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12.3.06

Protocolo de Estado e o estado deste Estado 

Regressado de viagem ponho a escrita em dia: segundo li no "O Público", no "Expresso" e no "Diário de Notícias" e ouvi a Marcelo Rebelo de Sousa hoje na RTP, a tomada de posse do presidente foi algo caótica em termos de protocolo.
Parece que Mário Soares foi massacrado por toda a imprensa por "ter mau perder" e "estar enfastiado", e está ainda situado no "Sobe e Desce" do Expresso na posição mais inferior pela sua atitude de não cumprimentar Cavaco...
Não gosto de Soares, não simpatizo com o homem e com a sua figura de burguesão de esquerda, sempre armado em grande intelectual que não é nem nunca foi, também armado em pai da Pátria e de avô desta "democracia". Soares para mim é um homem medíocre, balofo e oco em termos políticos, verdadeiramente Só Ares como na Contra Informação. A sua derrota foi-me pouco desagradável e teria sido saborosa se Alegre tivesse passado à segunda volta, o que no meu entender era plenamente merecido. Embora Alegre não seja nenhuma luminária pelo menos é poeta. Cavaco sairia sempre vencedor mas ao menos haveria alguma poesia.
Mas regressemos ao Soares, ao contrário do habitual, neste caso admirei a posição do ex-presidente, e sabe-se também que não nutro particular simpatia pela figura de presidente da república (com minúsculas) nem pelos homens, com minúscula e sem excepções, que ocuparam o lugar. Soares seria provavelmente a figura nº 400 para cumprimentar Cavaco, depois de todos os deputados passarem à frente de tudo e todos na bicha para o bacalhau ao Cavaco, Alegre foi dos primeiros e até deu o golpe na bicha, segundo o Público de sexta, muito à frente de Eanes que, democrata e cidadão, ficou no seu lugar. Soares achou que devia ir embora. Embora prefira a atitude de Eanes pela lição de civilidade e de verdadeira humildade democrática não posso condenar Soares. Um antigo chefe de Estado não deve passar pela situação de ser metido numa bicha onde figuravam Santana Lopes e outros do mesmo género e com 230 deputados oficialmente à frente.
Soares e Eanes deveriam ter tido lugar de destaque, provavelmente nos primeiros lugares do protocolo, reduzir a sua posição à de ficar atrás de gente anónima numa bicha de colegiais mal comportados é desconsiderar a figura de presidente da república, quer presente quer passada, Sampaio está agora nessa posição e Cavaco virá a estar. Não é que o lugar de presidente mereça grande consideração, mas ao menos que passe oficialmente à frente dos deputados na bicha do bacalhau.
Entretanto uma palavra para os figurões que se portam como chicos espertos em cerimónias do género, são o Valentim Loureiro ou o Isaltino Morais que aparecem com a lata habitual para a cerimónia no palácio da Ajuda ou os rapazes e raparigas mal comportados que se achando superiores a tudo e todos e desconhecendo o seu lugar nas listas oficiais acham que podem dar o golpe na bicha para o cumprimento. "Sou fulano tal", tenho aqui o cartão e por isso posso passar à frente na bicha do autocarro, já houve apanhados assim, mas o povo não se deixou enganar na altura, agora os apanhados fomos nós que pagamos este circo...

Estas longas bichas são mais uma razão para reduzir o número de deputados para uns cem, ao menos não cansavam tanto o presidente e não havia tanto golpe nas bichas para o bacalhau oficial. Já agora acabavam-se com 200 Câmaras e mais umas 2000 Juntas e poupavam-se uns milhões de contos largos em chicos espertos que nada fazem e só servem para passar à frente na bicha do passou-bem e receber uns milhões do orçamento.

Nota final - Espero também que Marcelo tenha podido aproveitar a cerimónia, pelo menos, para tirar a limpo com os seus olhos que o Giscard ainda está vivo, é que o azougado professor tinha morto o aristocrata francês dizendo numa destas sessões dominicais que não restava nenhum ex-presidente de França vivo. Na sua ânsia criativa de factos políticos as razias de Marcelo não poupam vivos nem mortos e continuam a fazer vítimas políticas e mortais.




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