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28.8.13

Carnage 

Carnage é um dos mais recentes filmes da vasta obra de Roman Polanski. A acção desenrola-se numa sala, em que os protagonistas, dois casais, discutem fervorosamente entre eles, revelando as fragilidades das suas relações. 

Polanski a confirmar, uma vez mais, a sua mestria no universo da sétima arte. As cenas são pensadas ao detalhe, com enorme subtileza e de uma ironia extraordinária. 

Um elenco de luxo, Jodie Foster, Kate Winslet, Christoph Waltz e John C. Reilly que encarnam os personagens, com personalidades tão diversas, de uma forma muito realista e credível. Jodie Foster é quem mais surpreende, na medida em que regressa a um registo como não se via há muito tempo...

Carnage fez-me lembrar, em alguns momentos, "Revolutionary Road" (realizado por Sam Mendes), talvez, porque o que me mais sobressai é a falta de comunicação que leva, inevitavelmente, à indiferença, um dos sentimentos mais nocivos numa relação. 

Mais um grande filme do grande Polanski!


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15.8.13

De Rouille et d'os (Rust and Bone) 

Esta é a história de Ali (Matthias Schoenaerts), um homem profundamente infeliz, solitário, que é confrontado com a responsabilidade de tomar conta do seu filho de cinco anos, Sam. Não existe qualquer tipo de ligação afectiva. Apenas o laço biológico. É a irmã que o irá auxiliar nessa árdua tarefa, acolhendo os dois em sua casa, uma vez que Ali não possui qualquer tipo de bens materiais. Pelo contrário, Stéphanie (Marion Cotillard), treinadora de orcas num parque aquático, é a antítese de Ali. Uma belíssima mulher a quem o mundo parece sorrir. No entanto, algo de muito dramático irá suceder a Stéphanie, alterando radicalmente a sua vida... 

E é neste contexto aterrador que estes dois seres que, à partida, nada tinham em comum, se encontram, reinventando-se. Uma viagem vertiginosa cheia de surpresas e de imprevistos. 

Matthias Schoenaerts e Marion Cotillard brilham numa história profundamente trágica, dirigida exemplarmente por Jacques Audiard. 

Dois inadaptados, uma espécie de outsiders, que tentam encontrar significado nas suas duras e sofridas existências. Repleto de cenas duríssimas, filmadas com acutilância, gerando uma proximidade e uma ligação quase visceral por parte do espectador a estes dois magníficos. Um filme absolutamente extraordinário!






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9.8.13

Once Upon a Time in America 

A obra cinematográfica de Sergio Leone, realizador, produtor e argumentista italiano, é associada a um determinado género de filmes, os Western Spaghetti. Ao longo da sua carreira, presenteou-nos com obras-primas que perduraram no tempo até aos dias de hoje. É impossível esquecer a trilogia — A Fistful of Dollars (1964) — For a Few Dollars More (1965) —The Good, the Bad and the Ugly (1966). Muitos foram aqueles que viram em Leone uma inspiração, como é o caso de Tarantino. 

Leone deixou uma marca indelével no universo da sétima arte! Mas seria redutor falar da genialidade de Leone apenas pelos seus Western Spaghetti. Sem ele jamais teriamos Once Upon a Time in America... um dos filmes mais brilhantes, geniais, sublimes, arrebatadores (os adjectivos revelam-se insuficientes!) de que há memória.

Só uma pessoa extraordinária conseguiria construir uma história sobre a Máfia Judaica (num retrato fiel da sua ascensão e subsequente queda) numa perspectiva emotiva de tal forma intensa que quase sucumbimos perante este turbilhão de sentimentos. Porque é disto que se trata. Once Upon a Time in America é, acima de tudo, uma elegia ao amor e à amizade... mas Leone mostra-nos também como a ambição e a atracção pelo poder leva o Homem a cometer alguns dos pecados mais sórdidos...

