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27.11.07

Indignação 

Estendo o direito à indignação não só aos políticos, decisões e suas manobras e jogadas, como também à chamada "intelligentsia", acho que tenho direito, afinal são eles as "luminárias", os "lustres" da nossa coltura. Sem eles nada se move, nada se cria, nada se transforma, que seríamos de nós, pobres desvalidos sem estes grandes panques da vivência lusitana. Pai nosso ilumina-os e deixa que a sua luz irradie sobre nós, ou talvez não...

No recital de Prégardien e Gees, S. Carlos, 24 de Novembro de 2007, estava muito pouco público. Eu nunca vejo nestes recitais as chamadas figuras da "intelligentsia" do russso, ou melhor "intelligentia" do latim. Não vejo os Sousa Tavares, as Claras Ferreira Qualquer Coisa, não vejo sequer os Pachecos Pereiras ou via os Prados Coelhos, nunca vi o Mário Soares num concerto, nem a sua dilecta descendência, mais ou menos ribombante, nunca vi o Pulido Valente num concerto, já o António Barreto e o prof. Marcelo são melómanos e estimo-os por isso. Um Graça Moura ainda o vi uma ou duas vezes, mas é figura também arredada. Nunca vi as figuras dos chamados "opinion makers", Carlos Magno (em Lisboa ou no Porto), ou de políticos como Marques Mendes ou António Vitorino e figuras quejandas (talvez porque eu esteja a precisar de óculos e estas figuras são, além de transparente e baças, muito pequeninas), nem aqui ou em londres, Paris, Bayreuth, Munique, Salzburg ou noutro lado qualquer, onde encontro muitos portugueses com frequência. De José Sousa e da sua entourage nem falo, o Meneses vejo às vezes... mas no futebol; nem vale a pena citá-los, vêm de meios absolutamente alheios à cultura musical. E já nem sequer escrevo sobre esta suposta "intelligentia" que nunca aparece, para quem o Goehte, o Heine ou o Petrarca escritos têm imenso valor (para alguns) e depois de musicados por Schubert passam à categoria de outra realidade à qual não têm acesso.
Portugal é um país onde a cultura musical é miserável e onde os tais opinion makers não dedicam o menor interesse à música. É natural assim que um recital de Schubert com dois dos mais excelsos intérpretes fique às moscas enquanto numa recôndita aldeia da Aústria (1800 habitantes) encha sistematicamente uma sala (Angelika Kauffmann Hall) com mais de seiscentos lugares, que se situa a mais de três horas de carro de Viena e de Salzburg, para a Schubertiade.

Façam um esforço, vá, é que primeiro "estranha-se e depois entranha-se".

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