8.2.05
Sokolov - Schubert II - O intermediário
Schubert doente, deprimido, as suas obras são um fracasso. Estamos em 1828, Beethoven está morto, o público burguês, o mesmo que ainda hoje vai a concertos, pede obras fáceis e com belos efeitos, nada do que Schubert quer escrever, o compositor procura o eterno...
Schubert é um poeta, a forma como põe em música os maiores poetas da sua língua é a prova mais intensa da utilização da música como meio de transformação e comunicação relativamente ao mundo. Schubert é o Mundo em música.
Esta perspectiva volta a notar-se na barcarola que inicia o segundo andamento da sonata em lá maior, uma barcarola que a pouco e pouco mostra a sua verdadeira face de marcha fúnebre. De repente, depois de alguns minutos de uma melancolia calma que caminha, surge uma atormentada e revoltada secção com um vigor e uma surpresa que, de modo algum, contrastam com a melancolia da marcha fúnebre anterior, duas formas duas paixões o mesmo estado de alma: a angústia perante a morte. Acordes menores são trovões que, nesta raiva incontida de Schubert perante a morte que se avizinha, fecham este momento para dar lugar, de novo, à marcha fúnebre inicial: A Marcha Fúnebre. O acompanhamento tem, nesta última caminhada, a adição de notas marcadas que conduzem a marcha até ao seu destino final, desolação... Serão os sinos que dobram por Schubert?
Este andamento foi um dos momentos mais marcantes e emocionantes do recital de ontem, pouco mais há a dizer. A essência de Sokolov neste andamento foi contenção e emoção, um jogo de tensão levado ao limite extremo.
Sokolov, o intermediário de Schubert
O terceiro andamento, um scherzo, é um breve momento de alegria, antes de regressar ao tumulto que atormenta Schubert, breve, contrasta com toda a sonata pela sua simplicidade formal. Um trio, com vozes bem diferenciadas e um pouco mais relaxado. Foi tocado por Sokolov com um virtuosismo também tranquilo. As dificuldades técnicas para Sokolov não devem ser mencionadas numa crítica, não existem. O que deve ser realçado é o aspecto musical, estético. Apenas esse lado pode ser estudado num recital deste nível. O que é certo é que o pianista aqui voltou a ser magistral na articulação e no jogo digital que resulta também no aspecto divertido do contraste de sonoridades e ressonâncias do instrumento. Um scherzo em toda a sua plenitude.
Sokolov, o vienense.
(continua)
Schubert é um poeta, a forma como põe em música os maiores poetas da sua língua é a prova mais intensa da utilização da música como meio de transformação e comunicação relativamente ao mundo. Schubert é o Mundo em música.
Esta perspectiva volta a notar-se na barcarola que inicia o segundo andamento da sonata em lá maior, uma barcarola que a pouco e pouco mostra a sua verdadeira face de marcha fúnebre. De repente, depois de alguns minutos de uma melancolia calma que caminha, surge uma atormentada e revoltada secção com um vigor e uma surpresa que, de modo algum, contrastam com a melancolia da marcha fúnebre anterior, duas formas duas paixões o mesmo estado de alma: a angústia perante a morte. Acordes menores são trovões que, nesta raiva incontida de Schubert perante a morte que se avizinha, fecham este momento para dar lugar, de novo, à marcha fúnebre inicial: A Marcha Fúnebre. O acompanhamento tem, nesta última caminhada, a adição de notas marcadas que conduzem a marcha até ao seu destino final, desolação... Serão os sinos que dobram por Schubert?
Este andamento foi um dos momentos mais marcantes e emocionantes do recital de ontem, pouco mais há a dizer. A essência de Sokolov neste andamento foi contenção e emoção, um jogo de tensão levado ao limite extremo.
Sokolov, o intermediário de Schubert
O terceiro andamento, um scherzo, é um breve momento de alegria, antes de regressar ao tumulto que atormenta Schubert, breve, contrasta com toda a sonata pela sua simplicidade formal. Um trio, com vozes bem diferenciadas e um pouco mais relaxado. Foi tocado por Sokolov com um virtuosismo também tranquilo. As dificuldades técnicas para Sokolov não devem ser mencionadas numa crítica, não existem. O que deve ser realçado é o aspecto musical, estético. Apenas esse lado pode ser estudado num recital deste nível. O que é certo é que o pianista aqui voltou a ser magistral na articulação e no jogo digital que resulta também no aspecto divertido do contraste de sonoridades e ressonâncias do instrumento. Um scherzo em toda a sua plenitude.
Sokolov, o vienense.
(continua)
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