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10.3.11
Vésperas de Monteverdi no CCB
Henrique Silveira - crítico
Depois de em 2008 Marco Mencoboni nos ter apresentado umas Vésperas de Monteverdi (1567-1643) na Sé Patriarcal de Lisboa, esta obra rara surge em duas versões diferentes com uma semana de intervalo. É caso para dizer que não há fome que não dê em fartura. Neste caso tivemos Claudio Cavina com a sua “La Venexiana” no grande auditório do Centro Cultural de Belém em Lisboa, a 8 de Dezembro, isto após a interpretação da semana passada na Gulbenkian.
Editadas em 1610, serviam para a celebração da liturgia das Vésperas de Nossa Senhora, incluindo os Salmos habituais da liturgia mariana e ainda “concertos” que Monteverdi intercalou na liturgia habitual com excertos dos Cânticos dos Cânticos e de Isaias, integrando ainda uma sonata sobre o “cantus firmus” Sancta Maria ora pro nobis e culminando num dos dois possíveis Magnificat que escreveu para esta obra. Se nos salmos e Magnificat é geralmente jocundo e jubilatório, nas outras secções é subtil e intimista. Uma obra destinada a impressioar o Papa feita por um Monteverdi de saída da Mântua dos Gonzagas e em demanda de um novo posto. Uma colecção do melhor que teria composto, no capítulo religioso, até então. Infelizmente o Papa não acusou a recepção da obra e Monteverdi acabou por ir para Veneza onde teve um tratamento à altura do seu génio.
Foi esta dualidade que Claudio Cavina, que foi um excelente contratenor mas cuja voz dá sinais evidentes de consaço, não conseguiu atingir. Procurou em demasia o madrigalismo a que está ligado pelo seu currículo mesmo quando a obra exige mais força vital e, sobretudo, uma retórica de pergunta e resposta, de diálogos e de ressonâncias ligadas aos lugar onde a obra foi criada, a Basílica de Santa Bárbara em Mântua, com a disposição de diversas tribunas, para além da do órgão, onde se poderiam alojar quatro dispositivos corais e instrumentais.
Acabou por ser uma interpretação frouxa e monocórdica e onde a superficialidade da leitura de Cavina nunca conseguiu atingir o âmago da partitura. Os responsórios em canto gregoriano foram pouco impressivos e a sua interpretação instável, mas valia a sua eliminação por não adiantarem nada a uma interpretação sem sentido litúrgico. Mais uma vez se procurou uma ideia de “suposta perfeição” intimista mas onde se falhou na direcção pouco consistente de Cavina que acabou por levar a uma sucessão de lugares comuns pouco ensaiados e de fraca coesão musical. Salvou-se a música belíssima do mestre italiano.
*
o - Mau, * - sofrível, ** - interessante, *** - bom, **** - excepcional
Depois de em 2008 Marco Mencoboni nos ter apresentado umas Vésperas de Monteverdi (1567-1643) na Sé Patriarcal de Lisboa, esta obra rara surge em duas versões diferentes com uma semana de intervalo. É caso para dizer que não há fome que não dê em fartura. Neste caso tivemos Claudio Cavina com a sua “La Venexiana” no grande auditório do Centro Cultural de Belém em Lisboa, a 8 de Dezembro, isto após a interpretação da semana passada na Gulbenkian.
Editadas em 1610, serviam para a celebração da liturgia das Vésperas de Nossa Senhora, incluindo os Salmos habituais da liturgia mariana e ainda “concertos” que Monteverdi intercalou na liturgia habitual com excertos dos Cânticos dos Cânticos e de Isaias, integrando ainda uma sonata sobre o “cantus firmus” Sancta Maria ora pro nobis e culminando num dos dois possíveis Magnificat que escreveu para esta obra. Se nos salmos e Magnificat é geralmente jocundo e jubilatório, nas outras secções é subtil e intimista. Uma obra destinada a impressioar o Papa feita por um Monteverdi de saída da Mântua dos Gonzagas e em demanda de um novo posto. Uma colecção do melhor que teria composto, no capítulo religioso, até então. Infelizmente o Papa não acusou a recepção da obra e Monteverdi acabou por ir para Veneza onde teve um tratamento à altura do seu génio.
Foi esta dualidade que Claudio Cavina, que foi um excelente contratenor mas cuja voz dá sinais evidentes de consaço, não conseguiu atingir. Procurou em demasia o madrigalismo a que está ligado pelo seu currículo mesmo quando a obra exige mais força vital e, sobretudo, uma retórica de pergunta e resposta, de diálogos e de ressonâncias ligadas aos lugar onde a obra foi criada, a Basílica de Santa Bárbara em Mântua, com a disposição de diversas tribunas, para além da do órgão, onde se poderiam alojar quatro dispositivos corais e instrumentais.
Acabou por ser uma interpretação frouxa e monocórdica e onde a superficialidade da leitura de Cavina nunca conseguiu atingir o âmago da partitura. Os responsórios em canto gregoriano foram pouco impressivos e a sua interpretação instável, mas valia a sua eliminação por não adiantarem nada a uma interpretação sem sentido litúrgico. Mais uma vez se procurou uma ideia de “suposta perfeição” intimista mas onde se falhou na direcção pouco consistente de Cavina que acabou por levar a uma sucessão de lugares comuns pouco ensaiados e de fraca coesão musical. Salvou-se a música belíssima do mestre italiano.
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o - Mau, * - sofrível, ** - interessante, *** - bom, **** - excepcional
Etiquetas: CCB, Crítica de Concertos, Monteverdi
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