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20.7.05

Notas bibliográficas sobre Rui Vilar 

A propósito da entrevista de Rui Vilar, presidente da Fundação Gulbenkian, pelos 50 anos da morte do fundador em 1955, publico a nota biográfica que se encontra no próprio site da Gulbenkian.

Emílio Rui Vilar nasceu no Porto a 17 de Maio de 1939. Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra em 1961, é Presidente do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian desde 2 de Maio de 2002, tendo sido Administrador desde 1996. É Presidente da Partex Oil and Gas (Holdings) Corporation desde 16 de Julho de 2002.
Cumpriu serviço militar entre 1962 e 1965. No ano seguinte entrou para a Função Pública, onde esteve até 1969. Nesse ano assumiu as funções de Director do Banco Português do Atlântico, onde permaneceu até 1973.
A sua carreira política começa em 1974 como Secretário de Estado do Comércio Externo e Turismo do I Governo Provisório. No mesmo ano é-lhe confiada a tutela do ministério da Economia dos II e III Governos Provisórios (1974/75). Foi Vice-Governador do Banco de Portugal entre 1975 e 1984. Assumiu funções de Deputado em 1976. Entre 1976 e 1978 foi Ministro dos Transportes e Comunicações do I Governo Constitucional.
Emílio Rui Vilar presidiu à Comissão de Fiscalização do Teatro Nacional de São Carlos (1980-86), foi Presidente do Conselho de Gestão do Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa (1985/86) e Director-Geral da Comissão das Comunidades Europeias (Bruxelas, 1986-89).
Foi Comissário-Geral para a Europália entre 1989 e 1992, Presidente do Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos (1989-1995), e presidiu ao Grupo Europeu dos Bancos de Poupança (1991-94). Entre 1989 e 1990 foi ainda Vice-Presidente da Fundação de Serralves.
É Presidente do Conselho de Auditoria do Banco de Portugal desde 1996 . Foi Administrador do Porto 2001, SA em 1999 e Presidente do Conselho de Administração da GalpEnergia, entre 2001 e 2002.


Este o perfil de um homem que se confunde com uma carreira. Falta dizer que nunca se distinguiu através de qualquer reflexão ou texto sobre cultura, nem sequer uma ideia. Não tem currículo académico admissível em qualquer país para um cargo como o de presidente da Gulbenkian. Como se diria nos Estados Unidos: não concluiu os estudos académicos, não chegou ao doutoramento. Mas Gulbenkian também não, mesmo descontando os tempos. O que é importante é o que Vilar poderia ter feito e não fez. Poderia ter relançado a CGD e apenas a manteve à tona de água. Poderia ter relançado a política empresarial da Fundação a que preside e apenas destruiu o capital de respeito que a FCG detinha na sociedade e na cultura portuguesa. Em vez de termos hoje uma Fundação a comportar-se como gente de bem, temos o que temos: uma espécie de empresa que tem como modelo uma fábrica têxtil do Vale do Ave na sua relação com o pessoal e o público. É claro que o respeito pelos outros e pela sociedade não se ensina nas escolas para políticos ou nos bancos da Assembleia da República ou mesmo nos conselhos de Administração dos múltiplos lugares para onde se foi designado.
Leio na entrevista ao DN que se ponderava a decisão de acabar com o Ballet Gulbenkian há meses. No segredo de uma administração segregada do mundo e sem prestar contas a quem quer que seja. Chegando ao ponto de deixar anunciar e vender bilhetes para uma temporada que se sabe de antemão que virá a ser exterminada.
Uma série de cargos de natureza política assinala a vida de mais um mito criado não se sabe bem porquê. Creio mesmo que a sua única qualidade assinalável é que me parece ser honesto, facto que deveria ser natural num político (ou ex-político) mas que é raríssimo. Provavelmente a origem do Mito Vilar provém dessa raridade e não de outra qualquer qualidade oculta e misteriosa que não se vislumbra. Vilar: O Mito que renunciou à reforma da Caixa. Sempre que se fala de Vilar é sempre esse o argumento final que, como Deux Ex Machina, acaba com a discussão! Mas é muito pouco...
Vilar reduziu em 40% o pessoal da Gulbenkian, mas mantiveram-se no lugar os nove bonzos da Administração! O mínimo que se exigia era a redução na mesma proporção do número de administradores. Mas percebe-se bem do texto do DN que a única coisa que interessa perpetuar é mesmo a Administração... Tudo o resto é sacrificável. Mesmo o património de todos gerido por nove cooptados com poder absoluto.

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