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24.11.06

Críticas em atraso I 

Muito trabalho universitário e mais viagens têm atrasado a colocação de críticas a excelentes concertos a que assistimos no início de Novembro, como o assunto já esfriou aqui ficam breves resumos em pouquíssimas palavras do que aconteceu na Gulbenkian no início do mês:

2 e 3 de Novembro de 2006, 21:00 e 19:00 - Grande Auditório. Presença a 3 de Novembro.

ORQUESTRA GULBENKIAN, LAWRENCE FOSTER (maestro), MATTHIAS GOERNE (barítono).

Josef Strauss, Sphärenklänge (“Música das esferas” – Valsa), op.235. Uma valsa tocada de forma morna e sem a acentuação vienense. Pouco interessante a orquestra e pouco interessante Foster, impressão geral de pastelada lenta.

Kurt Weill, Sinfonia Nº. 2. Uma sinfonia interessante e muito bem abordada por Foster, a orquestra mostrou-se mais capaz do que pode fazer. O leitor curioso pode e deve escutar esta sinfonia que merece a pena.

Gustav Mahler, Kindertotenlieder. Aqui Goerne deu-nos o poder mágico da sua capacidade interpretativa, a sua voz profunda e a sua capacidade dramática trouxeram-nos uma interpretação sublime, pouco mais há a dizer, Mahler assim leva às fronteira dos sentimentos mais profundos e à dor mais intensa. Uma dor que acaba por ser um consolo para alma nos momentos mais trágicos e que marcam mais a nossa existência. A orquestra esteve também ao mais alto nível, apenas algumas hesitações em entradas poderiam ter sido evitadas, num problema de coesão que afecta esta orquestra quando reforçada por elementos estranhos à mesma. Uma situação a rever e a trabalhar com urgência e que se reflectiram de forma muito severa na obra seguinte:

Franz Schubert, Sinfonia Nº 8, em Si menor, D.759, Incompleta. Uma interpretação que Foster gostaria de ter sido "empolgante" ou "veemente" como alguém escreveu, mas que foi apenas sofrível. Toda a obra foi estragada por problemas técnicos nas entradas, sempre esborratadas e sem precisão, quer nos pontos mais a descoberto nos sopros, quer nas entradas das cordas. É necessário trabalhar a concentração e a precisão da orquestra. Pierre Boulez diz-nos na sua célebre entrevista publicada em livro (Conversa com Cécile Gilly, L'écriture du geste, 2002 Christian Bourgois, existe tradução inglesa da Faber, "On Conducting", livro recomendadíssimo pelo nosso blog) que apenas trabalho e mais trabalho podem melhorar no capítulo precisão o trabalho de uma orquestra. A clareza surge do trabalho, o atabalhoamento destrói qualquer interpretação. Uma obra de repertório da Orquestra Gulbenkian muito mal preparada. O facto de ser tocada frequentemente dá uma sensação de falsa confiança e o resultado final é fracote.



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