30.5.06
Mais Ouro do Reno
João Gonçalves, antigo vogal do conselho de administração do S. Carlos, após o devir do tempo, rende-se de novo ao S. Carlos encarnado na nova produção do Ouro do Reno. No meu entender um pouco em excesso. O facto principal é que acaba por ser muito interessante o seu discurso wagneriano, com sentido e lógica. Gonçalves identifica claramente um dos múltiplos pontos chave da Tetralogia no discurso de Wotan no segundo acto da Valquíria que termina no célebre "Ende"...
Hoje em dia prefiro o Wotan do último acto do Siegfried, onde a renúncia toma o lugar do hieratismo remanescente e imanente à sua figura suprema, apesar da ontológica consciência de: a) relações e dependências b) um destino irremediável. Segundo acto da Valquíria. No entanto a figura ainda encena um poder, inexistente de facto, mas real na aparência, e como tal revestido do seu simbolismo e dos seus estigmas, o menor dos quais não será certamente o orgulho de deus e pai desobedecido e a necessidade imperiosa de impor um castigo, que de facto o não é, é apenas a inscrição no devir, percebe-se depois, de Brünnhilde. Em Siegfried a paz da renúncia (e não na vitória) faz de Wotan um ser infinitamente triste ao mesmo tempo em paz, despojado dos símbolos, de cajado partido em vez de lança das runas, tratados sem valor, poder ausente. Sabedoria máxima, desencanto total, pessimismo absoluto.
O jovem que quer beber na fonte da sabedoria e que cortou o ramo da árvore do mundo cedeu o lugar ao velho sábio retirado.
Junte-se a isto um bom artigo sobre o Papa em Auschwitz-Birkenau e o Portugal dos Pequeninos vale uma visita.
P.S. Não sei porquê, mas Luandino Vieira, neses últimos dias, recordou-me mais deste Wotan sábio do que toda esta encenação do Ouro do Reno.
Hoje em dia prefiro o Wotan do último acto do Siegfried, onde a renúncia toma o lugar do hieratismo remanescente e imanente à sua figura suprema, apesar da ontológica consciência de: a) relações e dependências b) um destino irremediável. Segundo acto da Valquíria. No entanto a figura ainda encena um poder, inexistente de facto, mas real na aparência, e como tal revestido do seu simbolismo e dos seus estigmas, o menor dos quais não será certamente o orgulho de deus e pai desobedecido e a necessidade imperiosa de impor um castigo, que de facto o não é, é apenas a inscrição no devir, percebe-se depois, de Brünnhilde. Em Siegfried a paz da renúncia (e não na vitória) faz de Wotan um ser infinitamente triste ao mesmo tempo em paz, despojado dos símbolos, de cajado partido em vez de lança das runas, tratados sem valor, poder ausente. Sabedoria máxima, desencanto total, pessimismo absoluto.
O jovem que quer beber na fonte da sabedoria e que cortou o ramo da árvore do mundo cedeu o lugar ao velho sábio retirado.
Junte-se a isto um bom artigo sobre o Papa em Auschwitz-Birkenau e o Portugal dos Pequeninos vale uma visita.
P.S. Não sei porquê, mas Luandino Vieira, neses últimos dias, recordou-me mais deste Wotan sábio do que toda esta encenação do Ouro do Reno.
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