Uma estória sobre a amizade entre quatro rapazes de ascendência judaica, oriundos de uma classe social baixa, com vivências similares. Este "jovem" gangue começa por cometer pequenos delitos nas ruas de Lower East Side, em Nova Iorque. Mas, com o passar dos anos, estes pequenos delitos cedo se transformarão em crimes com outra dimensão. A trama decorre entre as décadas de vinte e cinquenta atravessando o auge da Lei Seca.

Mas o principal foco de atenção de Leone é a forte ligação que une dois dos quatro amigos e o seu percurso ao longo de cerca de quatro décadas, David Aaronson — "Noodles" (Robert de Niro) e Maximillian Bercouicz — "Max" (James Woods). E é precisamente na Era em que Máfia Judaica assume uma grande força que esta  amizade irá sofrer consequências devastadoras nas suas vidas. Uma odisseia desde a infância até ao período em que a idade a inocência há muito desapareceu.

Se por um lado, Max é o mais racional e calculista, Noodles é mais ingénuo e deseja apenas o amor eterno da sua paixão de sempre, Deborah. Uma das cenas mais comoventes do filme é o momento em que Noodles (ainda miúdo) "espreita" Deborah a dançar ballet (Deborah sabe que está a ser observada). Não é fácil descrever a beleza e a ternura desta cena. O tempo pára...o olhar envergonhado de Noodles, contemplando a sua amada... Deborah, com o seu ar etéreo, dança com delicadeza e candura... as expressões de ambos são de tal forma genuínas que é impossível não nos comovermos até às lágrimas. 

E este é o momento para introduzir um dos elementos mais importantes desta narrativa. Enio Morricone, através das suas composições, oferece-nos momentos de uma beleza transcendental. Ao longo do filme, Leone filma diversas sequências de imagens em que a música de Morricone surge como "pano de fundo". O resultado é magistral! Momentos de pura poesia que nos devoram a alma!

Sergio Leone é notável na forma como filma cada segundo, cada minuto, com uma perícia espantosa, digno apenas de uma minoria. Atrevo-me a afirmar que este cineasta atingiu a perfeição com Once Upon a Time in America. 

Com um elenco de luxo, Once Upon a Time in America é uma obra de arte que merece ser vista vezes sem conta. 

Optei por não incluir o trailer porque tinha que partilhar três das cenas que mais me marcaram (nenhuma delas reveladora da história) pelo seu simbolismo, pela sua extraordinária beleza, por uma angústia que nos inquieta, comove e nos leva ao limite das nossas forças... É imposível ficar indiferente!






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4.8.13

Beasts of The Southern Wild 


Beasts of The Southern Wild, realizado por Benh Zeitlin, aborda algumas temáticas actuais, recorrendo a uma série de metáforas e analogias para espelhar a realidade de uma comunidade fictícia Bathtub, com as suas próprias regras e convicções, enfrentando tormentas e "demónios" sem nunca vacilar ou desistir. No entanto, o simbolismo que o realizador tenta imprimir à historia é um fracasso. 

Nessa comunidade auto-excluída, surge a protagonista, uma menina de 6 anos Hushpuppy (Quvenzhané Wallisque) que é a verdadeira e única força do filme. O espectador vai assistindo à sua relação dramática com um pai alcoólico, num combate severo, em que o mais importante é a questão da sobrevivência. Importa assinalar que em Bathtub residem alguns dos últimos resistentes que teimam em não abandonar o seu refúgio, vivendo em condições verdadeiramente hediondas, negando, deliberadamente, qualquer tipo de auxílio ou intervenção externa. 

Quvenzhané Wallis é, como referi, o único "elemento" que dá vida a uma narrativa inconsistente e medíocre, na medida em que é ela, sozinha, que consegue provocar algum tipo de emoção. Um fime com a pretensão de transmitir algumas mensagens subliminares de carácter político-social, mas perde-se no caminho...

É incompreensível as suas quatro nomeações aos Óscares 2013 —  melhor actriz; filme; realizador e argumento adaptado.





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