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13.11.06

Matthias Goerne 

Terça, 31 Out 2006, 19:00 - Grande Auditório

MATTHIAS GOERNE (barítono)
ERIC SCHNEIDER (piano)

Gustav Mahler, Canções de Des Knaben Wunderhorn (selecção).
Alban Berg, Quatro canções op.2.
Richard Wagner, Wesendonck-Lieder.

Reflexões para lá de um recital:
Goerne tem uma voz ampla, profunda, escura, mais a lembrar Hotter do que Dieskau. Aquilo que mais impressiona é a amplitude e beleza em todos os registos, barítono a caminhar para o baixo-barítono não deixa de ter agudos notáveis... que Wotan fabuloso em perspectiva.
Os maneirismos expressivos na figura de Goerne não se revelam na voz, se escutarmos de olhos fechados encontramos uma interpretação sóbria do ponto de vista estético. Grandes arcos sonoros, legatos notáveis, peito em lugar de garganta, articulação e fraseado vindos de dentro em lugar de gesticulação e mastigação mandibular, para mim o mais insuportável maneirismo do mestre Dieskau, que apesar de ser um cantor impressionante às vezes destruia tudo por excesso de fabricação.

Goerne vai beber muito em Hotter, talvez mais do que em Dieskau, e isso é francamente bom pois faz uma síntese perfeita entre o seu mestre vocal no capítulo interpretativo e o seu ideal estético, discrição, longas linhas perfeitas, profundidade da voz, apoio total e completo.
No intervalo do recital falaram-me repetidamente de maneirismos vocais, penso que as pessoas confundem a pose em palco com o que se ouve de facto, Goerne é um cantor sóbrio com uma capacidade interpretativa notável, capaz de recriar ambientes, envolvências. É mestre nas cores sombrias da morte e da tragédia, em Mahler foi sublime, em Alban Berg foi perfeito, em Wagner foi irreal levando-nos ao mundo do sonho onde Tristan e Isolda se encontram no amor e trevas.
O pianista foi também perfeito.

Pouco resta a acrescentar, um recital superlativo para recordar por muitos anos. Faltam-me as palavras...




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