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4.4.08

Contos de Hoffmann - O refugo 

O S. Carlos, pago pelos impostos dos portugueses continua a ser o palco do refugo, mais uma produção falhada, agora nos contos de Hoffmann, dispenso-me de apontar a soma dos erros particulares, a coisa está a ficar tão evidente e se o tivesse de fazer este texto seria demasiado longo.

Percebi logo que a coisa iria correr mal quando vi um cantor, no início, a dar com a cabeça numa parede. Destaco os pontos mais salientes:

Uma direcção artística escandalosa, encenadores destrutivos, ignorantes e tecnicamente incapazes, cometendo erros grosseiros, como o de deixar mortos a levantarem-se e sairem do palco a correr porque as luzes não estiveram apagadas o tempo suficiente para deixar os zombies sair pela porta baixa.
Uma escolha do casting penosa, uma orquestra fraquíssima e um maestro pouco inteligente que não consegue perceber os limites dos músicos e cantores de que dispõe.
Uma coreografia sem inteligência e sem nada de novo.
Frases desgarradas de Fernando Pessoa que seriam melhor lidas pelo porta voz da conferência episcopal portuguesa.
Um coro aos berros e pouco certo.
Ficou-me na memória, pelas piores razões, um terceto no acto de Antonia absolutamente infernal.
Um baixo Duisburg que não consegue afinar do princípio ao fim e uma soprano, ... Guy, para o terceiro acto do qual nem o primeiro nome me consigo lembrar, foram penosos no capítulo canoro.

Uma sevilhana que chama do Além, de perna ao léu e má voz, a sua filha "esturbeculosa" Antonia foi o momento antológico... de ridículo, de kitsch e de incredulidade.
Pior ainda só a morte de Hoffmann no final, disparatada e ilógica, destruindo a indefinição do final; final que é afinal o mais belo dos elementos dramáticos da ópera de Offenbach, um final de verdadeiro pessimismo na sua interrogação suspensa. Um final assassinado barbaramente por um encenador que parece não entender nada daquilo...
figurinos que pareciam saídos da feira das pulgas ou de um armazém qualquer de aluguer de máscaras e sem qualquer desenho estético.
Luzes indiferentes.
Cenários de telão pintado, mal pintado...

Há limites para a pouca vergonha, o senhor Dammann já foi corrido pelos alemães de Colónia. Porque será que teremos nós de sofrer tamanho castigo? Fora!

E esta ópera não merece mais crítica, é que perder tempo com este lixo não faz sentido, e nem a voz da mezzo Stephanie Houtzeel (relativamente melhor) ou um tenor sofrível, Serghei Khomov, e alguns portugueses esforçados que, desgarrados, andavam por ali no meio do esbracejar global, salvam uma produção miserável. Ponto final.


Senhores da OPART será que não percebem que o senhor Dammann ainda não conseguiu produzir algo de aceitável em termos operáticos este ano? Será que não bastam estes testes, ou isto vai durar ainda os anos previstos do contrato?
Entretanto o ministro da cultura (o do nome trocado) e sua secretária fazem uma espécie de dupla muda e inconsequente. A sua única intervenção digna de registo foi ter dito: "fazer mais com menos".
É realmente muito menos, menos do que o que espera para um ministro que entrou em funções há demasiado tempo para tão nula acção.

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