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29.12.07

SG SEJAMOS GRANDES 

SG
[SEJAMOS GRANDES]

SEJAMOS GRANDES
Pela imolação
De rajada
Filtrados
Na ventilação
A saber a nada.

SEJAMOS GRANDES
Seja lá isso o que for
No mundo a beatitude
A fazer festas à Dor
Ao serviço do devido
Sentido de... Estado
Por S. Macário benzido
O nosso triste fado.




I. “SG, na imolação”

No outro dia passei
De pernas e mente para o ar
Um seráfico serão
Chez Sainte Indigence...
Felizmente,
Era proibido fumar.


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II. “SG, de rajada”

Na casa da Santa Indigência...

Pedófilos, beatas, pederastas
Jograis dos meios de comunicação
Bandidos de falinhas mansas
Chulos da imbecilidade
Limpinha do córtex cerebral
Em colares, maneiras e gravatas
E, sobretudo, na saúde soldados
Vá lá que não vá...
Desde que acólitos da religião
De cortar quem fuma aos bocados.


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III. “SG, com filtros”

Hitler, Salazar
Nero, Tamerlão
O indiscriminado muar
A par da Santa Inquisição,
Todos odiavam fumar.

Vá, seus pios democratas
Do Diabo e da Salvação
Eterna pelas vossas patas
Brutas sobre a nossa união
Ténue às estrelas a pulsar...

Dêem lá a vossa opinião
Da próxima vitima a imolar;
Juro ter-vos em consideração
Aquando da minha vez d’atirar.


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IV. “SG, ventilados”

Atirei-te à cara uma baforada
De fumo e contenção enleada
Nas palavras e feitos dos vultos
Que ao longo dos tempos lutaram
Em prol da espécie libertada.

Em troca, atendeste o telemóvel
Aos gritos na musical mixórdia
De batuques e imagens grotescos
Paridos da cloaca televisiva
Que aponta a vida civilizada.

Sejamos sinceros e honestos:
Se não fosse este alto e delicado
Índice de convívio fraternal
- o admirabile commercium
De pouco ou nada valeria negociar
Deste mundo a voz desterrada.


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V. “SG, seja lá isso o que for”

Fumar faz mal à saúde
E todos temos com o diabo lutar
Por uma velhice longa, afastada
Da mínima atenção e carinho
A que estamos mal habituados.

Por isso, deixe lá esse cigarro,
Que se lixe, já que estamos lixados.
O Estado saberá de outros impostos,
De tratar como deve nossa saúde,
Suavemente, na arte de magoar.

Uma coisa é certa: viveremos
Mais tempo e com menos espaço
Para neste mundo termos lugar
Ao que nos é querido e solitário.
Quanto à Segurança Social, “no deficit”:
A reforma virá um mês antes de zarpar.


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VI. “SG, na beatitude”

Nos campos da Holanda
Lobriguei a beatitude
Especada p’ró céu a olhar
O vazio cheio de saúde
A pôr o Diabo a fugir
Das mandíbulas a pingar
Lenta, a baba do porvir
Da esquerda para a direita
Da direita para a esquerda
Na tenra eternidade a marcar
As milhentas vacas no sorrir
Não sei de quê? talvez de maleita
Vencida sem sensação de perda
Na nobre função de engordar.

Uma coisa nas vacas reparei:
Nem uma só estava a fumar.


P.S: Em tributo a “Passos em volta”, de Herberto Hélder.


Tomás de Oliveira Marques
28/12/2007


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VII. “SG, na pedofilia de Estado”
ou melhor,
“SG, com sentido de... Estado”

Quando eu era puto
Lavadinho e todo nu
O Estado bateu-me à porta
E disse: É a tua vez, vem!
Quem, eu? – Sim, tu!


E assim fui, contrariado,
De corpo e alma tolhido
Encher mais um camuflado
Adequado à defesa da Pátria
No mundo, lá, do outro lado
Onde fiquei, para além
De muita coisa, viciado
Sobretudo no tabaco.

Disseram-me: não há problema,
Mais tarde serás subsidiado
.
Acreditei e engravidei
Na crença, como bom soldado.

Agora, sem subsídio
Pela indigência cercado
E, face ao vício, posto de lado
Chego à fatal conclusão
Que defender a Pátria
Mesmo contrariado
Leva ao vício do desperdício
De discernir por resquício
Ao que por natura é toldado,
Bem como à triste condição
De ser a Bem da Nação
Mui enganado
Logo, escorraçado.


P.S. Na glosa de: “Da Origem da Família, da Propriedade e do Estado” revisto por António Botto e Carl von Clausewitz.


Tomás de Oliveira Marques
31/12/2007


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VIII. “SG, nos ósculos de S. Macário”

Lambi ontem um cinzeiro inteiro
E hoje uma mulher que fuma
A vida com carácter e espírito
(Ninguém neste mundo é perfeito);
Ainda por cima, por debaixo
Era já beata, boa como o milho.

Sinceramente, face a Auschwitz,
O cinzeiro até nem soube mal.
Quanto à fumadora, fui logo a correr
À tabacaria, porque aceso ficou
O desejo do seu sabor a arder
Em mim, o costume em espirais de fumo.

Moral da história:
Na arte de bem oscular
Tanto o divino como a escória
Dever-se-á com critério atentar
Na mucosa que oscula por si
Em relação aos outros, modelar;
NUNCA, nunca ao que paira no ar.


P.S. A propósito do adágio bíblico
Lamber um cinzeiro
é o mesmo que beijar
uma mulher que fuma.


E se for homem, o fumador?
Vá, diga lá, S. Macário
Seu misógeno ou então .........
De qualquer modo, um lusitano
De cepa e verdadeiro.


Tomás de Oliveira Marques
2/1/2008


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IX. “SG, face à América evangelista”

Deixará um dia de ser permitido
O porte d’arma nas mentes embebido
Da fé – olaré – de poder à vontade matar.
Mas nem tudo está ainda perdido
Continuará a ser, por sorte, proibido
Nos “campus”, salões, na hora da morte fumar.


Ai Portugal, Portugal que bates às portas
Dos ricos e, andrajoso, não te importas
Desse filão o veio estar já inquinado;
Se daqui não te pões a pau e cuidado
Não tomas com o que às cegas importas
Aí sim, irás passar um mau bocado.


Tomás de Oliveira Marques
Abril/2007


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X. “SG, na senda do amor”

Um café, uma aguardente
Um cigarro! Um pontapé
Aos inimigos da palavra
Amiga a que me agarro.

Melhor que isto, meus senhores,
Só a música das esferas
A tanger o silêncio
Das estrelas onde mergulho
As mãos dissolutas
Nos provérbios do amor
Quais putas impolutas
Em admirabile commercium,
A que surdo me agarro.


Tomás de Oliveira Marques
10/01/2008


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