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25.4.05

Festa da Música - Precursos e Percursos 

Antes de passar à análise de muitos concertos a que assisti no Sábado (11) e Domingo (ainda não contabilizados) na Festa da Música do CCB, devo dizer que cheguei ao final de Domingo com uma enorme dor de cabeça. Overdose de música que a partir de certa altura se torna asfixiante e não dá espaço para a respiração das obras e da meditação que uma análise rigorosa merece.
Escrever em cima do acontecimento também é errado, a emoção do momento e o estado de espírito, por um lado, são altamente propícios à exaltação da escrita no fio da navalha, uma madura reflexão auxiliada pela memória mas com a filtragem da distância, mas sempre alicerçada na consulta das notas escritas em cima do acontecimento, permite, pelo outro lado, uma análise mais cuidada, relativizada (palavra a ficar politicamente incorrecta?) e profunda.

Devo dizer que evitei concertos por formações ad hoc, evitei o trio russo em todas as suas aparições, evitei o Burmester (que privilégio para os portuenses a sua recusa em tocar na casa da música - depois explico melhor o que isto quer dizer), evitei a maioria dos portugueses que posso escutar todo o ano em Lisboa, no Porto e nos festivais e concertos que vão ocorrendo.

Procurei o seguro, o bom, dei crédito ao conselhos de escutar o quateto Aviv (e arrependi-me), reencontrei-me com Bavouzet, desiludi-me com Berezovsky, certifiquei-me com Engerer para o lado negativo e assisti a um número elevado de concertos de categoria superlativa e deparei-me com uma organização excepcional que funciona em pleno caos de milhares de visitantes com a planificação e simpatia que estes momentos complexos exigem. Firmeza e sentido da responsabilidade misturados com educação, uma combinação excelente que nunca falha. Erros pontuais são impossíveis de evitar mas a sua gestão mostra a capacidade organizativa do CCB e neste caso a palavra é dirigida ao Director do Centro de Espectáculos, o dr. Miguel Leal Coelho, que consegue ser a espinha dorsal desta organização desde há seis anos (ou seja desde que a Festa veio a Lisboa) e está no CCB quase desde a sua fundação. Parabéns à equipa.
Os aspectos filosóficos da Festa da Música podem ser discutíveis e há muitas opiniões, eu tenho a minha opinião também, mas essa reflexão fica para o futuro.

Não cumpri totalmente o precurso idealizado anteriormente por eventos e concertos. Falhei inclusivamente as conferências de Nabais e Enes, conferências que me propunha previamente a escutar, a música falou mais alto e o percurso acabou por se fazer, quase inevitavelmente por muitos concertos e recitais...


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