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2.11.06

Jordi Savall 

Depois de descobrir na lista de CDs novos que comprei ou recebi na passada semana um disco fenomenal de Jordi Savall, celebrando os 350 de Marin Marais, tive o prazer de poder conversar com o próprio Jordi Savall na Casa da Música do Porto pouco antes de um concerto com o seu agrupamento Hesperium XXI. Uma entrevista longa que passarei no programa Seara de Sons, Antena 2, no próximo domingo pelas 21h. Não escondo a minha admiração pelo mestre catalão, sobretudo no tempo e estilo que superiormente domina: o barroco francês e, sobretudo, Marin Marais, Mr. de Sainte Colombe, Forqueray e por aí adiante.
No que diz respeito a outro repertório outro galo canta, sabe-se do gosto de Jordi Savall por tornar atractivo ao grande público música da qual as fontes são muito escassos, e assim era com o que concerto "Siglo de Oro" com música que ia do século XV ao XVI tocando mesmo o XVII. Sabe-se que Savall improvisa, e que põe os seus, excepcionais, músicos a improvisar e que o que se assiste é uma versão, diria eu, "jazzística" da música antiga, o que alías não andaria longe do que se fazia no tempo em termos prática interpretativa.
O que é certo é que os cérebros e ouvidos dos músicos de hoje, e do público, são diferentes dos coevos da música recriada. Sabendo isto, e sabendo que o que escutamos pouco ou nada terá a ver com o que se ouvia no tempo em que os compositores originais viveram (Savall tem aqui um conceito bem diferente do ensemble Micrologus por exemplo) podemos criticar um concerto de Savall no repertório mais antigo.
Sem tentar imaginar conceitos como originalidade ou fidelidade histórica rigorosa libertamos o cérebro de preconceitos e ouvimos um grupo estupendo de intérpretes, onde Lawrence King na harpa, Montserrat Figueras como soprano, ainda em elevado nível apesar dos mais de sessenta anos que tem, ou Daniele Carnovitch como baixo, se destacam de forma notável. Um concerto de improvisação e vida sobre ritmos e temas antigos. Puro Jazz histórico se assim se pode chamar. Uma fórmula de grande êxito que resulta numa grande empatia com o público.

Sem preconceitos e sem amplificação (que não houve no Porto apesar do que estava previsto antecipadamente e que se saúda com grande ênfase) tivemos um concerto de alto nível. Mas longe do Marin Marais que sai esta semana para as lojas portuguesas e que consideramos um dos discos mais notáveis que temos ouvido.

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