16.2.05
Santana Lopes Crítico de Música
Lê-se na press release sobre a nova Metropolitana, com direcção de Álvaro Cassuto, uma orquestra que tentará crescer até à formação sinfónica:
O reconhecimento do então Presidente da Câmara Municipal de Lisboa (Pedro Santana Lopes) da falta de uma grande orquestra sinfónica em Lisboa deu a oportunidade à OML de assumir essa missão através de um gradual e progressivo crescimento do formato clássico para a dimensão sinfónica durante os próximos cinco anos.
Será que Santana se esqueceu da Orquestra Sinfónica Portuguesa? Será que o musicólogo Santana, que é um dos raros privilegiados do mundo a conhecer os concertos para violino de Chopin, sabe o que é uma orquestra sinfónica? Como se faz? Como se chega lá? Quantos anos são necessários?
O ponto fundamental nesta questão não é a falta de uma orquestra sinfónica em Lisboa. Talvez faça falta mais uma. O problema é a qualidade, e sem investir no que já existe a qualidade nunca aparecerá. Será sempre necessário destruir ou menorizar o que já existe para recomeçar sempre tudo de novo? Criar outra orquestra sinfónica a partir da Metropolitana é uma fuga para a frente, com uma base errada. Mais uma orquestra à Cassuto, a ensair em locais miseráveis, sem condições de trabalho, com meios muito reduzidos, com a incorporação de músicos sem concurso, de despedimentos sumários. Nunca será uma orquestra sinfónica coesa e de qualidade. Os ensaios da OSP no início da sua formação, em teatros esburacados no Parque Mayer, debaixo dos pombos ao frio e à chuva são bom exemplo do que Cassuto consegue suportar e fazer suportar aos seus músicos... para chegar onde?
Vejamos a OSP: falta edificar uma sede digna para albergar uma Orquestra Sinfónica Nacional que já existe no Porto. A Orquestra Nacional desta cidade tem uma sede digna e um director estável, tem subido paulatinamente e atingido uma estabilidade artística de realce, sem os altos e baixos da OSP. Uma sede para uma orquestra é o que primeiro se faria em qualquer país civilizado. Um primeiríssimo passo que deveria ter sido dado com a fundação da mesma. Cassuto conseguiu ter a sua orquestra quando o amigo Santana Lopes era secretário de Estado, mas atingido este objectivo pessoal não conseguiu mais nada da, e para, a OSP. Tantos anos depois a OSP continua a ensaiar em muito más condições...
Porquê falar ainda e sempre deste assunto? A OSP poderia, e deveria, ser um dos centros da vida musical no país e não é, apesar do esforço e da qualidade de muitos dos seus membros. É uma questão de investimento e de filosofia. Pelos custos enormes que tem para o país sem o retorno mínimo exigível. Porque custou, e vai custar no futuro, milhões de contos (dezenas de milhões de euros) aos cidadãos, sendo de todos nós. A OSP é uma peça fundamental para uma política cultural coerente, totalmente negligenciada pelo poder político. Lisboa não tem um auditório grande para concertos sinfónicos (o Coliseu é péssimo para concertos) salas que existem em países como a Holanda e a Áustria há mais de cem anos...
A Aula Magna da Reitoria da Universidade Clássica poderia ser essa sala, a título provisório, mas é desconfortavel, está decadente e não pertence ao Ministério da Cultura.
Cassuto tem qualidades, é talvez o único com meios e conhecimentos, consensos, para suster a crise da Metropolitana. Musicalmente tem altos e baixos. Numa situação de emergência é útil, mas os seus defeitos revelam-se a longo prazo...
Santana vai voltar para Presidente da Câmara de Lisboa, o cancro continua aí, o tão propalado final da carreira política de Santana Lopes é apenas um sonho de gente idealista e bem intencionada. Santana vai arrastar-se ao sabor do populismo e vai continuar a fazer estragos, tal como Alberto João Jardim, mas sem uma ilha... Santana Lopes será mais um, continuará a ir à televisão e a escrever na "A Bola" ou noutro jornal desportivo...
