29.10.06
Pobre piano...
Junte-se um pianista dactilógrafo que já foi uma grande estrela do piano e agora é sobretudo maestro (tendo mais fama do que qualidade), pianista que não tem tocado muito em público ultimamente, com dois rapazes, um deles um jovem violinista ainda muito verde que tem a sorte de ser filho do pianista famoso e um violoncelista quiçá vaidoso em excesso, com uma sonoridade bonita e um tique na mão esquerda que se pode confundir com vibrato mas ainda pouca consistência musical e, talvez, com algum futuro, junte-se um maestro razoável vestido de parka preta, tipo empregado de armazém com guarda pó, e uma orquestra razoável mas que poderia ser muito melhor e, felizmente, ao seu melhor nível. Junte-se um público muito afável, entusiasta mas absolutamente inculto. Junte-se um triplo concerto de Beethoven tocado género meia bola e força e sem muita subtileza, acrescente-se, para demonstrar erudição, um concerto de Schönberg tocado à Alexis Weissenberg, sem a menor inflexão métrica ou dinâmica, a ler um papel em cima do piano e sem dominar, de facto, a obra e termine-se tudo com um exercício de circo do Liszt, escrito para o bravo final e com muito métier, mas sem grande substância, tocado, de novo, no género meia bola e força, e muito bater de pés à mistura, e temos um sucesso. Junte-se mais um Kissin a bater palmas de pé, encantado com a paródia, e a alegria está feita. A vida também é feita destas coisas e o espectáculo até nem foi mau de todo. Sai-se satisfeito e agradado.
Passado um bocado fica-se a pensar:
Mas, no meio disto tudo onde está a música?
Concerto de Daniel Baremboim, amigos e familiares, na Gulbenkian hoje. Escapou o solo de clarinete da solista da Gulbenkian, no segundo andamento do 1º concerto de Liszt, a ensinar ao pianista como enunciar um belíssimo tema, o que o pianista aproveitou para melhorar a sua dicção musical no enunciado feito logo a seguir. Escapou também o terceiro andamento do mesmo concerto de Liszt, que foi um prazer escutar pelo recorte de Baremboim, e que demonstrou, nesse preciso ponto, que pode ser ainda um grande pianista se esquecer o defeito de todo uma carreira: a falta de subtileza.
Passado um bocado fica-se a pensar:
Mas, no meio disto tudo onde está a música?
Concerto de Daniel Baremboim, amigos e familiares, na Gulbenkian hoje. Escapou o solo de clarinete da solista da Gulbenkian, no segundo andamento do 1º concerto de Liszt, a ensinar ao pianista como enunciar um belíssimo tema, o que o pianista aproveitou para melhorar a sua dicção musical no enunciado feito logo a seguir. Escapou também o terceiro andamento do mesmo concerto de Liszt, que foi um prazer escutar pelo recorte de Baremboim, e que demonstrou, nesse preciso ponto, que pode ser ainda um grande pianista se esquecer o defeito de todo uma carreira: a falta de subtileza.
27.10.06
Diário - Discos novos
Afinal são 25 os discos e não os vinte e quatro que eu pensava, tinha mais um disco de violoncelo e viola da gamba de compositor Jakob Klein... Entretanto descobri uma autêntica preciosidade, um disco excepcional do Jordi Savall:
8 - Marin Marais - Jordi Savall (viola da gamba), Pierre Hantaï (cravo), Diaz Latorre (guitarra e teorba), Philippe Pierlot (viola da gamba), Pedro Estevan (percussão), Rolf Lislevand (Teorba) e Andrew Lawrence King na harpa. CD duplo, Suitte d'un Goùt Etranger completa 33 peças. Editora AliaVox, uma editora própria de Savall.
Marais na gamba de Savall é um retorno às primeiras paixões do intérprete que foi um maiores descobridores da música do genial francês. O naipe de intérpretes é superlativo, a entrega é total, a elegância do fraseado, a dicção difícil da música francesa atinge o limiar da perfeição, as diferentes combinações de instrumentos mostram as infinitas possibilidades que Marais previu dizendo: "a mistura de instrumentos será agradável proporcionando concertos de câmara do maior agrado". Escutei todo o primeiro CD e estou maravilhado com a beleza da música de Marais dita por Jordi Savall. Este é certamente um dos discos da década.
Se descontarmos os maneirismos típicos de Savall que tem sempre de meter o castiço barbudo (o percussionista pedro Estevan), talvez à procura do espectáculo e esquecendo a contenção, nos exageros de percussão na marcha Tartare, o resto atinge o Parnasso não só da viola da gamba mas da música em toda a sua extensão. Notáveis são a faixa cinco (Double) com um final arrebatador em que Savall (sobretudo este) e Hantaï se recriam na música de uma forma tão apaixonada que quase nos levam à comoção, a faixa sete (Feste Champêtre) com Pierlot, Latorre, Hantaï e Estevan (aqui menos exuberante do que na faixa 1) numa magistral cena de conjunto que se vai espalhando por todo o disco. Disco onde também me deixo apaixonar pelo Le Tourbillon, pela Allemande L'Asmatique e pelas faixas últimas: La Tourneuse e a celebérrima (na época de Marais) Muzette. Mas a qualidade geral é tão elevada que pouco há a dizer.
