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27.10.06

Diário - Discos novos 

Afinal são 25 os discos e não os vinte e quatro que eu pensava, tinha mais um disco de violoncelo e viola da gamba de compositor Jakob Klein... Entretanto descobri uma autêntica preciosidade, um disco excepcional do Jordi Savall:

8 - Marin Marais - Jordi Savall (viola da gamba), Pierre Hantaï (cravo), Diaz Latorre (guitarra e teorba), Philippe Pierlot (viola da gamba), Pedro Estevan (percussão), Rolf Lislevand (Teorba) e Andrew Lawrence King na harpa. CD duplo, Suitte d'un Goùt Etranger completa 33 peças. Editora AliaVox, uma editora própria de Savall.
Marais na gamba de Savall é um retorno às primeiras paixões do intérprete que foi um maiores descobridores da música do genial francês. O naipe de intérpretes é superlativo, a entrega é total, a elegância do fraseado, a dicção difícil da música francesa atinge o limiar da perfeição, as diferentes combinações de instrumentos mostram as infinitas possibilidades que Marais previu dizendo: "a mistura de instrumentos será agradável proporcionando concertos de câmara do maior agrado". Escutei todo o primeiro CD e estou maravilhado com a beleza da música de Marais dita por Jordi Savall. Este é certamente um dos discos da década.
Se descontarmos os maneirismos típicos de Savall que tem sempre de meter o castiço barbudo (o percussionista pedro Estevan), talvez à procura do espectáculo e esquecendo a contenção, nos exageros de percussão na marcha Tartare, o resto atinge o Parnasso não só da viola da gamba mas da música em toda a sua extensão. Notáveis são a faixa cinco (Double) com um final arrebatador em que Savall (sobretudo este) e Hantaï se recriam na música de uma forma tão apaixonada que quase nos levam à comoção, a faixa sete (Feste Champêtre) com Pierlot, Latorre, Hantaï e Estevan (aqui menos exuberante do que na faixa 1) numa magistral cena de conjunto que se vai espalhando por todo o disco. Disco onde também me deixo apaixonar pelo Le Tourbillon, pela Allemande L'Asmatique e pelas faixas últimas: La Tourneuse e a celebérrima (na época de Marais) Muzette. Mas a qualidade geral é tão elevada que pouco há a dizer.
As palavras que encontro são: elegância, refinamento e vida. Música viva e eterna recriada no clímax interpretativo e de maturidade humana de Marais e de Savall. Simplesmente insuperável este par. Devaneio a pensar no que seria o encontro impossível destes dois homens separados por 350 anos.
Começo agora a ouvir o segundo disco, terei de desligar o portátil para o matraquear das teclas não implicar com a audição...


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