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17.5.05

Seabra tem razão! 

Leio a coluna de domingo do Augusto Manuel Seabra, Público. Reparo que no ponto 4 se fala de uma encomenda feita pelo museu de Viseu por Maria João Correia (directora interina) a dois artistas Alexandre Sampaio e Luís Mendes para a noite dos museus.
A novel directora, uma tal de Ana Paula Abrantes, não gostou da intervenção que versava a intolerância, que não seria alheia à homofobia que hoje em dia grassa em Viseu, cidade à qual me ligam laços afectivos e familiares e que periodicamente me desgosta com a tacanhez do "povo beirão" e dos seus dirigentes, com raras e honrosas excepções.
Enfim, o museu e o Estado tinham-se comprometido perante os artistas a aceitar a obra. A criatura que assumiu o comando das operações no Museu Grão Vasco parece que não gostou da mesma, e num acto de censura inqualificável recusou a encomenda e cancelou tudo, noite dos museus inclusivé. Em Viseu voltou-se ao estado habitual, não acontece nada, não há nada, há apenas umas senhoras tipo professoras primárias do antigamente, muito primárias, que não gostam de ver corpos. Faz lembrar, mal comparado, aquele pintor que andou a cobrir as "pilinhas" nas pinturas da Capela Sistina a mando de um inquisidor. Provavelmente os artistas ainda não chegaram ao nível do Miguel Ângelo, mas o inquisidores são sempre iguais... Têm medo. E instauram a política do medo. Não têm medo da censura, não têm medo de tornar, por seu intermédio, o Estado pessoa de mal em lugar de pessoa de bem. A ética não diz nada aos tacanhos, conhecem apenas a ética dos cobardes que afinal é a ética da estupidez ou seja, a sua ausência.
E a ignomínia do acto fica sem eco, no silêncio dos cobardes e dos que tapam os olhos e no peso das estruturas que deveriam repor um mínimo de dignidade à coisa.
Em resumo, mais um sintoma do estado da nação.


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