29.9.13
Django Unchained
Django Unchained passa-se em 1858, dois anos antes da Guerra Civil Americana, em que a escravatura vivia o seu auge. A forma como Tarantino conta a História, dentro de uma estória, num Western à “moda antiga”, a fazer lembrar Sergio Leone, é sublime! Tarantino delicia-nos com a sua “insanidade”, uma das marcas que o diferencia dos seus pares, oferecendo-nos uma comédia negra absolutamente divina!
E que dizer do elenco? Kurt Russel está irreconhecível! Don Johnson tem aqui, talvez, o único papel de destaque da sua carreira numa interpretação absolutamente excepcional. Jamie Lee Foxx (actor pelo qual não nutro qualquer tipo de simpatia) foi uma agradável surpresa no papel de Django. Samuel L. Jackson é soberbo! Leonardo DiCaprio arrasa. And last but not least, Mr. Christoph Waltz: não existem adjectivos suficientes para qualificar a sua interpretação. Magistral!
Existe um denominador comum na obra cinematográfica de Tarantino, a banda sonora que se "confunde" com os próprios filmes. E, uma vez mais, Django Unchained não é excepção! As cenas ganham outra dimensão quando Tarantino decide que é altura de "entrar" a música!
É obrigatório referir o original de 1966, Django, de Sergio Corbucci, um dos mestres dos Western Spaghetti, com o inigualável Franco Nero, que inspirou Tarantino na concretização desta obra notável. Um filme que faz parte do meu imaginário e, por essa razão, não posso deixar de partilhar a minha emoção quando, em Fevereiro, estive no Espaço Nimas num encontro promovido por Paulo Branco com Franco Nero a partilhar com o público episódios absolutamente deliciosos sobre a sua relação com Tarantino, a que se seguiu a exibição de Django. Uma noite memorável!
E foi assim quando os dois Djangos se encontraram...
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25.9.13
Blue Jasmine
Vi finalmente Blue Jasmine, realizado por Woody Allen! É obrigatório começar por Cate Blanchett. É ela a grande força do filme! Uma excelente actriz, mas isso já todos sabíamos! Em Blue Jasmine, Blanchett reinventa-se de todas as formas possíveis e impossíveis, atingindo a perfeição!
Jasmine é uma mulher complexa, profundamente infeliz. Facilmente (os menos atentos) podem cair na tentação de fazer juízos de valor demasiado simplistas. Jasmine consegue ascender a uma classe social que jamais sonhou que pudesse acontecer, emergindo num universo "encantado" (ou, melhor dizendo, envenenado...), frívolo, fútil, preconceituoso. Mas Jasmine é tudo menos fútil. Há nela uma espécie de alienação consentida perante um passado pesado, duro que a persegue. E, por isso, finge que não sabe; finge que não ouve; finge que não vê; finge que é o arquétipo da mulher perfeita que se enquadra nessa franja de uma Sociedade cínica, egoísta, elitista, cheia de tiques e "cheia de vazio". Sofre em silêncio, sem lamentações, sem queixumes... o seu maior "pecado" foi tentar ser feliz (afinal não é o que todos ambicionamos?). Qual a diferença entre ela e a irmã Ginger (ambas adoptadas)? Nenhuma! Ginger pode provocar uma certa compaixão porque é pobre, humilde, ou seja, é a "irmã boa" ("Jasmine sempre teve melhores genes..."). Também Ginger tenta "alcançar" a todo o custo uma vida melhor da mesma forma que Jasmine.
E que dizer de Woody Allen? Escrevi há um tempo atrás, a propósito de "To Rome with Love" que era urgente o seu regresso a Nova Iorque. Não regressou a Nova Iorque, mas regressou ao seu "Habitat" através da magnífica cidade de São Francisco. E voltamos a reconhecer a genialidade de Woody Allen de outros tempos. Aqui vemos uma nova faceta de Allen... mostra-nos o lado perverso, cruel da natureza humana, mas, ao mesmo tempo, há uma ternura infindável. A intelectualidade é sinónimo de inteligência? Não me parece! Não houve lugar às gargalhadas do costume... houve lugar a uma reflexão menos irónica e mais inquietante.
Não coloco Blue Jasmine ao nível de Manhattan, Annie Hall, Hannah and Her Sisters, só para citar algumas obras notáveis deste extraordinário cineasta porque não é suposto. Não são comparáveis. É um grande filme. Welcome back, Mr. Allen!
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17.9.13
We need to talk about Kevin
Realizado por Lynne Ramsay, We need to talk about Kevin retrata a relação entre uma mãe e filho numa luta titânica entre dois seres que não parecem ou não conseguem estabelecer qualquer tipo de ligação afectiva. Assistimos a um sem número de actos agressivos, provocatórios, por parte do filho para com a mãe que adopta uma atitude de tal forma passiva que chega a ser desconcertante.
A mãe (Tilda Swinton) vê-se confrontada com uma dualidade terrível: por um lado, quer conquistar o filho, mas por outro há uma frieza nela que é arrepiante.
Este não é de todo um filme linear. É duro! Angustiante! Perturbador! Ramsay obriga o espectador a questionar premissas que, à partida, todos estabelecemos como garantidas (ou não...). E fá-lo de uma forma muito eficaz, colocando em causa a imagem imaculada da maternidade que persiste numa sociedade cínica em que o que mais importa é parecer e não ser!
Um filme singular que se alimenta de silêncios, de expressões, de gestos... com um grafismo pesado, sombrio que adensa ainda mais esta terrífica história.
Arrisco a dizer que Tilda Swinton tem aqui o papel da sua vida! Uma interpretação simplesmente assombrosa! São três os actores que interpretam Kevin ao longo do filme com desempenhos absolutamente irrepreensíveis! Ezra Miller (o actor que encarna Kevin na adolescência) é notável.
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6.9.13
Moonrise Kingdom
Wes Anderson constrói uma estória consistente em que a criatividade é o elemento que mais sobressai nesta narrativa, mostrando o amor (ou a falta dele) em todas as suas facetas. Anderson convida-nos a mergulhar num universo "ficcionado", mas tão real que nos esmaga! É inevitável que o espectador se identifique com inúmeras situações que o filme encerra.
Um argumento inteligente, belíssimo do ponto de vista cénico e com uma banda sonora magnífica a complementar esta grande aventura.
Um filme repleto de estrelas (Bruce Willis, Edward Norton, Bill Murray, Frances McDormand, Tilda Swinton e Harvey Keitel), mas são Jared Gilman e Kara Hayward (dois jovens actores) que conseguem, através das suas interpretações, transmitir um conjunto de emoções com arte e engenho!
Moonrise Kingdom transporta-nos para o imaginário das crianças, mostrando a sua visão sobre o mundo dos mais crescidos. Um filme de uma ternura e intensidade infindáveis, com momentos absolutamente mágicos, mas ao mesmo tempo tão sofridos. Como é que as crianças se encaixam num mundo tão doente? Afinal, cabe aos adultos proporcionar-lhes conforto, protecção, mimo até à exaustão. E tantas vezes, assistimos a uma inversão de papéis...
"How to live in this world...”.
Um filme absolutamente excepcional!
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