As palavras que encontro são: elegância, refinamento e vida. Música viva e eterna recriada no clímax interpretativo e de maturidade humana de Marais e de Savall. Simplesmente insuperável este par. Devaneio a pensar no que seria o encontro impossível destes dois homens separados por 350 anos.
Começo agora a ouvir o segundo disco, terei de desligar o portátil para o matraquear das teclas não implicar com a audição...
8 - Marin Marais - Jordi Savall (viola da gamba), Pierre Hantaï (cravo), Diaz Latorre (guitarra e teorba), Philippe Pierlot (viola da gamba), Pedro Estevan (percussão), Rolf Lislevand (Teorba) e Andrew Lawrence King na harpa. CD duplo, Suitte d'un Goùt Etranger completa 33 peças. Editora AliaVox, uma editora própria de Savall.
Marais na gamba de Savall é um retorno às primeiras paixões do intérprete que foi um maiores descobridores da música do genial francês. O naipe de intérpretes é superlativo, a entrega é total, a elegância do fraseado, a dicção difícil da música francesa atinge o limiar da perfeição, as diferentes combinações de instrumentos mostram as infinitas possibilidades que Marais previu dizendo: "a mistura de instrumentos será agradável proporcionando concertos de câmara do maior agrado". Escutei todo o primeiro CD e estou maravilhado com a beleza da música de Marais dita por Jordi Savall. Este é certamente um dos discos da década.
Se descontarmos os maneirismos típicos de Savall que tem sempre de meter o castiço barbudo (o percussionista pedro Estevan), talvez à procura do espectáculo e esquecendo a contenção, nos exageros de percussão na marcha Tartare, o resto atinge o Parnasso não só da viola da gamba mas da música em toda a sua extensão. Notáveis são a faixa cinco (Double) com um final arrebatador em que Savall (sobretudo este) e Hantaï se recriam na música de uma forma tão apaixonada que quase nos levam à comoção, a faixa sete (Feste Champêtre) com Pierlot, Latorre, Hantaï e Estevan (aqui menos exuberante do que na faixa 1) numa magistral cena de conjunto que se vai espalhando por todo o disco. Disco onde também me deixo apaixonar pelo Le Tourbillon, pela Allemande L'Asmatique e pelas faixas últimas: La Tourneuse e a celebérrima (na época de Marais) Muzette. Mas a qualidade geral é tão elevada que pouco há a dizer.
As palavras que encontro são: elegância, refinamento e vida. Música viva e eterna recriada no clímax interpretativo e de maturidade humana de Marais e de Savall. Simplesmente insuperável este par. Devaneio a pensar no que seria o encontro impossível destes dois homens separados por 350 anos.
Começo agora a ouvir o segundo disco, terei de desligar o portátil para o matraquear das teclas não implicar com a audição...
Diário - discos novos
Na minha secretária estão os vinte e quatro discos com que reforcei a minha discoteca esta semana.
Em conversas com amigos discutia a obsessão de alguns de nós que compram, ou pedem a editoras discos sem cessar e muitas vezes sem terem tempo para escutar... Enfim, nem todos foram adquiridos por compra, sete destes discos foram recebidos de editoras devido à minha colaboração com a imprensa e a rádio.
Começo a pensar naquilo que me leva a mim e a muitos outros a adquirir sem cessar discos e mais discos, muitos dos quais nunca escutaremos.
Divido a coisa em dois grupos: novidades dos últimos meses de 2006 e reforços da minha colecção em autores de que gosto ou que não conheço e que me inspiram curiosidade. Trato de analisar aqui as minhas razões... Vejamos o capítulo novidades:
1. Venturini - La Cetra, David Plantier, violino e direcção, Concerti da Camara, Zig Zag Territoires. Comprei pela curiosidade em descobrir um compositor numa editora que é para mim uma referência de qualidade e com um agrupamento e direcção de grande nível que nos traz quase sempre interpretações superiores. Que fazer? Tinha de ter este disco. Estou a escutar agora, uma surpresa magnificente pela interpretação e pela música. A ouvir de novo, valeu a pena. Fonte VGM. Destino: ouvir na rádio e talvez um artigo sobre o assunto. A escutar mais vezes.