O reconhecimento do então Presidente da Câmara Municipal de Lisboa (Pedro Santana Lopes) da falta de uma grande orquestra sinfónica em Lisboa deu a oportunidade à OML de assumir essa missão através de um gradual e progressivo crescimento do formato clássico para a dimensão sinfónica durante os próximos cinco anos.
Será que Santana se esqueceu da Orquestra Sinfónica Portuguesa? Será que o musicólogo Santana, que é um dos raros privilegiados do mundo a conhecer os concertos para violino de Chopin, sabe o que é uma orquestra sinfónica? Como se faz? Como se chega lá? Quantos anos são necessários?
O ponto fundamental nesta questão não é a falta de uma orquestra sinfónica em Lisboa. Talvez faça falta mais uma. O problema é a qualidade, e sem investir no que já existe a qualidade nunca aparecerá. Será sempre necessário destruir ou menorizar o que já existe para recomeçar sempre tudo de novo? Criar outra orquestra sinfónica a partir da Metropolitana é uma fuga para a frente, com uma base errada. Mais uma orquestra à Cassuto, a ensair em locais miseráveis, sem condições de trabalho, com meios muito reduzidos, com a incorporação de músicos sem concurso, de despedimentos sumários. Nunca será uma orquestra sinfónica coesa e de qualidade. Os ensaios da OSP no início da sua formação, em teatros esburacados no Parque Mayer, debaixo dos pombos ao frio e à chuva são bom exemplo do que Cassuto consegue suportar e fazer suportar aos seus músicos... para chegar onde?
Vejamos a OSP: falta edificar uma sede digna para albergar uma Orquestra Sinfónica Nacional que já existe no Porto. A Orquestra Nacional desta cidade tem uma sede digna e um director estável, tem subido paulatinamente e atingido uma estabilidade artística de realce, sem os altos e baixos da OSP. Uma sede para uma orquestra é o que primeiro se faria em qualquer país civilizado. Um primeiríssimo passo que deveria ter sido dado com a fundação da mesma. Cassuto conseguiu ter a sua orquestra quando o amigo Santana Lopes era secretário de Estado, mas atingido este objectivo pessoal não conseguiu mais nada da, e para, a OSP. Tantos anos depois a OSP continua a ensaiar em muito más condições...
Porquê falar ainda e sempre deste assunto? A OSP poderia, e deveria, ser um dos centros da vida musical no país e não é, apesar do esforço e da qualidade de muitos dos seus membros. É uma questão de investimento e de filosofia. Pelos custos enormes que tem para o país sem o retorno mínimo exigível. Porque custou, e vai custar no futuro, milhões de contos (dezenas de milhões de euros) aos cidadãos, sendo de todos nós. A OSP é uma peça fundamental para uma política cultural coerente, totalmente negligenciada pelo poder político. Lisboa não tem um auditório grande para concertos sinfónicos (o Coliseu é péssimo para concertos) salas que existem em países como a Holanda e a Áustria há mais de cem anos...
A Aula Magna da Reitoria da Universidade Clássica poderia ser essa sala, a título provisório, mas é desconfortavel, está decadente e não pertence ao Ministério da Cultura.
Cassuto tem qualidades, é talvez o único com meios e conhecimentos, consensos, para suster a crise da Metropolitana. Musicalmente tem altos e baixos. Numa situação de emergência é útil, mas os seus defeitos revelam-se a longo prazo...
Santana vai voltar para Presidente da Câmara de Lisboa, o cancro continua aí, o tão propalado final da carreira política de Santana Lopes é apenas um sonho de gente idealista e bem intencionada. Santana vai arrastar-se ao sabor do populismo e vai continuar a fazer estragos, tal como Alberto João Jardim, mas sem uma ilha... Santana Lopes será mais um, continuará a ir à televisão e a escrever na "A Bola" ou noutro jornal desportivo...
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