18.2.05
O voo dos flamingos
Campanha. Depois desta campanha eleitoral que perpassou sussurrante nevoenta e errante, cá estamos para uma avaliação final.
A cultura não existe para os líderes dos partidos concorrentes, a educação é um chavão que se usa sem se concretizar e sem se investir, o inglês é muito bonito, mas o português? A matemática? E o resto? A justiça e a sua crise? Nada, bem diz o bastonário no Expresso, que saiu hoje por causa das sondagens.
Ideologia? Já não se vislumbra, apenas um resquício. Em Louçã continua o moralismo habitual, crispado e intolerante, em Jerónimo o monolitismo simpático do homem honesto e simples, mas apesar de tudo ancorado numa visão filosófica do mundo que parece perdida num tempo distante e ainda menos sussurrante nos meus ouvidos que esta campanha de figurões sem história, sem ideias e sem currículos. De gente de aparelhos e de esquemas. Enfim uma campanha que parece um desfile de cabeçudos de feira que, infelizmente, nos vão (des)governar nos próximos anos. O povo que escolha o cabeçudo mais airoso. O gigantone que vai ganhar é pessoa que apesar do figurino italiano não consigo descolar da imagem pinóquia e provinciana de um boneco articulado de madeira e de nariz sempre em risco de crescer... Ao seu lado, como imagem desta campanha, figurará Paulo Portas, um grande actor, ajoelhado num velório de uma freira triste, morta demasiado tarde num país da qual não é, nem nunca será, Alma, como tão bem disse o D. Januário. Lúcia morreu demasiado tarde, duzentos anos tarde...
Enfim, a escolha já não recai sobre as ideologias, os blocos centrais disfarçam e escondem as suas origens. A escolha recai sobre quem parece mais honesto. Recai não sobre quem tem melhores ideias e capacidade mas sobre quem merece mais confiança na compra de um automóvel usado. E com isto fica quase tudo dito.
Outra questão de campanha é o Freeport ser ou não ser crime. Para mim é apenas um aspecto formal que se esconde por detrás de uma teia de nevoeiro legal que obscurece a mais crua realidade: o Freeport no local onde está construído é pior que um crime, é uma bomba atómica ambiental. Quem o deixou construir não merece a minha confiança para nada. O crime do ponto de vista formal não me interessa, o crime é ecológico, é político. Uma grande empresa consegue sempre o que quer, neste caso do PS, no local que quer. Uma câmara PS e um ministério PS autorizaram, provavelmente ao abrigo de leis e regulamentos convenientes para todos e na maior legalidade formal. A margem do rio fica talhada e poluída, os flamingos que vão para outro lado... E o mundo mais pequeno.
Eu espero que o PS não consiga a maioria absoluta. O único absoluto que desejo ao PS, já existe... é Sócrates: um absoluto vazio. por outro lado o PS já demonstrou ser um partido que cultiva a absoluta cobardia política. Como se provou com Guterres e nesta campanha. Sempre sem se comprometer e sem ideias o poder interessa, apenas, pelo poder. Para partilhar com os amigos e construir um país de Freeports em margens de rios, junto dos flamingos que na maior legalidade vão para longe, sem hipótese de poderem interpor uma providência cautelar, em regime absoluto de legalidade e na maioria mais silenciosa, mais silenciosa que a do Spínola.
De Santana Lopes e desta coligação já foi tudo dito, não vale a pena bater mais no ceguinho.
A bem de Portugal no próximo dia 20 vou votar em Marc-Antoine Charpentier, consciente, pelo Voo dos Flamingos...
A cultura não existe para os líderes dos partidos concorrentes, a educação é um chavão que se usa sem se concretizar e sem se investir, o inglês é muito bonito, mas o português? A matemática? E o resto? A justiça e a sua crise? Nada, bem diz o bastonário no Expresso, que saiu hoje por causa das sondagens.
Ideologia? Já não se vislumbra, apenas um resquício. Em Louçã continua o moralismo habitual, crispado e intolerante, em Jerónimo o monolitismo simpático do homem honesto e simples, mas apesar de tudo ancorado numa visão filosófica do mundo que parece perdida num tempo distante e ainda menos sussurrante nos meus ouvidos que esta campanha de figurões sem história, sem ideias e sem currículos. De gente de aparelhos e de esquemas. Enfim uma campanha que parece um desfile de cabeçudos de feira que, infelizmente, nos vão (des)governar nos próximos anos. O povo que escolha o cabeçudo mais airoso. O gigantone que vai ganhar é pessoa que apesar do figurino italiano não consigo descolar da imagem pinóquia e provinciana de um boneco articulado de madeira e de nariz sempre em risco de crescer... Ao seu lado, como imagem desta campanha, figurará Paulo Portas, um grande actor, ajoelhado num velório de uma freira triste, morta demasiado tarde num país da qual não é, nem nunca será, Alma, como tão bem disse o D. Januário. Lúcia morreu demasiado tarde, duzentos anos tarde...
Enfim, a escolha já não recai sobre as ideologias, os blocos centrais disfarçam e escondem as suas origens. A escolha recai sobre quem parece mais honesto. Recai não sobre quem tem melhores ideias e capacidade mas sobre quem merece mais confiança na compra de um automóvel usado. E com isto fica quase tudo dito.
Outra questão de campanha é o Freeport ser ou não ser crime. Para mim é apenas um aspecto formal que se esconde por detrás de uma teia de nevoeiro legal que obscurece a mais crua realidade: o Freeport no local onde está construído é pior que um crime, é uma bomba atómica ambiental. Quem o deixou construir não merece a minha confiança para nada. O crime do ponto de vista formal não me interessa, o crime é ecológico, é político. Uma grande empresa consegue sempre o que quer, neste caso do PS, no local que quer. Uma câmara PS e um ministério PS autorizaram, provavelmente ao abrigo de leis e regulamentos convenientes para todos e na maior legalidade formal. A margem do rio fica talhada e poluída, os flamingos que vão para outro lado... E o mundo mais pequeno.
Eu espero que o PS não consiga a maioria absoluta. O único absoluto que desejo ao PS, já existe... é Sócrates: um absoluto vazio. por outro lado o PS já demonstrou ser um partido que cultiva a absoluta cobardia política. Como se provou com Guterres e nesta campanha. Sempre sem se comprometer e sem ideias o poder interessa, apenas, pelo poder. Para partilhar com os amigos e construir um país de Freeports em margens de rios, junto dos flamingos que na maior legalidade vão para longe, sem hipótese de poderem interpor uma providência cautelar, em regime absoluto de legalidade e na maioria mais silenciosa, mais silenciosa que a do Spínola.
De Santana Lopes e desta coligação já foi tudo dito, não vale a pena bater mais no ceguinho.
A bem de Portugal no próximo dia 20 vou votar em Marc-Antoine Charpentier, consciente, pelo Voo dos Flamingos...
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