17.5.05
Festa da Música no CCB - Notas de audição 10 - últimos momentos
A Festa da Música no CCB encerrou-se há mais de quinze dias, é tempo de encerrar estas notas. Apenas a falta de tempo para escrever aqui motivou este arrastar de comentários. O que é certo é que inúmeros concertos foram difíceis de digerir, pensar, a overdose de música às vezes é prejudicial a uma compreensão exacta, a uma absorção mais saboreada e interiorizada da música.
O prazer de escutar música, e trata-se de um prazer de facto, não se pode esconder: ninguém vai a um concerto à espera de ser torturado, quere-se longo, preparado, sobretudo se se conhece o material que se vai ouvir. As obras que se vão escutar devem ser preparadas, as notas de programa lidas. A história refrescada, se temos as partituras devemos estudá-las, a riqueza do conteúdo musical e a nossa absorção só ganham com esta meticulosa preparação. Pelo contrário se vamos escutar algo novo é também interessante avançar sem qualquer leitura, sem saber mesmo do que se trata, pois assim a surpresa poderá ser um factor de choque que leva a uma descoberta mais profunda. Ou não seja o homem um caçador que se emociona com o inesperado.
Mas que longa dissertação para acabar com estas notas de audição. Passemos aos últimos concertos de domingo. Ainda não discutimos o quarteto Aviv, ainda por cima nos opus 95 e 135 de Beethoven. Trata-se de um quarteto ainda jovem, pouco maduro, pouco meditado. Isso notou-se na falta de riqueza musical da sua leitura. Uma leitura certinha mas sem qualquer traço de carácter, banal, enfadonha mesmo sem passar as repetições que vêm na partitura e apesar do aparente entusiasmo nos andamentos rápidos, que afinal não trouxeram grande substância. Será que este quarteto tem margem de progressão? Veremos, estou em crer que não, afinal já tocam juntos há quase dez anos.
Alexander Melnikov surpreendeu-nos pelo seu toque subtil e pela sua energia. Bavouzet já foi comentado aqui na sua Hammerklavier opus 106. Não tivemos paciência para escutar o Burmester antes do concerto de encerramento e fomos beber um copo com o Jean-Efflam depois do seu recital e antes do concerto de encerramento.
Nikolai Luganski mais a Sinfonia Varsóvia dirigida por Peter Csaba trouxeram até nós o extraordinário concerto nº 4 de Beethoven, em que a transparência e a qualidade sonora de Luganski voltaram a sentir-se. No entanto a interpretação no concerto foi um pouco a puxar para o frio. A sua grande qualidade é o manuseamento do tempo, a magia do rubato imperceptível, no caso de um concerto com orquestra é necessário muito trabalho de ensaio para atingir o ponto exacto. Quando falta esse ponto e se é absolutamente correcto parece que estamos em presença de um cristal mas sem o brilho do diamante. Luganski no seu recital foi diamante no concerto com orquestra foi quartzo.
Acabou tudo em grande festa com a Fantasia para piano coro e orquestra op. 80. A maestrina Laurence Équilbey dirigiu, melhor o coro pior a orquestra, e Melnikov tocou de forma entusiástica mas muito a arriscar a parte de piano. Tivemos a nossa dose de notas esmagadas (talvez fruto do trabalho do pianista com o teclado mais pequeno do seu habitual pianoforte), mas a pujança da interpretação compensou esses erros. Nada a ver com o desastre Beresovsky algumas horas antes. Melnikov dominou a partitura e não se deixou dominar por esta, mesmo quando esmagou notas.
Acabou em apoteose com o coro Acentus em grande força a encher de júbilo a sala do grande auditório do CCB.
Para o ano haverá mais...
O prazer de escutar música, e trata-se de um prazer de facto, não se pode esconder: ninguém vai a um concerto à espera de ser torturado, quere-se longo, preparado, sobretudo se se conhece o material que se vai ouvir. As obras que se vão escutar devem ser preparadas, as notas de programa lidas. A história refrescada, se temos as partituras devemos estudá-las, a riqueza do conteúdo musical e a nossa absorção só ganham com esta meticulosa preparação. Pelo contrário se vamos escutar algo novo é também interessante avançar sem qualquer leitura, sem saber mesmo do que se trata, pois assim a surpresa poderá ser um factor de choque que leva a uma descoberta mais profunda. Ou não seja o homem um caçador que se emociona com o inesperado.
Mas que longa dissertação para acabar com estas notas de audição. Passemos aos últimos concertos de domingo. Ainda não discutimos o quarteto Aviv, ainda por cima nos opus 95 e 135 de Beethoven. Trata-se de um quarteto ainda jovem, pouco maduro, pouco meditado. Isso notou-se na falta de riqueza musical da sua leitura. Uma leitura certinha mas sem qualquer traço de carácter, banal, enfadonha mesmo sem passar as repetições que vêm na partitura e apesar do aparente entusiasmo nos andamentos rápidos, que afinal não trouxeram grande substância. Será que este quarteto tem margem de progressão? Veremos, estou em crer que não, afinal já tocam juntos há quase dez anos.
Alexander Melnikov surpreendeu-nos pelo seu toque subtil e pela sua energia. Bavouzet já foi comentado aqui na sua Hammerklavier opus 106. Não tivemos paciência para escutar o Burmester antes do concerto de encerramento e fomos beber um copo com o Jean-Efflam depois do seu recital e antes do concerto de encerramento.
Nikolai Luganski mais a Sinfonia Varsóvia dirigida por Peter Csaba trouxeram até nós o extraordinário concerto nº 4 de Beethoven, em que a transparência e a qualidade sonora de Luganski voltaram a sentir-se. No entanto a interpretação no concerto foi um pouco a puxar para o frio. A sua grande qualidade é o manuseamento do tempo, a magia do rubato imperceptível, no caso de um concerto com orquestra é necessário muito trabalho de ensaio para atingir o ponto exacto. Quando falta esse ponto e se é absolutamente correcto parece que estamos em presença de um cristal mas sem o brilho do diamante. Luganski no seu recital foi diamante no concerto com orquestra foi quartzo.
Acabou tudo em grande festa com a Fantasia para piano coro e orquestra op. 80. A maestrina Laurence Équilbey dirigiu, melhor o coro pior a orquestra, e Melnikov tocou de forma entusiástica mas muito a arriscar a parte de piano. Tivemos a nossa dose de notas esmagadas (talvez fruto do trabalho do pianista com o teclado mais pequeno do seu habitual pianoforte), mas a pujança da interpretação compensou esses erros. Nada a ver com o desastre Beresovsky algumas horas antes. Melnikov dominou a partitura e não se deixou dominar por esta, mesmo quando esmagou notas.
Acabou em apoteose com o coro Acentus em grande força a encher de júbilo a sala do grande auditório do CCB.
Para o ano haverá mais...
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