10.3.11
Monteverdi e Bach na Gulbenkian
Henrique Silveira - crítico
Começo esta nova colaboração no “O Diabo” com duas obras notáveis da história da música, realizadas recentemente nesse outro monumento da cultura portuguesa que é a Fundação Gulbenkian. Não é por acaso que começo com a temporada desta intituição, é sem dúvida a melhor temporada portuguesa e tem prestígio internacional, trazendo a este país o que melhor se faz no campo da música chamada erudita. Escrevo então sobre as Vésperas da Beata Virgem de Caudio Monteverdi, a 29 de novembro, e às Variações Goldberg de Bach, a 1 de Dezembro, ambos no grande auditório da Fundação.
O concerto de 29 contou com o agrupamento instrumental “Musica Fiata” com as vozes da “La Capella Ducale” com o inglês Roland Wilson a dirigir. Foi um concerto interessante (o pior que se pode afirmar numa crítica) em que Claudio Monteverdi foi interpretado de forma cuidada mas demasiado linear, sem exacerbar as paixões contidas na partitura. As dissonâncias e as pausas dramáticas foram sempre obliteradas “à inglesa” num estilo branco, planar, maçador. Alguns momentos de rara beleza, mais por virtude da composição do que pela interpretação, conseguiram fazer-se sentir, isso foi patente no Magnificat final. Entretanto a Sonata sobre Santa Maria foi uma catástrofe rítimica e interpretativa com destaque negativo para o segundo violino e o segundo corneto. As vozes oscilaram entre o medíocre dos segundos tenores e bom do soprano Monika Mauch.
*
O concerto de dia 1 foi verdadeiramente extrordinário, András Schiff interpretou as Variações Goldberg ao piano com um sentido notável do tempo, com uma subtileza e uma qualidade tímbrica e uma sensibilidade verdadeiramente tocantes. Afirmou ainda uma qualidade técnica que apenas titubeou um pouco nas passagens em que das mãos se sobrepõem, resultantes da escrita original para um cravo com dois teclados que, no caso do piano, resultam quase impossíveis de resolver. Uma articulação de uma grande beleza e um ímpeto notável coroaram as variações 16 e 30, num plano verdadeiramente superlativo. Schiff nunca utilizou a pedaleira, utilizando apenas o teclado numa paleta quase infinita de recortes.
o - Mau, * - sofrível, ** - interessante, *** - bom, **** - excepcional
Etiquetas: Bach, Crítica de Concertos, Crítica de Recitais, Monteverdi
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