28.3.07
Jantar de Amizade com Paolo Pinamonti
Decorreu com notáveis presenças o jantar que reuniu cerca de cento e cinquenta pessoas na passada segunda feira dia 26 de Março, alguns dias antes do final do contrato de Pinamonti, marcado e realizado em três dias. Não cito nomes, todos foram importantes e notáveis à sua maneira. Fica a amizade e emoção.
Dos discursos de Rui Vieira Nery, Jorge Calado e Augusto Seabra, destaco obviamente o último pela análise certeira e reflexão intelectual profunda que Seabra fez da questão, simplesmente brilhante num conjunto muito interessante de discursos. Jorge Calado foi emotivo, falou dos anos de Pinamonti, falou do seu gosto pela ópera, falou das capacidades de Pinamonti, falou com a história de ir à ópera há sessenta e seis anos, também caiu um pouco no seu exagero proveniente da paixão que põe nas coisas, o que é belo mas também pode ser injusto para outros.
Rui Nery, mais como vice-presidente dos Amigos do S. Carlos e menos como antigo crítico, dissertou sobre os feitos de Pinamonti ao longo destes seis anos, elencou maestros, encenadores, obras, falou da amizade e da forma de realizar de Paolo Pinamonti, incomparável na sua capacidade de realizar e fazer com meios de grande escassez. Falou da miséria em que a cultura em geral e a ópera em particular cairam nos últimos anos e a forma como Pinamonti foi enfrentando as dificuldades crescentes cada dia que passou até à sua grosseira demissão pela tutela actual.
Finalmente Augusto M. Seabra radiografou toda a situação de forma profunda, acusou quem devia e da forma como devia, com coragem e sentido de oportunidade, sem ser agressivo ou maçador, construiu uma peça de retórica de grande qualidade que deveria ser publicada, criticou o Opart e a sua criação, dissertou sobre o não cumprimento por parte da tutela da cultura do programa de governo, analisou os motivos deste afastamento. Explicou como se faz uma substituição destas nos países civilizados, com políticos inteligentes e capazes, citanto o recente caso de Paris e a sua transição cuidada e pensada, deu pistas para acção no futuro. Inteligente e conciso Seabra surpreendeu-me pela sua análise breve e completa.
Saramago enviou mensagem de solidariedade e amizade, Jorge Sampaio fez o mesmo e lamentou não poder participar no jantar por se encontrar em África. Devido à rapidez da marcação deste jantar muitos outros não puderam estar presentes mas enviaram mensagens.
Foi um jantar de amigos, Pinamonti anunciou que continua disponível para gerir o Teatro até o final da temporada, como lhe foi pedido pela tutela muito recentemente, que antes tinha afirmado ser obrigação de Pinamonti ficar até vir o novo director (!!), para ajudar na transição e porque deve respeito ao teatro e aos portugueses. Porque acha que é o seu dever para com Portugal que o acolheu tão afectuosamente e que aprendeu a gostar: "As pessoas passam mas o teatro de S. Carlos está lá há muitos anos". Leu-nos ainda uma carta de uma jovem de 16 anos (que ele não conhece), que lhe enviou um ramo de flores, e que dizia que tinha descoberto a magia da ópera e do teatro com as produções que o italiano nos trouxe.
Comoveu e comoveu-se: Bravo Pinamonti.
Dos discursos de Rui Vieira Nery, Jorge Calado e Augusto Seabra, destaco obviamente o último pela análise certeira e reflexão intelectual profunda que Seabra fez da questão, simplesmente brilhante num conjunto muito interessante de discursos. Jorge Calado foi emotivo, falou dos anos de Pinamonti, falou do seu gosto pela ópera, falou das capacidades de Pinamonti, falou com a história de ir à ópera há sessenta e seis anos, também caiu um pouco no seu exagero proveniente da paixão que põe nas coisas, o que é belo mas também pode ser injusto para outros.
Rui Nery, mais como vice-presidente dos Amigos do S. Carlos e menos como antigo crítico, dissertou sobre os feitos de Pinamonti ao longo destes seis anos, elencou maestros, encenadores, obras, falou da amizade e da forma de realizar de Paolo Pinamonti, incomparável na sua capacidade de realizar e fazer com meios de grande escassez. Falou da miséria em que a cultura em geral e a ópera em particular cairam nos últimos anos e a forma como Pinamonti foi enfrentando as dificuldades crescentes cada dia que passou até à sua grosseira demissão pela tutela actual.
Finalmente Augusto M. Seabra radiografou toda a situação de forma profunda, acusou quem devia e da forma como devia, com coragem e sentido de oportunidade, sem ser agressivo ou maçador, construiu uma peça de retórica de grande qualidade que deveria ser publicada, criticou o Opart e a sua criação, dissertou sobre o não cumprimento por parte da tutela da cultura do programa de governo, analisou os motivos deste afastamento. Explicou como se faz uma substituição destas nos países civilizados, com políticos inteligentes e capazes, citanto o recente caso de Paris e a sua transição cuidada e pensada, deu pistas para acção no futuro. Inteligente e conciso Seabra surpreendeu-me pela sua análise breve e completa.
Saramago enviou mensagem de solidariedade e amizade, Jorge Sampaio fez o mesmo e lamentou não poder participar no jantar por se encontrar em África. Devido à rapidez da marcação deste jantar muitos outros não puderam estar presentes mas enviaram mensagens.
Foi um jantar de amigos, Pinamonti anunciou que continua disponível para gerir o Teatro até o final da temporada, como lhe foi pedido pela tutela muito recentemente, que antes tinha afirmado ser obrigação de Pinamonti ficar até vir o novo director (!!), para ajudar na transição e porque deve respeito ao teatro e aos portugueses. Porque acha que é o seu dever para com Portugal que o acolheu tão afectuosamente e que aprendeu a gostar: "As pessoas passam mas o teatro de S. Carlos está lá há muitos anos". Leu-nos ainda uma carta de uma jovem de 16 anos (que ele não conhece), que lhe enviou um ramo de flores, e que dizia que tinha descoberto a magia da ópera e do teatro com as produções que o italiano nos trouxe.
Comoveu e comoveu-se: Bravo Pinamonti.
Etiquetas: Augusto M. Seabra, Jorge Calado, Pinamonti, Rui Nery, S. Carlos
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