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28.4.06

Concerto da Metropolitana 

Hoje na Sociedade de Geografia de Lisboa apresentou-se a Orquestra Metropolitana em concerto.
Devo dizer que a prestação da orquestra dirigida por Michael Zilm me surpreendeu pela positiva. Com excepção do Bach, que considero desadequado realizar por uma formação deste tipo apesar da poesia que Zilm conseguiu transmitir nos andamentos finais do Concerto Brandburguês nº1 em Fá Maior, onde tivemos direito à graça de ter violinos no segundo trio (nas repetições) em harpejos...
De facto o Mendelssohn do concerto em Sol menor opus 25 para piano e orquestra por uma Eleonora Karpukhova sensível, clara, de um legato e de um fraseado notáveis, subtil e poética, foi conduzido por Zilm em grande estilo.
A filigrana do Concerto para orquestra de câmara em Mib maior de Stravinsky foi plenamente explanada pelos solistas da Orquestra Metropolitana num concerto que terminou em beleza com a Sinfonia Italiana de Mendelssohn. Recordo com prazer a beleza etérea do segundo andamento, o belíssimo andante com moto e a doce suavidade do terceiro andamento, con moto moderato, que Zilm dirigiu sempre de forma sensível e com uma produção sonora de grande beleza sem nunca cair na monotonia produzindo jogos de sonoridades e de enunciados temáticos de grande unidade interpretativa e de articulação muito trabalhada. O andamento final foi um culminar propulsivo e entusiástico de uma obra conduzida com maestria. Um belo concerto de uma orquestra em franco progresso. Escutei esta mesma sinfonia pela Gulbenkian que me pareceu ter uma interpretação bem mais cinzenta, apesar de um último andamento também feito com entusiasmo. Neste caso a Metropolitana superou claramente a Gulbenkian nos andamentos lentos em que a capacidade de direcção, poesia, erudição e subtileza de Zilm conduziram a obra para pontos difíceis de explorar por maestros menos profundos.

Pontos altos: produção sonora nas cordas e sopros. A direcção inspirada e motivadora de Zilm. Entusiasmo e musicalidade da resposta da orquestra perante as solicitações de Zilm. Flautas em grande no presto da Italiana, clarinete, oboé e fagote com prestações muito boas. Gostei em particular do fagote pela segurança e técnica. O concertino também me impressionou pela sua qualidade (apesar de discordar um pouco da forma como abordou o concerto de Bach nas articulações e no uso das cordas múltiplas). O primeiro trompa em Bach e Stravinsky é também um excelente músico.

Pontos a melhorar: alguma desafinação nos baixos (violoncelos e contrabaixos), que se notou no concerto de Brandeburgo no.1 de Bach e no concerto para piano de Mendelssohn. Segundo trompa ainda terá de trabalhar muito para conseguir tocar sem falhas o mesmo concerto de Bach, mas está a subir de forma desde a última vez que o escutei.

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