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22.6.06

Lisboa carece de uma sala de ópera moderna? 

Uma questão levantada por Mega Ferreira, Carlos Vargas, um dos administradores do Teatro Nacional de S. Carlos, responde hoje no "O Público".
Saúde-se a intervenção cívica neste debate interessante por parte de um membro da própria Direcção do Teatro. É necessário conhecer e saber a doutrina dos próprios decisores na matéria.
Sobre a questão colocada a resposta parece-me óbvia, Emilio Pomàrico, vindo de fora até Lisboa para dirigir o tão emblemático Ouro do Reno, já deu uma resposta desapaixonada, é óbvio e claro que sim. Isto sem desvalorizar o S. Carlos, pequeno teatro com um máximo de 800 lugares úteis e com visibilidade. Sem condições para melhorar a situação da orquestra, sem qualquer hipótese de modernizar sem a consequente destruição do património edificado.
Perdeu-se uma oportunidade dourada quando o prédio em frente, na Rua dos Duques de Bragança e ex-sede do PPM, foi vendido por tuta e meia (110.000 contos) há 8/9 anos, nada melhor para instalar a orquestra e alargar o Teatro do que esse magnífico edifício.
Actualmente, encravado na malha urbana, com uma orquestra de 120 elementos para albergar mais um coro de noventa elementos, mesmo com a magnífica ideia de um Wotan a jantar ao lado (e não creio que este goste muito de jantar com Fricka mas...) ou um Cavaradossi a apanhar o comboio sejam grandes argumentos a favor da manutenção do Teatro maior da ópera portuguesa, o que é certo é que o S. Carlos tem de desenvolver a sua actividade no edifício acanhado e sem condições onde está, apesar de toda a vida, de todos os concertos que produz. Diz-se que se produz muito, que a temporada é de luxo, mas repara-se que houve tempos em que produziu muitíssimo mais, cerca de 30 títulos de ópera numa temporada. Nos tempos saudosos de João de Freitas Branco tivemos uma tetralogia completa num ano. Mas as encenações hoje requerem muito mais meios, as orquestras não são emprestadas ou hadoc, o coro é permanente, o espaço para montagem e cenografia é reduzidíssimo. O fosso é extremamente pequeno e mesmo que fique todo coberto pelo palco, como em grandes teatros de ópera, a geometria da sala impedirá sempre uma fruição completa do grande espectáculo cénico. O Teatro poderá manter vida apesar da construção de um maior e mais moderno, música barroca, ópera até Rossini, festivais barrocos, concertos de toda a espécie poderão continuar a decorrer no S. Carlos e até intensificar o seu ritmo, o S. Carlos não deve temer novas e melhores condições. Se assim fosse nunca se teria feito a Ópera da Bastilha, bastava a magnífica Ópera Garnier, um dos mais belos monumentos construídos para a arte do palco.
Enfim, esta é uma longa discussão à qual acrescentarei muitos mais argumentos nos tempos que se aproximam, pode-se discutir este assunto de forma calma e pesando os argumentos.


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