2. Marin Marais - Ensemble Spirale. Marianne Muller, gamba e direcção, Zig Zag Territoires. Marin Marais, este nome desperta-me sempre algo, é difícil ver um disco de Marais sem ter imediatamente a pulsão para o comprar, ainda por cima são tão poucos... 350 anos que ninguém lembra, apesar do meu amigo Chambers lhe ter dedicado um programa na Antena 2, apesar da Cristina Fernandes lhe ter dedicado um artigo no "O Público", apesar de o ter citado umas dez vezes no meu programa de rádio e de ter passado alguma da sua música, Marais continua afastado do main stream Mozart, que já enjoa (não há cão nem gato que não meta uma peça do Mozart e a assassine alegremente em dezenas de concertos por todo o lado), e dos outros que vêm atrás. Marais não vende tanto como Mozart, não é massificado ou massificável, nunca teve lobbies interpretativos ou ideológicos, se descontarmos o lobby dos gambistas (!), também não era português. Eu já conhecia a gambista por a ter escutado em concerto, não ouvi nada do disco na VGM do Tomás Oliveira Marques que continua a ter os melhores discos, e mais preciosos e mais raros, em Portugal. Não ouvi ainda o disco. Fonte VGM.
3. Johan Jakob Walther - Les Plaisirs do Parnasse, David Plantier, violino e direcção, Hortulus Chelicus Mainz, 1688 Zig Zag Territoires. O compositor Johan Jakob Walther era uma espécie de mago do violino no século XVII (segunda metade), o grupo é de alto nível trazendo de novo Plantier agora numa formação reduzida, a editora é de referência, tinha de ter o disco, ainda não ouvi. Fonte VGM.
4. Ravel - Anima Eterna, Jos van Immerseel, Zig Zag Territoires. Bolero, Pavana para uma Infanta Defunta, La Valse, Concerto para a Mão Esquerda e Raposódia Espanhola. Immerseel e Ravel, que combinação, instrumentos da época pois então: a sonoridade erótica de um fagote de 1905! Há quem chame louco ao Immerseel, e eu já chamei, mas o homem além das bizarrias com os intrumentos originais é um grande músico, e as bizarrias não o são assim tanto. Ouvi uma faixa no carro (não conta) da VGM para casa e não tenho ainda opinião. Fonte VGM.
5. Orlando de Lassus - Daedalus com Roberto Festa na direcção, Alpha 95, os discos da Alpha são quase sempre bons, como tenho a colecção quase toda e estou a caminho de a completar, é mais um com um compositor extraordinário. Não ouvi nada do disco ainda. Fonte VGM.
6. Carl Phillip Emanuel Bach - Arte dei Suonatori, Alexis Kossenko, traverso e direcção, Alpha 93. Desconfio dos discos dos filhos do Bach, estes fizeram muita música e nem toda é da mais alta qualidade, mas este disco é muito bom, escutei sem muita atenção no carro porque se tratava do disco mais à mão na caixa onde transportava os CDs (que critério), mas apercebi-me da qualidade interpretativa apesar do meio inapropriado e parei para poder ouvir melhor o último concerto, Ré menor Wq. 22, notável a música e muito boa a interpretação. Fonte VGM. Destino: ouvir mais vezes e passar 3ª faixa do último concerto na rádio.
7. Vários - Barbara Hendricks e Love Derwinger, "Arte Verum" nova editora da própria cantora. Recebido da editora, este era um disco que nunca compraria. Barbara Hendricks foi uma grande cantora mas esses tempos já passaram, escutei-a em concerto no ano passado na Gulbenkian, bastou, prefiro ficar com as boas memórias. Estou a tentar ganhar coragem para romper o celofane, este disco faz-me pena e entristece-me. Será melhor do que ao vivo?...
Continua.
Em conversas com amigos discutia a obsessão de alguns de nós que compram, ou pedem a editoras discos sem cessar e muitas vezes sem terem tempo para escutar... Enfim, nem todos foram adquiridos por compra, sete destes discos foram recebidos de editoras devido à minha colaboração com a imprensa e a rádio.
Começo a pensar naquilo que me leva a mim e a muitos outros a adquirir sem cessar discos e mais discos, muitos dos quais nunca escutaremos.
Divido a coisa em dois grupos: novidades dos últimos meses de 2006 e reforços da minha colecção em autores de que gosto ou que não conheço e que me inspiram curiosidade. Trato de analisar aqui as minhas razões... Vejamos o capítulo novidades:
1. Venturini - La Cetra, David Plantier, violino e direcção, Concerti da Camara, Zig Zag Territoires. Comprei pela curiosidade em descobrir um compositor numa editora que é para mim uma referência de qualidade e com um agrupamento e direcção de grande nível que nos traz quase sempre interpretações superiores. Que fazer? Tinha de ter este disco. Estou a escutar agora, uma surpresa magnificente pela interpretação e pela música. A ouvir de novo, valeu a pena. Fonte VGM. Destino: ouvir na rádio e talvez um artigo sobre o assunto. A escutar mais vezes.
