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16.12.06

Um de Abril? 

O jornal "O Público" noticia Lobélia Ventura (???) como futura director ou presidente da nova empresa "Opart" que dirigirá os futuros fundidos Teatro Nacional de S. Carlos e a Companhia Nacional de Bailado. Eu pergunto: Quem é esta criatura? Foi criada por quem? É criada de quem? Existe?

Será que o jornal publica hoje a notícia destinada ao 1 de Abril por engano?

Existe uma avenida Lobélia em Ventura!

Isto parece completamente surreal. Sem estratégia nem rumo, o teatro do absurdo tomou conta do governo de Portugal. Tendo um director capaz, inteligente, culto, reconhecido internacionalmente, competente para o lugar, capaz de produzir serviço público a preços muito baixos, equilibrado, pragmático e barato, compare-se o seu vencimento com o dos directores de Londres, Frankfurt, Paris, Madrid, Viena, Milão ou mesmo Manheim com os seus 200.000 habitantes, ou de Festivais como Aix, que só funcionam um mês por ano, todos ganham muitíssimo mais e a lista poderia continuar. Vai-se deitar fora um trunfo notável ao serviço deste país a troco do nada ou pior do que nada, porque pior do que ser nulo é ser destrutivo. Ou seja: tendo a pessoa ideal para o lugar que ocupa, e falo com a consciência tranquila porque critiquei muitas das suas decisões e escolhas, parece que se vai nomear alguém com currículo zero.

Pinamonti faz, disfarçando as faltas de dinheiro com imaginação, se não contrata o melhor vai contratando o menos mau, e às vezes contrata mesmo o melhor, Vick está no topo, Letonja é muito bom, Tate é do melhor que há no mundo, Braunschweig é do melhor que há no mundo e a lista não pára. Escolhe artistas jovens mas já muito bons. Pinamonti é capaz de gerar empatias que vão do BCP ao antigo presidente Jorge Sampaio passando pela gente comum, Pinamonti enche a sala do S. Carlos para as produções operáticas, e é mesmo Pinamonti quem restaurou o Teatro e o recolocou no mapa, porque os directores anteriores foram arrastando o Teatro para uma espiral de decadência (e despesismo) que ia acabando de vez com o S. Carlos. No panorama nacional e internacional não há melhor e mais disponível do que Pinanonti, está no lugar e satisfeito com Portugal, não haverá mais uma oportunidade de ter um director competente e com relações internacionais como Pinamonti nos próximos anos. Voltamos a deitar fora o que é bom pelo desconhecido apenas por birra, por interesse próprio e não por interesse do Estado, apenas por afirmação de vontades e de personalidades alheias a projectos consistentes e estratégias definidas, alheias ao serviço público que os governantes deveriam servir.

E faz-se isto tudo (a fusão) nas costas do Director do S. Carlos? Sem conversar, sem preparar estratégias, deselegantemente, sem categoria nem respeito pelas pessoas. Pelos visados e pelos contribuintes que pagam todo este estaminé.

A minha sugestão é que Mário Vieira de Carvalho passe a acumular as funções de secretário de Estado com o de director da nova estrutura, ao menos fez um doutoramento na RDA sobre o assunto, matava assim dois coelhos: arrumava o Pinamonti e poupava um ordenado, podia-se comer mais sushi e beber Clicquot em vêz de Moët nas futuras sessões de apresentação de documentários sobre o Ring. Podia-se então ouvir Wagner em Português no Coliseu dos Recreios.


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