31.5.05
London Symphony Orchestra - Antonio Pappano
Coliseu, último dia do ciclo das Grandes Orquestras Mundiais, organizado pela Gulbenkian em boa hora. Grandes orquestras, grandes obras, grandes maestros. Nem tudo foi perfeito, o Coliseu é uma sala péssima para a grande música sinfónica. Até a Reitoria da Universidade Clássica seria uma melhor opção, tendo em conta que também não tem grandes condições e está degradada, mas tudo é melhor do que o Coliseu.
Felizmente não houve grandes ruídos externos neste concerto. A Orquestra esteve muito bem, cordas coesas, afinadíssimas, sopros excelentes com destaque para os metais que são superlativos.
Bernstein a começar "On the Waterfront" uma suite explosiva para um filme deslumbrante de Elia Kazan, com recurso a toda a orquestra, exuberante o maestro mas com uma resposta que não passou muito de um brilhantismo superficial. Digamos que não arrefeceu mas que também não aqueceu muito!
O concerto nº 1 de Shostakovich para violoncelo, opus 107, por Han-Na Chang, foi outra loiça, a solista de 22 anos (!) com uma personalidade incrível, com uma sonoridade de uma densidade enorme e um carácter muito arrebatado, deu-nos uma leitura empolgante, sentida, viva, motriz, de uma obra excelente do genial russo. Chang foi o motor da orquestra e deu o mote para o fraseado, para a expressão dos restantes músicos, mais do que o maestro. Um telemóvel tocou no momento mais sensível da obra, se fosse durante a sinfonia que se seguiu teria sido um enriquecimento da peça de Rachmaninoff, neste caso foi catastrófico!...
Finalmente a 2ª sinfonia de Rachmaninoff. Uma peça incoerente, mal concebida, sem fôlego nem chama, longa, chata, sempre com o mesmo tema, aliás (quase) o único que Rachmaninoff realizou (e usou com variantes) em toda a sua longa e aborrecida carreira de romântico serôdio. Se excluirmos o Cavaleiro Avarento e mais meia dúzia de obras, onde não incluo o enjoativo vocalizo, Rachmaninoff é um imenso marasmo com excesso de notas para disfarçar a falta de ideias e de concepções. Se pensarmos que o tema recorrente desta sinfonia surge nos diversos andamentos porque o compositor não tinha ideias para mais ficamos com uma ideia clara da obra. Um tema lamechas e sentimentalão que se repete e que deixa muitos ouvintes, que Wagner não conseguiu reformar (tantos anos depois parece quase um anacronismo, mas infelizmente é verdade), encantados... o que noutro compositor poderia ter sido um rasgo de génio é apenas um bocejo de aborrecimento. Com uma obra destas a orquestra tentou, o maestro lá bateu a batuta e se contorceu no pódio mas, depois de muito espremida a sinfonia, o sumo foi pouco.
Ficou a pena de não ter escutado uma obra mais consistente. Pappano deixou-nos dúvidas, se foi ele a escolher o repertório que se repetiu em quatro concertos ibéricos a escolha foi infeliz. Por outro lado a sua visão de todas as obras pareceu muito gesticulada e pouco meditada. Outro repertório esclarecerá se tenho ou não razão.
Um concerto bom que nos deixou algo infelizes com a escolha da peça de resistência...
Felizmente não houve grandes ruídos externos neste concerto. A Orquestra esteve muito bem, cordas coesas, afinadíssimas, sopros excelentes com destaque para os metais que são superlativos.
Bernstein a começar "On the Waterfront" uma suite explosiva para um filme deslumbrante de Elia Kazan, com recurso a toda a orquestra, exuberante o maestro mas com uma resposta que não passou muito de um brilhantismo superficial. Digamos que não arrefeceu mas que também não aqueceu muito!
O concerto nº 1 de Shostakovich para violoncelo, opus 107, por Han-Na Chang, foi outra loiça, a solista de 22 anos (!) com uma personalidade incrível, com uma sonoridade de uma densidade enorme e um carácter muito arrebatado, deu-nos uma leitura empolgante, sentida, viva, motriz, de uma obra excelente do genial russo. Chang foi o motor da orquestra e deu o mote para o fraseado, para a expressão dos restantes músicos, mais do que o maestro. Um telemóvel tocou no momento mais sensível da obra, se fosse durante a sinfonia que se seguiu teria sido um enriquecimento da peça de Rachmaninoff, neste caso foi catastrófico!...
Finalmente a 2ª sinfonia de Rachmaninoff. Uma peça incoerente, mal concebida, sem fôlego nem chama, longa, chata, sempre com o mesmo tema, aliás (quase) o único que Rachmaninoff realizou (e usou com variantes) em toda a sua longa e aborrecida carreira de romântico serôdio. Se excluirmos o Cavaleiro Avarento e mais meia dúzia de obras, onde não incluo o enjoativo vocalizo, Rachmaninoff é um imenso marasmo com excesso de notas para disfarçar a falta de ideias e de concepções. Se pensarmos que o tema recorrente desta sinfonia surge nos diversos andamentos porque o compositor não tinha ideias para mais ficamos com uma ideia clara da obra. Um tema lamechas e sentimentalão que se repete e que deixa muitos ouvintes, que Wagner não conseguiu reformar (tantos anos depois parece quase um anacronismo, mas infelizmente é verdade), encantados... o que noutro compositor poderia ter sido um rasgo de génio é apenas um bocejo de aborrecimento. Com uma obra destas a orquestra tentou, o maestro lá bateu a batuta e se contorceu no pódio mas, depois de muito espremida a sinfonia, o sumo foi pouco.
Ficou a pena de não ter escutado uma obra mais consistente. Pappano deixou-nos dúvidas, se foi ele a escolher o repertório que se repetiu em quatro concertos ibéricos a escolha foi infeliz. Por outro lado a sua visão de todas as obras pareceu muito gesticulada e pouco meditada. Outro repertório esclarecerá se tenho ou não razão.
Um concerto bom que nos deixou algo infelizes com a escolha da peça de resistência...
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