2. Marin Marais - Ensemble Spirale. Marianne Muller, gamba e direcção, Zig Zag Territoires. Marin Marais, este nome desperta-me sempre algo, é difícil ver um disco de Marais sem ter imediatamente a pulsão para o comprar, ainda por cima são tão poucos... 350 anos que ninguém lembra, apesar do meu amigo Chambers lhe ter dedicado um programa na Antena 2, apesar da Cristina Fernandes lhe ter dedicado um artigo no "O Público", apesar de o ter citado umas dez vezes no meu programa de rádio e de ter passado alguma da sua música, Marais continua afastado do main stream Mozart, que já enjoa (não há cão nem gato que não meta uma peça do Mozart e a assassine alegremente em dezenas de concertos por todo o lado), e dos outros que vêm atrás. Marais não vende tanto como Mozart, não é massificado ou massificável, nunca teve lobbies interpretativos ou ideológicos, se descontarmos o lobby dos gambistas (!), também não era português. Eu já conhecia a gambista por a ter escutado em concerto, não ouvi nada do disco na VGM do Tomás Oliveira Marques que continua a ter os melhores discos, e mais preciosos e mais raros, em Portugal. Não ouvi ainda o disco. Fonte VGM.
3. Johan Jakob Walther - Les Plaisirs do Parnasse, David Plantier, violino e direcção, Hortulus Chelicus Mainz, 1688 Zig Zag Territoires. O compositor Johan Jakob Walther era uma espécie de mago do violino no século XVII (segunda metade), o grupo é de alto nível trazendo de novo Plantier agora numa formação reduzida, a editora é de referência, tinha de ter o disco, ainda não ouvi. Fonte VGM.
4. Ravel - Anima Eterna, Jos van Immerseel, Zig Zag Territoires. Bolero, Pavana para uma Infanta Defunta, La Valse, Concerto para a Mão Esquerda e Raposódia Espanhola. Immerseel e Ravel, que combinação, instrumentos da época pois então: a sonoridade erótica de um fagote de 1905! Há quem chame louco ao Immerseel, e eu já chamei, mas o homem além das bizarrias com os intrumentos originais é um grande músico, e as bizarrias não o são assim tanto. Ouvi uma faixa no carro (não conta) da VGM para casa e não tenho ainda opinião. Fonte VGM.
5. Orlando de Lassus - Daedalus com Roberto Festa na direcção, Alpha 95, os discos da Alpha são quase sempre bons, como tenho a colecção quase toda e estou a caminho de a completar, é mais um com um compositor extraordinário. Não ouvi nada do disco ainda. Fonte VGM.
6. Carl Phillip Emanuel Bach - Arte dei Suonatori, Alexis Kossenko, traverso e direcção, Alpha 93. Desconfio dos discos dos filhos do Bach, estes fizeram muita música e nem toda é da mais alta qualidade, mas este disco é muito bom, escutei sem muita atenção no carro porque se tratava do disco mais à mão na caixa onde transportava os CDs (que critério), mas apercebi-me da qualidade interpretativa apesar do meio inapropriado e parei para poder ouvir melhor o último concerto, Ré menor Wq. 22, notável a música e muito boa a interpretação. Fonte VGM. Destino: ouvir mais vezes e passar 3ª faixa do último concerto na rádio.
7. Vários - Barbara Hendricks e Love Derwinger, "Arte Verum" nova editora da própria cantora. Recebido da editora, este era um disco que nunca compraria. Barbara Hendricks foi uma grande cantora mas esses tempos já passaram, escutei-a em concerto no ano passado na Gulbenkian, bastou, prefiro ficar com as boas memórias. Estou a tentar ganhar coragem para romper o celofane, este disco faz-me pena e entristece-me. Será melhor do que ao vivo?...
Continua.
25.10.06
Miguel Sousa Tavares
O argumento de quem acusa Miguel Sousa Tavares de plagiar não sei quem, é o mesmo de quem queria acusar o Beethoven de ter plagiado o Mozart por ter usado as mesmas notas.
Só um paranóico invejoso e cobarde, do tipo lusito, consegue fazer acusações destas, faz-me lembrar, noutra escala de um tal George qualquer que gostaria de ser escritor e ganhar muito dinheiro e depois tentou ser crítico literário e se fixou como cão no osso da Margarida Rebelo Pinto.
Só um paranóico invejoso e cobarde, do tipo lusito, consegue fazer acusações destas, faz-me lembrar, noutra escala de um tal George qualquer que gostaria de ser escritor e ganhar muito dinheiro e depois tentou ser crítico literário e se fixou como cão no osso da Margarida Rebelo Pinto.
Seabra e Fernandes
23.10.06
Independência da crítica - breve nota
Como é possível haver independência da crítica se nos jornais de referência como o Expresso, o Público e o Diário de Notícias, o espaço da crítica musical séria se reduz cada vez mais?
