23.2.14
The Bridge
The Bridge retrata de uma forma muito fidedigna a realidade que se vive na fronteira maldita (EUA e México). O que mais impressiona é o hiato existente entre aquelas duas cidades fronteiriças com contextos tão díspares! Assim que se atravessa a “ponte” de El Paso para Juarez deparamo-nos com um cenário de puro terror, a contrastar com a quietude de El Paso. Juarez é dominada pelos grandes cartéis da droga, onde o crime e a corrupção predominam de uma forma explícita, ostensiva, onde se cometem as maiores desumanidades.
Diane Kruger (Sonya) e Demian Birchir (Marco), os protagonistas desta trama, encarnam dois detectives que tentam apanhar uma assassino em série que opera em ambos os lados da fronteira, presenteando-nos com duas interpretações extraordinárias.
Dois personagens com grande densidade, com personalidades tão diferentes e sobretudo muito credíveis.
Esta é uma série que vive de contrastes. Os seus criadores (Elwood Reid, Björn Stein e Meredith Stiehm) tiveram o mérito de explorá-los de uma forma astuciosa a todos os níveis.
Recomendo vivamente!
Etiquetas: Crítica, Crítica de televisão, Margarida Riscado
15.2.14
HER
HER, realizado por Spike Jonze, é um filme de uma beleza transcendental!
É dificil transmitir através das palavras a infinidade de "elementos" que esta narrativa encerra. Apesar de se sentir uma certa serenidade, que é uma constante ao longo do filme, há também uma tristeza profunda, mas há sobretudo uma "realidade ficcionada" em que a solidão é avassaladora!
É um filme poético... uma elegia ao amor. Joaquin Phoenix é notável. A "invisível" Scarlett Johansson é extraordinária. Uma realização magistral. E que dizer da Banda Sonora? Um assombro!
Em HER é imperativo absorver cada milésimo de segundo, desde o primeiro momento em que a câmara começa a filmar, até ao seu último suspiro.
Etiquetas: Cinema, Crítica, Crítica de Cinema, Margarida Riscado
9.2.14
12 years a slave
Quando se trata de Steve McQueen, espera-se a perfeição, na medida em que, como referi numa das críticas que escrevi, este génio tem já no seu currículo duas obras notáveis "Shame" e "Hunger". Não foi o caso do tão aclamado 12 years a slave, provavelmente, porque o tema em causa tem sido demasiado explorado através do universo da sétima arte. E ainda bem! Nunca é demais relembrar as atrocidades cometidas no tempo da escravatura.
O que mais impressiona em 12 years a slave é, uma vez mais, a violência (intencional) pura, crua, dura, filmada sem qualquer tipo de filtros, que se tornou já uma das marcas distintivas de McQueen. Outro denominador comum na sua obra é Michael Fassbender, um dos melhores actores de sempre.
Caso não existissem Fassbender e Chiwetel Ejiofor, com duas interpretações assombrosas, 12 years a slave seria apenas um filme... é por causa destes dois actores que McQueen convence, mas, infelizmente, não surpreende.
Estranhamente, 12 years a slave está na corrida aos Óscares. Estranhamente, porque o povo americano tende a esconder os seus pecadilhos... duvido sempre destas boas intenções. E, por isso, pressinto que este filme será o grande vencedor dos Óscares. Duvido que uma cultura como a americana, em que a falsa moral tem sido a cartilha ao longo da sua História, desperdice esta oportunidade para mostrar ao mundo o quão são bons samaritanos. Seria necessário um milagre para impedir esta "tragédia". Infelizmente, não acredito em milagres...
Etiquetas: Cinema, Crítica, Crítica de Cinema, Margarida Riscado
1.2.14
Dallas Buyers Club
O cinema funciona para mim como uma espécie de alienação. Na minha visão crítica, é a emoção que serve sempre como mote para cada aventura cinéfila. Isto para dizer que já aconteceu não gostar de um filme no momento em que termina, mas ficar a pensar nele e sentir que tenho que regressar a ele novamente porque algo me escapou (o inverso também se aplica).
É o caso de Dallas Buyers Club, realizado por Jean-Marc Vallée. Assim que terminou, uma sensação estranha apoderou-se de mim, uma espécie de vazio, tristeza inexplicáveis, uma raiva incontida contra aquele "maldito" filme que tanto me incomodou.
Não me saiu da cabeça e então percebi que tinha que voltar. E, assim, compreendi o quão injusta fui na minha análise.
Baseado numa história verídica, Dallas Buyers Club, retrata a vida de Ron Woodroof (Matthew McConaughey). Um homem que vê o mundo desabar no momento em que descobre que é portador de HIV, acabando por contrair SIDA. O seu veredicto é "simples": um mês de vida. Woodroof não se conforma e dá início a uma verdadeira odisseia em busca de outros tratamentos alternativos, alcançando resultados absolutamente inesperados.
Percebo agora a razão porque o rejeitei na primeira vez... porque não foi fácil digerir todas as emoções que me provocou.
A miséria humana está presente em todos os momentos do filme. Aqui, nada é bonito. Entramos numa realidade onde o sofrimento é uma constante. Há uma dor difícil de suportar! Aqui a morte está sempre à espreita.
Tenho também que me redimir em relação a Matthew McConaughey (um actor a quem não reconheço grande engenho), mas, neste caso, a sua interpretação é notável. E não foi, seguramente, pelo facto de ter perdido quase 45 quilos para desempenhar este papel. McConaughey sufoca-nos com o seu talento e encontra em Jared Leto um grande suporte que o faz brilhar ainda mais.
Dallas Buyers Club é um filme obrigatório!
Etiquetas: Cinema, Crítica, Crítica de Cinema, Margarida Riscado
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