26.9.05
À procura da Flauta...
No S. Carlos continuou o ciclo da integral das sinfonias de Beethoven. Sábado escutámos a segunda e a quinta.
Devo dizer que a segunda metade da Orquestra Sinfónica Portuguesa esteve ao nível da metade de sexta-feira, com algumas diferenças negativas.
Os segundos violinos estiveram desastrosos na segunda sinfonia onde diversas passagens mais expostas e agudas foram tocadas de forma lamentável e com uma desafinação atroz...
Primeiros violinos com sonoridade anémica, fina, de má qualidade sonora, a fazer sofrer o mais paciente na sinfonia em dó menor, op. 67, mais conhecida pela quinta. Suportar aqueles primeiros violinos foi realmente difícil. A sonoridade deste naipe foi horrenda, já nem sei se é destimbrada ou desafinada. Instrumentos de boa qualidade precisam-se, e instrumentistas talvez... Mas nem só destes erros viveu o dia: o primeiro flauta ao compasso 311, e seguintes, do primeiro andamento da opus 67, esqueceu-se de entrar no seu solo, ouvimos os oboés, fagotes, trompa e tímpanos num acompanhamento interessante promovido a voz principal pela rescrita da obra pela omissão do flautista (tinha casaca), não consegui perceber quem era uma vez que estava no fundo da sala e o palco está a uma altura tal que perceber quem lá está é o mesmo que tentar espreitar, de baixo, para o alto da Torre de Belém... Tratou-se de uma desatenção inadmissível numa orquestra sinfónica. Felizmente escaparam as restante madeiras e metais e, com algum stress, a coisa lá foi andando. Devo dizer que a insegurança da flauta foi compensada com algumas intervenções, mais complexas, realizadas de forma limpa e agradável. Mas a falha naquele ponto, o solo ao compasso 311, é trágica na economia da obra, é uma resposta importante aos violinos e serve de mote para repetições sucessivas de pergunta e resposta e diálogo entre violinos (mais restantes cordas) e sopros (com clarinetes a ajudar a flauta um pouco mais à frente), sem este solo perde-se toda a lógica retórica e discursiva da passagem que se inicia ao compasso 303 e se prolonga num monumental crescendo sonoro e de tensão. Um lapso calamitoso que nos fez perder algo do sumo da obra. Sem aquela entrada o primeiro andamento ficou coxo. Pena.
Devo dizer que o concerto foi em crescendo (se esquecermos o som dos violinos) de novo, gostei de ouvir os contrabaixos e violoncelos a atacar a passagem cerrada do allegro, terceiro andamento, que limparam de forma precisa e com denodo. Bonito o som das violas, com bom trabalho também. Madeiras e metais com nota positiva. Concerto em crescendo com Renzeti a tentar vencer o marasmo. Concertino convidado, parecia ser outro no sábado, devem ter convidado dois músicos para esta missão, enérgico mas com poucos resultados no som e coesão sonora do naipe dos violinos. Articulações cuidadas, sforzandos nos pontos certos mas mau som, este o mote dos violinos...
Quem escutou esta orquestra alguns anos atrás e a ouve hoje percebe a diferença, a progressão. Hoje pode-se escutar a OSP, mas ainda está muito longe das orquestras da primeira divisão. Um concerto agradável mas também triste por não haver um salto muito grande em termos qualitativos e andarmos sempre a bater no desgraçado. Continuamos a ter esperanças no trabalho de Renzeti para os próximos concertos e esperamos uma progressiva melhoria.
Devo dizer que a segunda metade da Orquestra Sinfónica Portuguesa esteve ao nível da metade de sexta-feira, com algumas diferenças negativas.
Os segundos violinos estiveram desastrosos na segunda sinfonia onde diversas passagens mais expostas e agudas foram tocadas de forma lamentável e com uma desafinação atroz...