Como reflexo da igorância e analfabetismo endémico de Portugal hoje em dia já nem na imprensa existem elites culturais, os editores são na sua maioria jovens inábeis vindos de escolas de jornalismo, que apesar de conceitos técnicos aprendidos não aprendem o essencial: cultura onde não existe substrato, um defeito da unversidade portuguesa, também geralmente medíocre e pouco estimulante. Quem acaba na cultura são rapazes e raparigas que não dão para a "polítrica" ou para qualquer coisa de mais "útil" dentro do jornal ao contrário de exemplos saudosos do passado em que editores eram figuras intelectuais de referência, e aqui lembro "O Público" que, há uns anos atrás, teve como editor um dramaturgo e poeta. Esta falta de substrato lato leva a um destaque de certas formas de cultura, que geralmente nunca incluem a música, compartimentando conhecimentos e formas de agir perante a arte. O cinema, por exemplo, terá sempre destaque face à música, porque é mais acessível aos editores que, embora não sabendo nada do assunto, sempre foram ao nimas algumas vezes para gáudio máximo dos críticos de cinema. Críticos de cinema muito mais severos do que um crítico de música em Portugal alguma vez poderá aspirar. Imagine-se dizer do João Paulo Santos, um músico de terceiro plano, do que se disse do Manuel de Oliveira, um nome maior da nossa arte. A literatura também passa à frente da música numa compartimentação artística absurda e ligada sempre a carências de gosto e de formação, o que não acontece, por exemplo, na Alemanha, Inglaterra, França, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Países Nórdicos ou Áustria e que é mais um sintoma do nosso atraso e falta de substrato.
Estes editores são o espelho de administrações mercantilistas e de direcções tontas, que julgam que o povo quer é massificação. A opinião política, também esta rasteira e enviezada, enxameia e contamina os jornais e consome os orçamentos. Sempre desprezando o facto básico que leva à venda real de um jornal na via pública: as notícias, notícias bem escritas, em cima da hora. Algo que acontece no Correio da Manhã que pelo menos não é um jornal envergonhado e conhece bem o seu caminho, isto apesar do seu desprezo olímpico pela cultura. O Correio da Manhã é lido por taxistas e é escrito por jornalistas, os outros são editados e dirigidos por taxistas e lidos pelos intelectuais...
Um exemplo: apesar de meios técnicos avançadíssimos os jornais já não conseguem ter no dia seguinte a crítica à ópera da véspera, nem sequer em 3000 caracteres, o que é quase igual a zero. Parece um absurdo quando nos anos vinte (do século passado) o Diário de Notícias conseguia muito mais e mais depressa.
Por outro lado a possibilidade de formação de públicos, no que é verdadeiramente serviço público, está totalmente arredada dos jornais. Pensa-se que o leitor é basicamente estúpido e inculto e não está interessado em coisas longas e complexas, espelho afinal de mentalidades igualmente limitadas. De facto o público é inteligente e está ávido de informação. É evidente que a escrita para um público geral sobre música clássica, por exemplo, deve explicar os contextos e ser relativamente simples, mas não significa que seja imbecilizada, ou reduzida apenas ao D. Giovanni no Palácio da Ajuda ou à porcaria inenarrável que constitui o exemplo de Anne Sophie von Otter a cantar Abba que surge em destaque em todos os jornais citados e merece uma "crítica" no Expresso.
Reduz-se a zero o espaço inteligente para a escolha dos críticos cada vez mais limitada, críticos que já nem sequer podem escolher o tema de cada artigo que vão escrever, acabando ao editor, que geralmente é uma nulidade total no assunto (e que tem na cabeça, geralmente cabeçuda, o que acha que o público quer) acabando por se exercer uma censura cultural e uma tarraxa que nivela pelo nível mais rasteiro os temas que conseguem entrar nos escassos linguados que vão sobrando aos desgraçados dos críticos.
Sei que Augusto M. Seabra saiu do Público e deu uma entrevista ao DN, sempre afirmei que Seabra era "mauzinho", que tentava aparentar mais do que sabia, mas tem duas vantagens: parece ser relativamente inteligente e detectar os pontos essenciais numa análise e por outro lado é corajoso, o que às vezes se confunde também com estupidez. Mas numa coisa tem razão, as direcções e edições de cultura do Público, e de muitos outros jornais, acrescento eu, são incompetentes para o serviço a que se propõem.
E continuo a acreditar que a crítica bem escrita e fundamentada, por longa que seja, suscita interesse do leitor, sobretudo nas classes que lêem os supostos jornais de referência, e também potencia a formação de quem não tem tanto interesse pelo assunto à priori. O público é bem mais inteligente que os editores e direcções dos jornais e por isso escolhe o Correio da Manhã...
P.S. - Uma das vacas sagradas da imprensa portuguesa são os directores e os editores. Nenhum jornalista, colaborador ou crítico (excepto o Seabra honra lhe seja feita) se atreve a criticar qualquer destes influentes personagens, toda a gente quer continuar a trabalhar... Creio que num blog independente se poderá abordar este assunto sem grandes problemas e é nestes pontos que a blogosfera continua a ganhar ao jornalismo puro.
