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14.2.05

A vidente e a superstição 

Morreu Lúcia, uma notícia totalmente irrelevante para mim e provavelmente para muito católicos.
Fátima nunca foi um dogma, Fátima nada tem a ver com a crença em Deus, em Cristo ou qualquer outra crença. É apenas uma questão de convicção pessoal.

Para mim Fátima é apenas superstição e crendice. O pior de Portugal, analfabetismo, atraso endémico, superstição clerical da qual ainda são representantes inúmeros padres incultos, tacanhos e dogmáticos. Longe da erudição dos Jesuítas de hoje ou de outros pensadores católicos.

A morte de Lúcia é a morte de uma mulher vítima de um país pobre, vítima da ignorância, da fome e do analfabetismo que chega ao Papa. Afinal o polaco é ele próprio oriundo de um meio parecido que deixa marcas, independemente dos cursos de filosofia e teologia.

A morte de Lúcia faz-me sentir dor, não propriamente pela pobre senhora, que parece ter sido feliz e que morre com 97 anos depois de uma longa vida, mas pelo país. Morreu na sua própria paz. Na paz de Cristo? O mesmo que privava com gente pouco recomendável como prostituas e cobradores de impostos e fez o Sermão da Montanha...
O meu Cristo e a sua mensagem não são nem Lúcia nem Fátima, e assim é para muitos católicos.

O luto nacional por Lúcia é tão só ridículo como uma marca do atraso deste país hoje, hipotecado à fradalhada que (chegou a mais de 20% da população no século XVIII) ainda perdura ainda dentro de nós. A hipocrisia é tal que até o Bloco de Esquerda lamenta a morte da vidente...

H.S.

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