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18.7.05

Hoje deu-me para ouvir Marais 

Um disco de 1999, século passado, Paolo Pandolfo na viola da gamba ou melhor em basse de viole, Mitzi Meyerson no cravo, Thomas Boysen na tiorba e na guitarra barroca, Alba Fresno na segunda viola, Pedro Estevan na percussão e François Fauché como recitador. Uma gravação feita na mítica Cuenca, Junho de 1999. Mítica porque substitui Santiago como cidade destino nas peregrinações do final do Inverno dos amantes da música antiga.


Marin Marais o velho senhor, o calmo francês do antigo regime, 1656-1728. Época de calmas reflexões, num tempo suspenso e quase perpétuo, mas tão instável que ainda em sua vida a viola da Gamba já declinava, François Couperin e Forqueray ainda compuseram para a viola, mas os prenúncios de outros sons já ecoavam no ocaso da vida tranquila de Marais.
Não era sobre a vida de Marais que eu queria escrever. O que me impressiona na obra de Marais é uma subtileza profunda, uma riqueza de timbres, a exploração de ressonâncias, ao mesmo tempo tão próprias do seu tempo, mas que o transcendem para atingir o infinito. A obra de Marais não é fácil, não sei se todo o público poderá apreciar aos primeiros contactos a musicalidade de Marais. Mas depois de entrar no labirinto penso que ninguém mais quererá sair.
Longe do virtuosismo imediato de Forqueray o "Prélude en Harpegement" constitui só por si, pela calma serena do seu som, pela ênfase da sua circulação rítmica, um abandono deste tempo, um murmúrio que nos diz que estamos vivos. Um segredo que Marais nos transmite desde há trezentos anos atrás, mas Marais também é tumultuoso, a "Marche Persane Dite La Savigny" é uma tremenda força em arpejos furiosos...

Mergulhar na densidade do Labirinto de Marais é perder a noção do tempo e amar a música para além das definições, até o infinito, eternamente...

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