Como reflexo da igorância e analfabetismo endémico de Portugal hoje em dia já nem na imprensa existem elites culturais, os editores são na sua maioria jovens inábeis vindos de escolas de jornalismo, que apesar de conceitos técnicos aprendidos não aprendem o essencial: cultura onde não existe substrato, um defeito da unversidade portuguesa, também geralmente medíocre e pouco estimulante. Quem acaba na cultura são rapazes e raparigas que não dão para a "polítrica" ou para qualquer coisa de mais "útil" dentro do jornal ao contrário de exemplos saudosos do passado em que editores eram figuras intelectuais de referência, e aqui lembro "O Público" que, há uns anos atrás, teve como editor um dramaturgo e poeta. Esta falta de substrato lato leva a um destaque de certas formas de cultura, que geralmente nunca incluem a música, compartimentando conhecimentos e formas de agir perante a arte. O cinema, por exemplo, terá sempre destaque face à música, porque é mais acessível aos editores que, embora não sabendo nada do assunto, sempre foram ao nimas algumas vezes para gáudio máximo dos críticos de cinema. Críticos de cinema muito mais severos do que um crítico de música em Portugal alguma vez poderá aspirar. Imagine-se dizer do João Paulo Santos, um músico de terceiro plano, do que se disse do Manuel de Oliveira, um nome maior da nossa arte. A literatura também passa à frente da música numa compartimentação artística absurda e ligada sempre a carências de gosto e de formação, o que não acontece, por exemplo, na Alemanha, Inglaterra, França, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Países Nórdicos ou Áustria e que é mais um sintoma do nosso atraso e falta de substrato.
Estes editores são o espelho de administrações mercantilistas e de direcções tontas, que julgam que o povo quer é massificação. A opinião política, também esta rasteira e enviezada, enxameia e contamina os jornais e consome os orçamentos. Sempre desprezando o facto básico que leva à venda real de um jornal na via pública: as notícias, notícias bem escritas, em cima da hora. Algo que acontece no Correio da Manhã que pelo menos não é um jornal envergonhado e conhece bem o seu caminho, isto apesar do seu desprezo olímpico pela cultura. O Correio da Manhã é lido por taxistas e é escrito por jornalistas, os outros são editados e dirigidos por taxistas e lidos pelos intelectuais...
Um exemplo: apesar de meios técnicos avançadíssimos os jornais já não conseguem ter no dia seguinte a crítica à ópera da véspera, nem sequer em 3000 caracteres, o que é quase igual a zero. Parece um absurdo quando nos anos vinte (do século passado) o Diário de Notícias conseguia muito mais e mais depressa.
Por outro lado a possibilidade de formação de públicos, no que é verdadeiramente serviço público, está totalmente arredada dos jornais. Pensa-se que o leitor é basicamente estúpido e inculto e não está interessado em coisas longas e complexas, espelho afinal de mentalidades igualmente limitadas. De facto o público é inteligente e está ávido de informação. É evidente que a escrita para um público geral sobre música clássica, por exemplo, deve explicar os contextos e ser relativamente simples, mas não significa que seja imbecilizada, ou reduzida apenas ao D. Giovanni no Palácio da Ajuda ou à porcaria inenarrável que constitui o exemplo de Anne Sophie von Otter a cantar Abba que surge em destaque em todos os jornais citados e merece uma "crítica" no Expresso.
Reduz-se a zero o espaço inteligente para a escolha dos críticos cada vez mais limitada, críticos que já nem sequer podem escolher o tema de cada artigo que vão escrever, acabando ao editor, que geralmente é uma nulidade total no assunto (e que tem na cabeça, geralmente cabeçuda, o que acha que o público quer) acabando por se exercer uma censura cultural e uma tarraxa que nivela pelo nível mais rasteiro os temas que conseguem entrar nos escassos linguados que vão sobrando aos desgraçados dos críticos.
Sei que Augusto M. Seabra saiu do Público e deu uma entrevista ao DN, sempre afirmei que Seabra era "mauzinho", que tentava aparentar mais do que sabia, mas tem duas vantagens: parece ser relativamente inteligente e detectar os pontos essenciais numa análise e por outro lado é corajoso, o que às vezes se confunde também com estupidez. Mas numa coisa tem razão, as direcções e edições de cultura do Público, e de muitos outros jornais, acrescento eu, são incompetentes para o serviço a que se propõem.
E continuo a acreditar que a crítica bem escrita e fundamentada, por longa que seja, suscita interesse do leitor, sobretudo nas classes que lêem os supostos jornais de referência, e também potencia a formação de quem não tem tanto interesse pelo assunto à priori. O público é bem mais inteligente que os editores e direcções dos jornais e por isso escolhe o Correio da Manhã...
P.S. - Uma das vacas sagradas da imprensa portuguesa são os directores e os editores. Nenhum jornalista, colaborador ou crítico (excepto o Seabra honra lhe seja feita) se atreve a criticar qualquer destes influentes personagens, toda a gente quer continuar a trabalhar... Creio que num blog independente se poderá abordar este assunto sem grandes problemas e é nestes pontos que a blogosfera continua a ganhar ao jornalismo puro.
