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22.12.08

Concertos no CCB - Maratona Beethoven "Concerto de Viena" 

Sobre Pedro Carneiro não sei se estudou direcção de orquestra ou não mas sugiro que se torne assistente de um maestro, talvez como Marc Minkowsky ou Michael Zilm ou outro que esteja disposto.

Eu, se soubesse alguma coisa do assunto, diria:

1ª : Existe diferença entre piano e pianíssimo. Não ouvi um pianíssimo na Sexta de Beethoven.
2ª : Trompas em excesso de volume do princípio ao fim arruinam qualquer sinfonia de Beethoven.
3ª : Sforzando e forte persistente são coisas diferentes. Acentuação em Beethoven é muito importante.
4ª em forma de questão: Se Marc Minkovsky levou a partitura da Quinta de Beethoven porque será que Pedro Carneiro não levou a da Sexta? Eu acredito que deve ser porque Pedro Carneiro é um grande maestro e Marc Minkowsky não.
5ª : Uma trompa que dá notas erradas que davam para construir uma obra de Emanuel Nunes significa que algo está mal.
6ª : Sopros a tapar os violinos que levam a melodia principal enquanto se dirige enlevado, de grande sorriso e sem partitura, é sinal de que se deveria levar o papelote, ou ter alguma atenção.
7ª : Por sistema não se deve acelerar quando é forte e retardar nos pianos.
8ª : Quando se acompanham cantores deve-se dar espaço, e tempo, aos mesmos e não tapar vozes elegantes de belíssimo fraseado com o entusiasmo sorridente do fortíssimo.
9ª : "Tom sustentado [numa tradução algo livre] é o principal factor de qualidade de uma orquestra", Richard Wagner.
10ª : Em concertos com solista há que ter cuidado com as entradas e dar segurança rítmica ao pianista.

A Orquestra de Câmara Portuguesa parece ter qualidade mas precisa, para construir um caminho mais pensado e maduro, de uma direcção mais variada e com maior maturidade; senão teremos muita dificuldade em ouvir a estes músicos acentuações nas sinfonias de Beethoven, o mesmo para o trabalho de nuance e de subtileza.

O concerto nº 1 dos dois de ontem no CCB foi demasiado insatisfatório para poder ser considerado positivo. Uma Sinfonia nº 6 tocada de forma indiferente e sem nuance, com um trompa a cometer erros do princípio ao fim, uma ária de concerto cantada de forma exemplar por Pendatchanska e tapada de forma desastrada pela orquestra, uma Glória da missa em dó de Beethoven que teve qualidade e, finalmente, um desastroso concerto nº4 de Beethoven, por um solista mal preparado (Sergio Tiempo) irregular e mal apoiado pela orquestra, foram uma pequena tortura para mim. Escaparam as obras do meio, falharam rotundamente os pratos de resistência.


Ser jovem é uma vantagem, não é um inconveniente. Ter uma orquestra de jovens e passar-lhes a mão de forma paternalista dizendo: "é uma orquestra de jovens, temos de ser benevolentes"; é errado. Se são jovens é tempo de lhes exigir mais e mais. Só assim se tornarão superlativos. Já passaram o tempo da experiência e do lançamento, agora é tempo de trabalho profundo e maduro. Esta orquestra tem a beneficiar com o contacto com um maestro mais maduro, Pedro Carneiro também tem a beneficiar com isso.
Por outro lado, o preço dos bilhetes para este concerto não era um preço de "orquestra jovem", vender OCP com Pedro Carneiro na direcção ao mesmo preço que a Sinfonia Varsóvia com Marc Minkowsky ao comando, com o seu bastão, parece-me algo surrealista mas, também, é um convite a uma apreciação sem paninhos quentes para a OCP. A preços iguais padrões iguais. E se o padrão for o mesmo: o concerto da OCP foi muito fraco comparado com o que se lhe seguiu.

Continua com o concerto que se seguiu.

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