Primeiros violinos com sonoridade anémica, fina, de má qualidade sonora, a fazer sofrer o mais paciente na sinfonia em dó menor, op. 67, mais conhecida pela quinta. Suportar aqueles primeiros violinos foi realmente difícil. A sonoridade deste naipe foi horrenda, já nem sei se é destimbrada ou desafinada. Instrumentos de boa qualidade precisam-se, e instrumentistas talvez... Mas nem só destes erros viveu o dia: o primeiro flauta ao compasso 311, e seguintes, do primeiro andamento da opus 67, esqueceu-se de entrar no seu solo, ouvimos os oboés, fagotes, trompa e tímpanos num acompanhamento interessante promovido a voz principal pela rescrita da obra pela omissão do flautista (tinha casaca), não consegui perceber quem era uma vez que estava no fundo da sala e o palco está a uma altura tal que perceber quem lá está é o mesmo que tentar espreitar, de baixo, para o alto da Torre de Belém... Tratou-se de uma desatenção inadmissível numa orquestra sinfónica. Felizmente escaparam as restante madeiras e metais e, com algum stress, a coisa lá foi andando. Devo dizer que a insegurança da flauta foi compensada com algumas intervenções, mais complexas, realizadas de forma limpa e agradável. Mas a falha naquele ponto, o solo ao compasso 311, é trágica na economia da obra, é uma resposta importante aos violinos e serve de mote para repetições sucessivas de pergunta e resposta e diálogo entre violinos (mais restantes cordas) e sopros (com clarinetes a ajudar a flauta um pouco mais à frente), sem este solo perde-se toda a lógica retórica e discursiva da passagem que se inicia ao compasso 303 e se prolonga num monumental crescendo sonoro e de tensão. Um lapso calamitoso que nos fez perder algo do sumo da obra. Sem aquela entrada o primeiro andamento ficou coxo. Pena.
Devo dizer que o concerto foi em crescendo (se esquecermos o som dos violinos) de novo, gostei de ouvir os contrabaixos e violoncelos a atacar a passagem cerrada do allegro, terceiro andamento, que limparam de forma precisa e com denodo. Bonito o som das violas, com bom trabalho também. Madeiras e metais com nota positiva. Concerto em crescendo com Renzeti a tentar vencer o marasmo. Concertino convidado, parecia ser outro no sábado, devem ter convidado dois músicos para esta missão, enérgico mas com poucos resultados no som e coesão sonora do naipe dos violinos. Articulações cuidadas, sforzandos nos pontos certos mas mau som, este o mote dos violinos...
Quem escutou esta orquestra alguns anos atrás e a ouve hoje percebe a diferença, a progressão. Hoje pode-se escutar a OSP, mas ainda está muito longe das orquestras da primeira divisão. Um concerto agradável mas também triste por não haver um salto muito grande em termos qualitativos e andarmos sempre a bater no desgraçado. Continuamos a ter esperanças no trabalho de Renzeti para os próximos concertos e esperamos uma progressiva melhoria.
Arquivos
- 11/03
- 03/04
- 04/04
- 05/04
- 06/04
- 07/04
- 08/04
- 09/04
- 10/04
- 11/04
- 12/04
- 01/05
- 02/05
- 03/05
- 04/05
- 05/05
- 06/05
- 07/05
- 08/05
- 09/05
- 10/05
- 11/05
- 12/05
- 01/06
- 02/06
- 03/06
- 04/06
- 05/06
- 06/06
- 07/06
- 08/06
- 09/06
- 10/06
- 11/06
- 12/06
- 01/07
- 02/07
- 03/07
- 04/07
- 05/07
- 06/07
- 07/07
- 09/07
- 10/07
- 11/07
- 12/07
- 01/08
- 02/08
- 03/08
- 04/08
- 05/08
- 06/08
- 07/08
- 09/08
- 10/08
- 12/08
- 01/09
- 02/09
- 03/09
- 04/09
- 07/09
- 11/09
- 02/10
- 03/10
- 03/11
- 04/11
- 05/11
- 06/11
- 09/12
- 05/13
- 06/13
- 07/13
- 08/13
- 09/13
- 10/13
- 11/13
- 12/13
- 01/14
- 02/14
- 03/14
- 04/14
- 05/14
- 06/14
- 07/14
- 09/14
- 01/15
- 05/15
- 09/15
- 10/15
- 03/16