21.10.06
Festival de Mafra, hoje
Um concerto a não perder, o Anjo e o Demónio, que é como quem diz Forqueray e Marais. Viola da gamba em destaque, Ballestracci e Zeller, gambas, R. Comte, teorba e Demichelli no cravo recriam a música francesa do final do século XVII e princípio do XVIII. Ballestracci tem trabalhado com todos os grandes nomes a começar com Jordi Savall e depois com Paolo Pandolfo.
Pelo programa e pelos músicos parece ser um concerto a não perder. Marais nasceu há trezentos e cinquenta anos e quase ninguém lembra no meio da histeria Mozart e de outras menores que este é um dos maiores compositores de todos os tempos, isto sem fazer escalas comparativas.
Raramente tenho recomendado concertos aqui, e costumo ser muito céptico mas, se não me engano, este é um concerto que deveria esgotar. Certamente ainda há bilhetes. Num dia de chuva que mais há a fazer do que a autoestrada até Mafra (e já existe uma que vai até à entrada da povoação, entronca na A8) e pelas 17h escutar um concerto de música eterna na biblioteca do palácio de Mafra?
O Festival de Mafra continua com agrupamentos notáveis, já falámos do assunto na rádio como director artístico, João Miguel Gil, e com um orçamento pequeníssimo apresenta um nível de qualidade e seriedade que não faz concessões. Infelizmente peca pela raridade, uma raridade que se saúda.
Pelo programa e pelos músicos parece ser um concerto a não perder. Marais nasceu há trezentos e cinquenta anos e quase ninguém lembra no meio da histeria Mozart e de outras menores que este é um dos maiores compositores de todos os tempos, isto sem fazer escalas comparativas.
Raramente tenho recomendado concertos aqui, e costumo ser muito céptico mas, se não me engano, este é um concerto que deveria esgotar. Certamente ainda há bilhetes. Num dia de chuva que mais há a fazer do que a autoestrada até Mafra (e já existe uma que vai até à entrada da povoação, entronca na A8) e pelas 17h escutar um concerto de música eterna na biblioteca do palácio de Mafra?
O Festival de Mafra continua com agrupamentos notáveis, já falámos do assunto na rádio como director artístico, João Miguel Gil, e com um orçamento pequeníssimo apresenta um nível de qualidade e seriedade que não faz concessões. Infelizmente peca pela raridade, uma raridade que se saúda.
9.10.06
Selas e nós
Li o Blogue "Selas e Nós", de uma colega matemática.
Muito interessante o post sobre Perelman, o homem da conjectura de Poincaré. Vale a pena ler este blogue que sugiro como uma leitura interessante.
Muito interessante o post sobre Perelman, o homem da conjectura de Poincaré. Vale a pena ler este blogue que sugiro como uma leitura interessante.
7.10.06
Temporada Gulbenkian
Com o início da temporada Gulbenkian de música no próximo dia 10 de Outubro, terça feira, com a Orquestra do Século XVIII dirigida por Frans Brüggen, começa um período de excepcional qualidade artística e musical. Esta temporada supera em muitos aspectos tudo quanto se conseguiu reunir neste país nos últimos anos. Infelizmente qualquer relação desta temporada com o estado do país em termos musicais é nula. Não temos uma orquestra sinfónica digna desse nome, não temos formações permanentes de alta qualidade na música antiga (nas poucas que existem os músicos variam constantemente), não temos uma companhia de ópera portuguesa e o S. Carlos, apesar de apresentar uma temporada esforçada, não passa de um teatro de província onde quase sempre imperou e continua a imperar uma fortíssima influência italiana, um teatro sem a menor expressão mundial, inferior em programação e orçamento a qualquer teatro alemão de uma cidade média de trezentos mil habitantes como Mannheim (ver em oper e em repertoire). Os músicos portugueses mendigam trabalhos e desdobram-se em actividades esgotantes para ganharem algum dinheiro e na geralidade dos casos isso acarreta uma mediocridade crescente de carreiras que talento e promessas de grande valor inicial raramente confirmam. Alguns emigraram e fizeram bem.
Esperamos com interesse as programações da Casa da Música, para já o enorme dispêndio de dinheiros públicos gerou alguns concertos de grande nível, com o decorrer dos anos será possível avaliar da consistência artística proposta pela nova direcção artística de Pedro Burmester.
O CCB de Mega Ferreira conseguiu algo notável em pouco tempo, criar uma temporada de música a partir de fragmentos dispersos de programações antigas, alguma unificação estratégice e uma indicação precisa de rumos, junte-se a isto alguma cosmética e marketing, como a inclusão de programas muito baratos como o cinema e tem-se uma programação coerente. Ainda é uma temporada incipiente mas espera-se mais no futuro, está no bom caminho.
O principal problema destas programações é, evidentemente, o público que não quer e não exige mais, para um país de analfabetos culturais e musicais, onde pontificam os políticos, não se pode produzir mais. A Fundação Gulbenkian percebeu isso mesmo e aposta hoje em dia num programa de ampla visão que procura chamar para a música os jovens (e menos jovens) e romper o ciclo vicioso de um público em circuito fechado cada vez mais envelhecido, cheio de catarro e de vícios, um público cada vez menos exigente e mais gágá que bate palmas de pé a qualquer diva de trazer por casa a cantar mais umas tretas. Relembro a propósito a Karita Mattila que me fez sair a meio do recital por apresentar um programa infame em termos musicais, numa das raras concessões da Gulbenkian ao fácil e ao medíocre.
