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14.10.05

O método do discurso 

Em ciências sociais e na filosofia pós moderna não vigora o discurso do método mas o método do discurso: gongórico, obscuro, pomposo, inchado, disfarçando a total ausência de ideias. Num mundo pós ano 2000 e pós Sokal o mundo pós moderno nas ciências sociais deixa de fazer sentido, pelo menos na concepção inicial dos seus criadores, para os novos leitores com olhos mais abertos e desconfiados dos vendedores da banha epistemológica da cobra, ou das colheres de óleo de fígado de desconstrutivista.
Os prolegómenos discursivos são paradigmas na nova ciência social que nunca atinge os fins perdendo-se na teia pseudo argumentativa, cujo método de exposição é afinal bem mais escolástico do que o pretenso conteúdo disfarçado por uma carga de jargão para entendidos, códigos estritos que colocam fora da ciência social os não iniciados. Aquela que seria a ciência pós Maio de 68, pós moderna, pós século XX, usa ainda o método de Hegel, a ininteligibilidade como forma da afirmação de um raciocínio profundo e de uma inteligência rara. Apenas e só disfarce da nulidade e da ausência de conteúdo. Então como hoje fraude científica e intelectual.
Esta ausência de legibilidade traduz apenas um facto: a total irrelevância da maioria dos estudos e reflexões e a completa incapacidade para a transmissão do conhecimento. Dispusessem as ciências humanas de um código simples e lógico, como nas ciências exactas existe a matemática, e perceber-se-ia o fosso espistemológico onde vegetam as ditas ciências humanas e em particular as ciências sociais. O gongorismo e o discurso sofista são prenúncios de irresolubilidade cíclica do problema espistemológico essencial das ciências humanas: qual o método científico a usar, qual o código a usar, qual o objecto exacto do estudo.
O pós moderno até neste problema tão simples se mostrou simplista e fraudulento, Para além de todos os prolegómenos. E se não se entendem sequer com o método e não entendem as ferramentas, como não deixar de rir quando atacam os problemas metodológicos e filosóficos das ciências exactas? O método do discurso e a desconstrução derridiana de conceitos das ciências exactas não funcionam no mundo onde a demonstração lógica e o conhecimento da linguagem são a essência.

E onde fica a migração do conceito neste ponto? O conceito como objecto relativo na filosofia das ciências. Claro que sim, após Einstein até o conceito se tornou relativo, vale o que vale para cada qual.
E acabei vítima do meu próprio post, o método do discurso...

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