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19.2.09

Pequena greve 

Manuel Pedro Ferreira, um crítico simpático e sorridente, zangou-se! Declarou ir fazer greve porque a Gulbenkian não lhe dava uns bons lugares para escutar a Orquestra de Filadélfia. A greve era ajustada ao pequeno espaço que o jornal lhe dava, utilizado para, mesmo nesse estado, fazer uma crítica ao concerto, talvez sejam os serviços mínimos... No articulado Ferreira afirmava que entrava em greve e mais não dizia!
Poucos dias depois este crítico voltava à acção para uma crítica a outro concerto, desta feita no grande auditório da Gulbenkian. A greve foi bem de curta duração... Faz lembrar as greves da fome do queijo limiano!

No que me diz respeito não me parecem repetíveis as críticas deste crítico-musicólogo. Considero irrepreensível o tratamento que a Gulbenkian dá aos críticos, a par da Casa da Música, bem distante da forma como, por exemplo, o CCB lida com a crítica, que entendo, na minha perspectiva, como displicente e desinteressada. O CCB, através do seu gabinete de Imprensa, dá quase a entender que não precisa de crítica para os seus concertos, sobretudo os que têm muito público à priori. Foi notório isso no último concerto de Maria João Pires, para não citar mais exemplos que vou coleccionando com esta instituição. É evidente que tratamentos díspares não motivam qualquer alteração de perspectiva crítica, pois o crítico, quando escreve ou discursa num meio de comunicação de massas, deve ser absolutamente imune às condições criadas e deve focar-se no lado artístico.


Segue o comunicado da Gulbenkian sobre o "caso" Manuel Pedro Ferreira, publicado no jornal "O Público" há dois dias:

Ao abrigo da Lei da Imprensa, vimos solicitar a publicação do esclarecimento que prestamos de seguida relativamente às afirmações de Manuel Pedro Ferreira no artigo Instrumento perfeito, ouvido em mono, publicadas na edição de [dia] 8 de Fevereiro último desse periódico.

1 - No artigo de Manuel Pedro Ferreira sobre o concerto da Orquestra de Filadélfia que decorreu no dia 4 do corrente mês, no Coliseu dos Recreios, publicado em 8 de Fevereiro, acusa-se a Fundação Calouste Gulbenkian de ter uma atitude displicente relativamente aos críticos de Música. Refere o autor do texto que “há trinta anos,
pelo menos, que a Fundação Gulbenkian reserva aos críticos as posições mais periféricas, como se não fossem agentes culturais, mas parasitas, cujo eco jornalístico é tão irrelevante que não merecem sequer ouvir em estéreo”.
2 - No caso do concerto em referência, foram oferecidos ao crítico dois bilhetes numa das filas centrais da sala, os quais correspondem ao escalão mais
elevado na tabela de preços do Ciclo Grandes Orquestras Mundiais (1.ª Plateia), por se considerar ser este um dos melhores sectores do Coliseu dos Recreios.

3 - Tem sido hábito da Fundação disponibilizar aos críticos de música bilhetes para os espectáculos por si organizados, nunca tendo, em mais de 50 anos de actividade, recebido qualquer comentário negativo acerca dos lugares destinados para o efeito.

Miguel Sobral Cid
Director adjunto
Serviço de Música da Fundação
Calouste Gulbenkian


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