Como conclusão resta a Fundação Gulbenkian como rochedo firme e consistente, que raramente cede ao kitsch e à mediocridade. Felizmente a temporada Gulbenkian, que se inicia na próxima terça feira, está aí para provar o que se pode fazer e como se pode fazer mesmo dentro deste lamaçal. É um oásis que os ex-políticos do conselho de administração da Fundação ainda não quiseram, ou não puderam, destruir. É trabalho fruto da competência de Luís Pereira Leal, de Rui Vieira Nery, de Carlos de Pontes Leça e mais recentemente de Miguel Sobral Cid. Fica aqui o elogio, aliás bem raro neste blogue.
Recomenda-se uma visita e uma análise à temporada Gulbenkian, os concertos não se devem escolher pelos nomes dos artistas mas sim pelos programas, eu faço isso desde os meus dez anos, em que na altura não conhecia nomes nenhuns...
Serviço de Música da Gulbenkian
Esperamos com interesse as programações da Casa da Música, para já o enorme dispêndio de dinheiros públicos gerou alguns concertos de grande nível, com o decorrer dos anos será possível avaliar da consistência artística proposta pela nova direcção artística de Pedro Burmester.
O CCB de Mega Ferreira conseguiu algo notável em pouco tempo, criar uma temporada de música a partir de fragmentos dispersos de programações antigas, alguma unificação estratégice e uma indicação precisa de rumos, junte-se a isto alguma cosmética e marketing, como a inclusão de programas muito baratos como o cinema e tem-se uma programação coerente. Ainda é uma temporada incipiente mas espera-se mais no futuro, está no bom caminho.
O principal problema destas programações é, evidentemente, o público que não quer e não exige mais, para um país de analfabetos culturais e musicais, onde pontificam os políticos, não se pode produzir mais. A Fundação Gulbenkian percebeu isso mesmo e aposta hoje em dia num programa de ampla visão que procura chamar para a música os jovens (e menos jovens) e romper o ciclo vicioso de um público em circuito fechado cada vez mais envelhecido, cheio de catarro e de vícios, um público cada vez menos exigente e mais gágá que bate palmas de pé a qualquer diva de trazer por casa a cantar mais umas tretas. Relembro a propósito a Karita Mattila que me fez sair a meio do recital por apresentar um programa infame em termos musicais, numa das raras concessões da Gulbenkian ao fácil e ao medíocre.
Como conclusão resta a Fundação Gulbenkian como rochedo firme e consistente, que raramente cede ao kitsch e à mediocridade. Felizmente a temporada Gulbenkian, que se inicia na próxima terça feira, está aí para provar o que se pode fazer e como se pode fazer mesmo dentro deste lamaçal. É um oásis que os ex-políticos do conselho de administração da Fundação ainda não quiseram, ou não puderam, destruir. É trabalho fruto da competência de Luís Pereira Leal, de Rui Vieira Nery, de Carlos de Pontes Leça e mais recentemente de Miguel Sobral Cid. Fica aqui o elogio, aliás bem raro neste blogue.
Recomenda-se uma visita e uma análise à temporada Gulbenkian, os concertos não se devem escolher pelos nomes dos artistas mas sim pelos programas, eu faço isso desde os meus dez anos, em que na altura não conhecia nomes nenhuns...
Serviço de Música da Gulbenkian
1.10.06
O Danúbio Azul
A Valsa Danúbio Azul pela Orquestra Gulbenkian, direcção Osvaldo Castro, faz-me lembrar aquela anedota dos elefantes saltando elegantemente de nenúfar em nenúfar, e os sapos eram os sopros.
E já agora, parabéns aos laureados do prémio jovens músicos que nada têm a ver com o estado das orquestras portuguesas, jovens músicos que me deliciaram com belíssimas interpretações, em directo pela Antena 2.
Pobres jovens músicos em Portugal, alguns brilhantes, como João Pedro Santos que ganhou prémio Silva Pereira com o concerto para clarinete de Nielsen. Resta-lhes a esperança de emigrarem, o aperfeiçoamento no estrangeiro apenas lhe pode fazer bem.
Bravo João Pedro Santos.
E já agora, parabéns aos laureados do prémio jovens músicos que nada têm a ver com o estado das orquestras portuguesas, jovens músicos que me deliciaram com belíssimas interpretações, em directo pela Antena 2.
Pobres jovens músicos em Portugal, alguns brilhantes, como João Pedro Santos que ganhou prémio Silva Pereira com o concerto para clarinete de Nielsen. Resta-lhes a esperança de emigrarem, o aperfeiçoamento no estrangeiro apenas lhe pode fazer bem.
Bravo João Pedro Santos.
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