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11.5.07

Ruído infame 

Ontem a maestrina Young e o Coro Gulbenkian, mais a orquestra Gulbenkian, no Te Deum de Verdi, deram-nos uma lição de descontrolo dinâmico, más entradas, ruído doloroso, desequilíbrio sonoro, desconexão entre orquestra e coro verdadeiramente alucinantes. No coro escutámos com supresa (ou talvez sem tanta): desafinação horrível nos sopranos, vozes masculinas desacertadas, entradas a medo. Berraria constante. Estive para sair a meio, o quarto de hora da obra pareceu-me uma eternidade. Uma primeira parte infecta, uma maestrina contorcionista em cima do pódio que gesticulava, gesticulava mas pouco ou nada...

Seguiu-se um Bruckner com um bonito scherzo mas com um andamento lento verdadeiramente arrastado, ao contrário do que diz a partitura. Esta obra de Bruckner já de si é um pastelão muito difícil de digerir e nem Young nem a orquestra Gulbenkian conseguiram dar a volta a um repasto algo indigerível, embora a coisa tenha sido bem mais segura e equilibrada do que no Te Deum.

Alguém me dizia que Bruckner e Wagner tinham o mesmo ambiente. Dizer que um dos maiores mestres do clímax, da construção da tensão orquestral, da sobriedade na exploração dos temas, nunca repetidos de forma monótona, partilha o mesmo ambiente com o "mestre" da monotonia e da repetição até à exaustão das ideias, é comparar um Barca Velha com um vinho de pacote... Lá porque Bruckner usa as tubas do seu ídolo não quer dizer que as use da mesma forma...

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