8.8.05
Tristan em Bayreuth
Antes de colocar aqui um longo texto, já praticamente escrito, umas pequenas notas sobre Tristan em Bayreuth.
Tristan é o mais triste dos homens, o mais solitário dos heróis, humano, quase demasiadamente humano para ser um herói de Wagner.
Filho póstumo de um pai morto pouco depois da concepção, filho póstumo de uma mãe que morre no parto, vivendo o amor impossível por Isolde prometida, e depois esposa, a seu tio e rei. Vivemos nesta encenação um Tristan leal no seu amor a Isolde e ao seu tio, o rei da Cornualha. Tristan: um herói que procura a morte, única porta por onde pode escapar de uma tristeza infinita, de um amor não consumado fisicamente e que paira apenas no plano onírico. Um Tristan frio de contactos, de provas físicas, num terceiro acto quase morto, numa cama de hospital, numa cave escura, numa profunda escuridão, como pungentemente nos declara ser o seu castelo, e a sua vida, quando pede a Isoda que o siga, no segundo acto, ao evocar uma mãe que não conheceu e que também apenas ama em sonhos. Tristan nem no momento da morte consegue vislumbrar a sua amada, pressentida. Tristan que morre solitário, no seu quarto de hospital, tombado no chão, desacompanhado. Todos os seus amigos de costas voltadas e Isolde, também solitária, deitada no leito do seu amor, tapando-se com um lençol branco, ainda e sempre distante fisicamente de Tristan, mesmo na hora da sua morte por Amor.
Este foi o Tristan mais triste que vi em toda a minha vida, despojado de tudo. Apenas sobrou um ligeiro carinho de Isolde para além da sua voz, da sua palavra. Palavra que motivou a tragédia solitária de um amor impossível. Uma tristeza e uma tensão que se vão acumulando em cada compasso, a cada acorde, desde o famoso acorde de Tristan até ao final em que, finalmente, uma certa paz nos vai tomando, uma paz tão triste...
Os aplausos foram divididos para uma Stemme sublime e um Dean Smith quase perfeito. O silêncio, um silêncio sepulcral, teria bastado. A obra de arte total em Bayreuth, um monumento estético máximo que Wagner nos deixou.
Muito mais há a dizer e será dito...
Tristan é o mais triste dos homens, o mais solitário dos heróis, humano, quase demasiadamente humano para ser um herói de Wagner.
Filho póstumo de um pai morto pouco depois da concepção, filho póstumo de uma mãe que morre no parto, vivendo o amor impossível por Isolde prometida, e depois esposa, a seu tio e rei. Vivemos nesta encenação um Tristan leal no seu amor a Isolde e ao seu tio, o rei da Cornualha. Tristan: um herói que procura a morte, única porta por onde pode escapar de uma tristeza infinita, de um amor não consumado fisicamente e que paira apenas no plano onírico. Um Tristan frio de contactos, de provas físicas, num terceiro acto quase morto, numa cama de hospital, numa cave escura, numa profunda escuridão, como pungentemente nos declara ser o seu castelo, e a sua vida, quando pede a Isoda que o siga, no segundo acto, ao evocar uma mãe que não conheceu e que também apenas ama em sonhos. Tristan nem no momento da morte consegue vislumbrar a sua amada, pressentida. Tristan que morre solitário, no seu quarto de hospital, tombado no chão, desacompanhado. Todos os seus amigos de costas voltadas e Isolde, também solitária, deitada no leito do seu amor, tapando-se com um lençol branco, ainda e sempre distante fisicamente de Tristan, mesmo na hora da sua morte por Amor.
Este foi o Tristan mais triste que vi em toda a minha vida, despojado de tudo. Apenas sobrou um ligeiro carinho de Isolde para além da sua voz, da sua palavra. Palavra que motivou a tragédia solitária de um amor impossível. Uma tristeza e uma tensão que se vão acumulando em cada compasso, a cada acorde, desde o famoso acorde de Tristan até ao final em que, finalmente, uma certa paz nos vai tomando, uma paz tão triste...
Os aplausos foram divididos para uma Stemme sublime e um Dean Smith quase perfeito. O silêncio, um silêncio sepulcral, teria bastado. A obra de arte total em Bayreuth, um monumento estético máximo que Wagner nos deixou.
Muito mais há a dizer e será dito...
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