebe nada do assunto. Ele há coisas que devem ser objectivas, precisas, que devem corresponder ao que se passa. Outras serão subjectivas. Os critérios subjectivos, não podem nem devem fazer submergir uma crítica. Ler este "crítico", Pedro Boléo, louvar cantores abomináveis que têm passado no S. Carlos (sobretudo no consulado hermenêutico e do sucedâneo na direcção artística) e "massacrar" uma grande senhora como Polaski, parece-me, no mínimo, estranho. Tenho pena de não ter escutado na quinta feira passada para perceber se existiu uma tão grande metamorfose...
De qualquer modo, devo dizer que Electra na Gulbenkian foi um acontecimento de grande nível.
Nota sobre indumentárias: Foster aparece de roupão preto, ou robe de chambre, ou algo assim, amarrotado. Não tem o menor brio na indumentária, e no meu entender, dando um péssimo exemplo aos músicos. Os músicos, por seu turno, usam os mais variados tipos de sapato, uns de vernis, outros de pala, muitos de atacador, solas de borracha, alguns com ar vetusto e pouco limpo. Alguns músicos nem usam cinta nem colete branco e o cinto de cabedal aparece sob as banhas entre a camisa e as calças. As senhoras usam e abusam de calças de mau corte e os penteados são simplesmente nefastos para uma percepção estética da arte de olhos abertos... A visão da Orquestra Gulbenkian é quase a imagem do apocalipse; desordenada, sem brio no traje e sem disciplina na aparência. Basta ver a Filarmónica de Viena ou de Berlim para se perceber a diferença. A própria Sinfonia Varsóvia, uma orquestra de dimensão igual à Gulbenkian, apresenta todos os seus músicos com os sapatinhos polidos. Peço que pelo menos os senhores músicos, se não tratam do penteado ou nem sabem como se deve usar a casaca, pelo menos usem sapatos decentes para enfrentar um palco.
Foster esteve bem na música sublime de Strauss e, sem ser quadrado (caso raro), deixou respirar os cantores e usou o rubato como elemento dramático de grande efeito. A orquestra esteve perfeita, acabando alguns ataques (muito evidente no ponto em que trompas e fagotes andaram descoordenados) por serem os únicos pontos, minúsculos aliás, que me deixaram descontente...
Devo dizer que a Electra de Polaski foi de cortar a respiração, a voz de Polaski, tal como a sua portadora, tem rugas. É evidente que sim, mas isso apenas dá mais força, carácter, nobreza e dramatismo à sua construção, simplesmente assombrosa, da heroína trágica. Não perceber isso é estar a milhas do sentido do drama e não ter a menor sensibilidade.
Li uma crítica no "O Público" onde se "crucifica a cantora de quinta feira passada. Eu, que assisti na segunda, dia 19 de Janeiro de 2009, pressuponho que: ou houve uma transição de cento e oitenta graus, algo difícil de entender, ou que quem critica não percebe nada do assunto. Ele há coisas que devem ser objectivas, precisas, que devem corresponder ao que se passa. Outras serão subjectivas. Os critérios subjectivos, não podem nem devem fazer submergir uma crítica. Ler este "crítico", Pedro Boléo, louvar cantores abomináveis que têm passado no S. Carlos (sobretudo no consulado hermenêutico e do sucedâneo na direcção artística) e "massacrar" uma grande senhora como Polaski, parece-me, no mínimo, estranho. Tenho pena de não ter escutado na quinta feira passada para perceber se existiu uma tão grande metamorfose...
De qualquer modo, devo dizer que Electra na Gulbenkian foi um acontecimento de grande nível.
Nota sobre indumentárias: Foster aparece de roupão preto, ou robe de chambre, ou algo assim, amarrotado. Não tem o menor brio na indumentária, e no meu entender, dando um péssimo exemplo aos músicos. Os músicos, por seu turno, usam os mais variados tipos de sapato, uns de vernis, outros de pala, muitos de atacador, solas de borracha, alguns com ar vetusto e pouco limpo. Alguns músicos nem usam cinta nem colete branco e o cinto de cabedal aparece sob as banhas entre a camisa e as calças. As senhoras usam e abusam de calças de mau corte e os penteados são simplesmente nefastos para uma percepção estética da arte de olhos abertos... A visão da Orquestra Gulbenkian é quase a imagem do apocalipse; desordenada, sem brio no traje e sem disciplina na aparência. Basta ver a Filarmónica de Viena ou de Berlim para se perceber a diferença. A própria Sinfonia Varsóvia, uma orquestra de dimensão igual à Gulbenkian, apresenta todos os seus músicos com os sapatinhos polidos. Peço que pelo menos os senhores músicos, se não tratam do penteado ou nem sabem como se deve usar a casaca, pelo menos usem sapatos decentes para enfrentar um palco.
Etiquetas: Crítica aos críticos, Crítica de Concertos, Crítica de Ópera, Foster, Gulbenkian, Orquestra Gulbenkian
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